Desde que a Internet se tornou uma ferramenta do trabalho cotidiano, muitas transformações ocorreram nas dinâmicas de produção, compartilhamento e disponibilidade do conhecimento nas empresas. A facilidade de comunicação instantânea e as possibilidades de trabalho em grupo nunca antes experimentado, trouxeram para o ambiente organizacional novas possibilidades através da exploração do conhecimento criado através dessas interações. A Xerox por exemplo foi pioneira na criação de comunidades de prática baseadas em tecnologia web. Dessa experiência a empresa não somente ganhou em produtividade, melhor administração de sua base de conhecimento, redução de custos, mas também produziu produtos de software através do know-how adquirido.
As implicações dessa nova dinâmica fizeram com que empresas procurassem progressivamente metodologias como a Gestão do Conhecimento que também foi em boa parte impulsionada pelos novos recursos de software, hardware e comunicações emergidos durante o “boom” da grande rede. Porém ainda não temos a “A SOLUÇÃO” de GC por inúmeros fatores dentre os quais poderíamos salientar o “distanciamento das pessoas” de tecnologias que são criadas para elas, mas não por elas.
Eis que novamente na Web surge algo novo, baseado em um “velho conceito” que pode revolucionar não só a Gestão do Conhecimento mas também o jornalismo, relações públicas, o relacionamento empresa-cliente, a educação a mídia em geral. Seu nome: BLOG.
Os Blogs – nome originado de Weblog que eram arquivos onde se registravam atividades de sistemas de computação – é uma ferramenta de publicação online de fácil utilização, onde qualquer pessoa através de um browser ou programa específico publica na Internet textos, poemas, insights e registros de seu aprendizado diário. Esses são apresentados em ordem cronológica inversa, classificados em temas, assinados, com data de publicação, hora, etc. semelhante a um diário.
À primeira vista parece mais um “hype” da Internet, porém basta pesquisar a rede para constatar que mais do que uma ferramenta os Blogs constituem um novo modo de se “publicar” ou “explicitar”, o conhecimento tácito. Alguns futurólogos dizem que ele são para a Internet o que a prensa de Gutemberg foi para a humanidade. Exageros à parte, é certo que o fenômeno Blog não deve ser ignorado.
Em todo mundo estima-se que existam mais de 1 milhão de blogs. Empresas como The New York Times e MSNBC adotaram a tecnologia para publicar notícias com um toque mais informal. A Macromedia também utiliza os blogs para se relacionar com os clientes. O Google utiliza ferramenta semelhante aos Blogs em sua Intranet para incentivar os processos criativos e inovações. Universidades como a famosa Kellog University estão ministrando cursos na disciplina de jornalismo onde os blogs são o assunto principal. Mais do que uma simples ferramenta os blogs encarnam o que Cristopher Locke prediz no Manifesto Cluetrain (http://www.cluetrain.com) “o ressurgimento das vozes”.
Mas para aqueles que não conhecem de perto os blogs a pergunta recorrente é “mas qual a vantagem adicional que essa tecnologia pode oferecer?”. A pergunta é oportuna, visto que muitas outras tecnologias tidas como “as soluções” desapareceram tão rápido como um dia encantaram os incautos e críticos do setor de tecnologia. A resposta é simples: “liberdade de expressão, ausência de regras, voz humana”. Os blogs são a expressão de seu dono ou “publisher“. A liberdade de publicar o que se pensa, de conversar com o mundo, de compartilhar o que se aprende é o grande diferencial em relação aos softwares existentes nas Intranets organizacionais. A ausência de filtros, do poder e controle, a livre expressão dá aos blogs o que há de mais humano e faz da “tecnologia” apenas um meio, assim como o telefone e outras tecnologias. O relevante é a possibilidade de interação, de promoção de conversações vivas, de integração entre inteligências e colaboração entre pessoas. O blog acaba sendo não só um meio de comunicação para com outras pessoas mas uma ferramenta para a gestão do conhecimento pessoal através de uma mídia que pode evoluir rumo à concretização do conceito de Inteligência Coletiva (Pierre Lévy).
Finalizando, o Blog não é “a ferramenta definitiva” mas da sua utilização e aperfeiçoamento de seu conceito de publicação simples, fácil e humana, poderão surgir as próximas gerações de tecnologias à serviço da GC.