A percepção do surgimento de uma nova economia é fator relevante para se compreender o atual cenário onde estão inseridas as organizações. Trata-se de uma economia que tem como características principais a mudança e a incerteza, circunstância em que, à medida que as organizações desenvolvem habilidade para adquirir, interpretar e disponibilizar informação, incrementam sua competitividade.
Considerando esse contexto, este artigo é um convite à reflexão sobre a aprendizagem ocorrida entre os integrantes das organizações não governamentais – ONG’s, como estratégia de desenvolvimento organizacional.
Entende-se por aprendizagem organizacional o que Peter Senge, conceitua como a habilidade que uma organização desenvolve para aumentar sua capacidade através da experiência ganha por seguir uma trilha ou disciplina. Para o autor, as organizações que aprendem são mais flexíveis, adaptáveis e mais competitivas, na medida em que aprendem mais rápido que os seus concorrentes.
Nesse sentido, é válido associar os conceitos de aprendizagem e desenvolvimento organizacional, conceituado pelos estudiosos Lawrence e Lorsch como o processo de transformar a organização do seu estado corrente para um estado melhor desenvolvido, partindo-se da observação da aprendizagem que ocorre nas equipes de trabalho das organizações não governamentais.
Ampliando as considerações sobre o cenário de instabilidade que abriga as organizações e visando compreender de que modo se processou a emergência do terceiro setor, é válido citar, ainda que de modo superficial, as explicações fornecidas por David Harvey, no livro Condição Pós-moderna (1996), que compara a rigidez do longo período de expansão pós-guerra, chamado de fordista-kneysiano e que se estendeu de 1945 a 1973, às transformações do capitalismo atual, adotando a hipótese de uma transição do fordismo para o que poderia ser chamado de acumulação flexível.
Essa transição teria sido estimulada pelo colapso do sistema fordista-kneysiano, pressionado pela forte concorrência econômica mundial. Assim, a combinação da rigidez do estado do bem-estar social, o Welfare State que provia a população de serviços de saúde, moradia, educação, por exemplo, associada à administração econômica kneysiana e do controle das relações de trabalho não foi capaz de conter o colapso do referido sistema.
Considerando essas circunstâncias, o Estado teve que assumir novos papéis. O Estado do bem-estar social, assim, passou a ser mais flexível à privatização das necessidades coletivas e da seguridade social. Observa-se, assim, um alargamento da esfera de atuação da sociedade civil, expressa na emergência do que se chama terceiro setor, que denota um conjunto de organizações e iniciativas privadas que visam a produção de bens e serviços públicos. É o terceiro setor que estimula a transformação das relações entre o Estado e o mercado pela presença desta terceira figura: as associações voluntárias.
No que tange à influência das rápidas transformações do cenário capitalista nas organizações constata-se que foram convidadas, de modo imperativo, a compreender a informação como elemento indispensável de vantagem competitiva.
Verifica-se, desse modo, que as transformações nos papéis do estado-providência proposto pelo fordismo-kneysianismo acabaram por estimular a emergência do terceiro setor, registrando-se, em paralelo, a necessidade de as organizações desenvolverem estratégias competitivas voltadas para a aprendizagem para adaptarem-se continuamente a um cenário em constante transformação,
Para se constituir em um ambiente de aprendizagem, então, as ONG’s precisam desenvolver junto às suas equipes de trabalho, uma cultura que estimule a criatividade, a iniciativa, o risco, a inovação e, conseqüentemente, a aprendizagem. Desse modo, pensar em organizações de aprendizagem, apenas acreditando que a forma de se transmitir conhecimento para os indivíduos é em ambientes de treinamento, salas de aula ou quaisquer outras circunstâncias onde o aprendizado é viabilizado formalmente pela interação entre emissor (aquele que detém o conhecimento) e receptor (aquele que irá aprender) é um equívoco.
Deve-se destacar, portanto que os termos terceiro setor e aprendizagem organizacional possuem uma relação saudável, do tipo “ganha-ganha”, porque, ao se constituir um ambiente de aprendizagem, isto é, uma learning organization, a organização pertencente ao terceiro setor amplia de modo significativo sua relevância social, sobretudo por valer-se da gestão profissional, técnica e planejada e orçamentada e dos aprendizados agregados ao longo da sua existência, para atingir resultados concretos junto à comunidade alvo das iniciativas propostas.
GESTÃO AMADORA, TERCEIRO SECTOR
É esta a primeira reflexão que surge no blogue sobre marketing e gestão de organizações não-lucrativas, criado por Charles Bulhões. No Brasil, cá e noutros sítios, o problema é comum: «O grande desafio hoje, dentro do ambiente volátil e competitivo que o terceiro sector está se tornando, é gerir seus agentes de forma profissional. Uma vez que quase todos eles surgem do amadorismo (ideológico) social, totalmente carente de mecanismo e ferramentas de gestão organizacional. A evolução do terceiro sector deu-se, pela falência das políticas públicas que propiciou um enorme lacuna social que vem sendo preenchida por organizações de esfera heterogênia de estrutura organizacional, muitas vezes denominadas de Non-profits. Outro factor propulsor são as acções de responsabilidade social, onde as organizações dos outros dois sectores desenvolvem patrocínio as acções desenvolvidas pelos agentes do terceiro sector. Por motivos como os citados acima questiono se há espaço ainda para práticas de gestão amadora dentro do terceiro sector actual, dentro dessa hiper-concorrência e oportunidade?
BLOG MARKETING & GESTÃO NON-PROFITS
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