Prática Reflexiva e/ou Comunidade de Prática?: os Congressos Portugueses de Informática

Ao longo de toda a década de oitenta, pode dizer-se que a prática dos analistas e programadores e de outros técnicos de informática, a que se juntavam muitos utilizadores de informática, conduziu à organização espontânea, dum sistema de “Reflexão sobre a Prática” (Schön, 1988), que se corporificou nos Congressos Portugueses de Informática.

Não se tratou apenas de proceder a “troca de experiências”, entendida duma forma empirista. Para poder melhorar a sua eficácia, a comunidade de prática (Wenger, 1998) constituída por técnicos de informática, técnicos de organização, gestores e utilizadores que intervinham na “Informática de Gestão” ou, como passou a dizer-se, nos “Sistemas de Informação”, sentiu a necessidade de procurar referências ou trabalhos teóricos internacionais, e ela própria desenvolveu conceitos e metodologias originais. É neste contexto que nos propomos relatar um período particularmente rico da informática em Portugal, interpretando-o à luz dos conceitos de Prática Reflexiva (Schön, 1988) e de Comunidades de Prática (Wenger, 1998).

1. Introdução

Propomo-nos analisar os Sistemas de Informação em Portugal na década de oitenta, à luz de determinados conceitos. E fazemo-lo, numa tentativa de colocar a “história ao serviço da gestão e das organizações”, correndo o risco de omitir outros aspectos relevantes desse mesmo período.

Importa pois precisar o foco de análise desse período e em especial dos Congressos Portugueses de Informática (CPI). Nesta comunicação apresenta-se a interpretação do “movimento” geral impulsionado pelos CPI e, em particular, o que decorreu em torno dos seguintes temas:

  • Metodologias de Arquitectura e Planeamento de Sistemas de Informação;
  • Metodologias de Análise e Desenvolvimento de Sistemas de Informação;
  • Concepção e Gestão de Projectos Informáticos.

Começamos por enunciar os conceitos de referência, enquadrando a Prática Reflexiva de Schön na classe de metodologias de Action Research. Completamos o quadro conceptual em que nos movemos, apresentando o conceito de Comunidades de Prática de Wenger. De seguida, procedemos à descrição e análise dos CPI à luz dos conceitos expostos. Finalmente, terminamos a presente comunicação com um conjunto de reflexões em torno das seguintes questões:

  • Será legítimo denominar a prática dos participantes nos CPI, ou pelo menos de alguns, de Prática Reflexiva?
  • Será que a dinâmica da comunidade interessada em torno dos CPI pode ser denominada de uma Comunidade de Prática?

1. Prática Reflexiva e Investigação Reflexiva

A Prática Reflexiva insere-se no quadro de Metodologias Qualitativas, como uma variante da Action Research, sendo que os trabalhos de Argyris e Schön (1974; 1985) precisam as características principais dessa classe de metodologias.

O desenvolvimento dessas metodologias efectuado por Schön, com o nome de “Prática Reflexiva” (Reflective Practice) e “Investigação Reflexiva” (Reflective Research) têm também uma importância significativa (Schön, 1983, 1987).

Schön mostrou que quando se observa um profissional a exercer as suas actividades profissionais, quer se trate de medicina, engenharia, arquitectura, psicoterapia ou gestão (ou consultoria de gestão) os respectivos profissionais (ou practitioners) revelam um “conhecimento em acção”, um “know-how”, que é em geral tácito, e que transcende aquilo que eles pensam que sabem e podem explicitar. É precisamente esse conhecimento tácito que caracteriza aqueles profissionais de quem se diz que têm maestria profissional ou exercem a sua profissão como “artistas” (professional artistry).

Em geral, esses profissionais não conseguem verbalizar e tornar explícitos os conhecimentos tácitos que lhes permitem atingir esse nível de competência superior.

Schön prova que esses profissionais evidenciam uma capacidade de “Reflexão na Prática” (Reflective Practice) que é de dois tipos:

  • por um lado, uma “Reflexão em acção” (Reflection-in-Action) que se manifesta no decurso da própria acção, através da aplicação de referenciais e experiências anteriores e de um “diálogo com a situação”;
  • por outro lado, uma “Reflexão sobre a acção” (Reflection-on-Action) em que reflectem (individual ou colectivamente) sobre as acções passadas e os projectos anteriores, no sentido de retirarem lições que lhes permitam melhorar a sua prática profissional subsequente.

