Estratégia de Jogo

Vi recentemente um jogo para PC, daqueles muito simples graficamente, e que, ao invés da destreza manual, requer agilidade mental. O jogo tem três modos. O tabuleiro de jogo e as peças são exactamente iguais em cada um dos modos. O que varia é as regras de pontuação. Enquanto num o objectivo é eliminar o maior número de peças, noutro é importante eliminá-las em grupos tão grandes quanto possível, enquanto que no modo contra o computador o número de peças eliminado simultaneamente tem de ir aumentando de jogada para jogada. Os detalhes não são importantes, o que interessa frisar é que, dependendo do modo escolhido, a estratégia de jogo tem de ser diferente.

Transpunhamos isto para o cenário organizacional. Cada organização tem (ou deveria ter!) uma estratégia, peças que pode jogar na perseguição dessa estratégia, e um espaço onde se movimenta. O espaço de actuação de uma organização é composto pelas organizações concorrentes, os seus clientes, os clientes que pretende conquistar, os seus parceiros, e outras organizações que, de alguma forma, influenciam a sua actividade. Com a Internet, este espaço foi alargado e não respeita fronteiras geográficas.

As peças do jogo que as organizações podem usar são o seu passado, o seu capital, a sua imagem, os seus produtos e serviços, os seus colaboradores, e o seu conhecimento.

Tal como no jogo as peças são movidas de acordo com a estratégia (delineada em face da visão), também nas organizações as peças devem ser usadas de acordo com a estratégia. Se uma organização quer alargar o seu espaço, alargando o número de possíveis clientes, pode fazer sentido criar parcerias. Se uma organização já for muito conhecida no espaço que escolheu, talvez não seja necessário investir em marketing. Se uma organização deseja movimentar-se para um espaço diferente, é natural que precise formar os seus colaboradores.

Nada disto é novidade, contudo as organizações parecem esquecer-se que o conhecimento é também uma peça cuja movimentação deve ser cuidadosamente analisada e gerida. Esta movimentação deve estar totalmente alinhada com a estratégia da organização. O conhecimento que uma organização tem de adquirir, o conhecimento que deve criar e que deve guardar, tem de estar relacionado com a táctica do jogo. E isso, muitas vezes, não acontece.

Para além de tudo isto, o inverso é também verdade. Na altura de delinear a sua estratégia, uma organização deve olhar para os seus colaboradores, para o espaço onde se move, para o capital que detém, para os clientes que tem e que pensa vir a ter, e para o conhecimento que possui. Só com isto em mente poderá a organização definir uma estratégia sensata com objectivos atingíveis.

E engraçado como todos reconhecem a necessidade da gestão financeira, da gestão de recursos humanos, da gestão de relações exteriores, e poucos parecem admitir a importância da gestão de conhecimento.

No que um simples jogo nos faz pensar…

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