Mobilização do Saber

“Algumas pessoas não se tornam pensadores, simplesmente porque a sua capacidade de memorização é demasiado boa” – Frederic Nietzsche

A Mobilização do Saber tem tido, enquanto disciplina de gestão, uma grande atenção expressa em numerosos livros, inúmeras conferências e uma ampla e diversificada oferta de revistas. Um cada vez maior número de empresas colocou na agenda de realizações prioritárias no curto prazo o tema da Mobilização do Saber.

Das muitas definições que se produziram na literatura da especialidade, a Fujitsu Services tem, provavelmente resultado dos seus largos anos de experiência, um conceito a que chamou de Mobilização do Saber e que se pode exprimir como um convite e um incentivo aos colaboradores de uma qualquer empresa para desenvolverem e partilharem o Saber com o propósito permanente da sua incorporação no desempenho individual afim de aumentarem objectivamente os seus níveis de produtividade.

A Mobilização do Saber não deve ser uma actividade separada ou discreta no seio de uma empresa, mas uma acção que se situa no centro de cada função das empresas, devendo ser considerada como uma forma de trazer benefícios adicionais para suportar as estratégias de negócio ou melhorar as já existentes.

Em resultado da experiência concreta da Fujitsu Services em projectos de Mobilização do Saber num universo alargado de empresas, foi possível identificar duas escolas distintas, resultado de dois tipos de organização empresariais.

A Organização Hierarquizada, cuja compreensão é facilmente conseguida através do estudo e análise dos processos de funcionamento, é herdeira de uma tradição Taylorista de gestão científica. Essas empresas, clientes tradicionais das grandes Consultoras nos últimos 30 anos, ajudaram a produzir receitas replicáveis noutras organizações dada a reutilização extensiva dos modelos.

A Mobilização do Saber nessas empresas fez-se, depois de passados os tempos de alguma euforia e em muitos casos frustração resultantes da reengenharia de processos, dando grande ênfase à recolha e partilha de Saber explícito. A digitalização e classificação de manuais de procedimentos, códigos e regras de conduta, catálogos e toda uma parafernália de documentos passaram a residir nos servidores das redes internas, com acesso generalizado de consulta.

O outro tipo de empresas, as chamadas organizações em Rede, são constituídas por múltiplas e interdependentes unidades, e encontram-se melhor preparadas, comparativamente com as estruturas hierarquizadas, para lidar com a incerteza e a mudança. Elas apresentam uma enorme flexibilidade e rápida reacção aos estímulos externos.

Para sobreviver nestes ambientes de continuadas alterações e incerteza e responder com eficácia no mercado envolvente, tornou-se obrigatório, para estas empresas, a instalação de sistemas ambiciosos de Mobilização do Saber, reconhecendo como de fundamental importância uma adequada gestão do Capital Intelectual existente.

Enquanto o saber explícito foi nas organizações hierarquizadas sabiamente tratado e disponibilizado satisfazendo a grande maioria dos objectivos pretendidos, nas organizações em rede, o saber tácito residente de forma informal em comunidades profissionais internas, passou a ser o elemento fundamental de gestão nos projectos de Mobilização do Saber.

A gestão do Capital Intelectual tem como atributo fundamental o reconhecimento da existência de comunidades profissionais nas organizações. O conceito de comunidade é simples: trata-se de profissionais que se organizam formal ou informalmente em grupos e que partilham competências, experiências e conhecimentos entre si.

Na realidade a utilização do Saber tácito, ou seja a sua criação e partilha, só é possível através de estímulos específicos e do desenvolvimento de processos organizativos e de infra-estruturas tecnológicas que disponibilizem às comunidades profissionais o ambiente adequado à Mobilização do Saber.

Referências:

Nonaka, I. e Takeuchi, H. The Knowledge Creating Company. Oxford University Press, USA, 1995.

Snowden, D. Liberating Knowledge. Institute of Knowledge Management, EMEA-IBM.

Stewart, T.A. Intellectual Capital: The new wealth of organizations. Currency/Doubleday, 1997.

Leave a reply