Schön sustenta que os profissionais podem aliás melhorar as suas competências através da reflexão, procurando explicitar as competências tácitas que revelam na acção. Sustenta também que essa reflexão permitirá conceber uma forma radicalmente nova de encarar o ensino profissional adequando-o melhor às necessidades da prática (Schön, 1987). Schön mostrou que a epistemologia da racionalidade técnica se aplica principalmente quando se conhecem os fins e os problemas estão bem definidos, tratando-se apenas de utilizar técnicas para a sua resolução (problem solving). No entanto, na generalidade, os profissionais têm de enfrentar problemas que não estão bem definidos, que constituem messies, pelo que a primeira actividade tem de ser a de definir o problema (problem setting).

Ora Schön sustenta também que essa actividade de problem setting ou problem framing é em muitos aspectos análoga à que é exercida na investigação científica, não tanto quando o investigador se encontra a fazer o que Kuhn designa por ciência normal e caracteriza como uma resolução de puzzles no quadro de um paradigma já definido, mas principalmente quando está a desenvolver actividades que conduzirão a uma mudança de paradigma (Kuhn, 1962). Nessas condições não se trata apenas de fazer problem solving no quadro de um paradigma definido, mas de recolher elementos e fazer observações que permitam fazer o setting ou framing de um novo problema – até aí não considerado – que depois se tratará de analisar tecnicamente.

Em consequência, Schön defende que a prática reflexiva dos profissionais se pode alargar através da definição de programas de Investigação Reflexiva, de entre os quais destaca quatro (Schön, 1992, pp. 304 e sgs):

  • Frame Analysis – onde se analisa a forma como os profissionais fazem o framing e reframing dos problemas, ao mesmo tempo que intervêm sobre a situação de partida, através da intervenção e de um consenso reflexivo sobre a situação;
  • Repertoire Building Research – identificando modelos e respostas dadas a certas situações e que possam ser aplicadas, eventualmente com alterações, a outras situações ou âmbitos;
  • Research of fundamental methods of inquiring and overarching theories – teorias de amplo espectro que condicionam todas as práticas;
  • Research on the process of Reflection-in-Action.

2. Comunidades de Prática

Para Wenger (1998) as Comunidades de Prática são grupos de pessoas que se juntam informalmente, partilham um empreendimento comum e tratam de temas específicos de uma forma apaixonada: consultores que se especializaram em mudança organizacional, investigadores envolvidos na descodificação do ADN, engenheiros envolvidos na perfuração de poços de petróleo ou técnicos duma determinada indústria ou serviço que têm um problema comum a resolver. Umas reúnem-se regularmente enquanto outras assentam as suas trocas em correio electrónico, podendo haver ou não agendas formalizadas de trabalho.

Em todas elas, poder-se-á constatar uma partilha de conhecimentos e experiência tendo em vista a resolução criativa dos problemas identificados pela comunidade, ao promoverem novas abordagens. Existem comunidades de prática por toda a parte e todos nós pertencemos a um conjunto razoável de comunidades que se podem denominar de prática: na escola, no trabalho, em casa ou nos nossos tempos livres. Elas distinguem-se doutro tipo de grupos, nomeadamente dos grupos formais de trabalho, das equipas de projecto ou das redes informais pelas seguintes razões (Wenger, 1998):

  • Existem interesses, experiências e vivências que se pretendem partilhar, dum modo pouco formal e renegociado ao longo de diversos estágios em que se vai criando uma identidade social do grupo que permite a sua transformação em comunidade;
  • Discutem-se em comum soluções para problemas difíceis de resolver e esta capacidade adquirida e partilhada espelha-se nas actividades realizadas, através de rotinas, sensibilidades, vocabulário, estilos e artefactos, entre outros, que todos os membros desenvolvem e aplicam;
  • As pessoas são mobilizadas e dão valor pelo que poderão aprender e progredir em conjunto ao longo dos diversos estágios de desenvolvimento da comunidade e em torno de coisas que interessam a todos;
  • Como resultado, as práticas dos seus membros reflectem o entendimento do que é importante para a comunidade em cada momento;
  • Funcionam como sistemas auto-geridos que existem enquanto houver partilha de conhecimento, de interesses e de experiência num clima de aprendizagem;
  • A envolvente pode condicionar os seus membros, todavia estes têm um impacto e um papel de dinamizador e de influência, no meio em que se inserem, trazendo para a comunidade novos membros;
  • Num sentido mais profundo e segundo Wenger (1998) existem nestas comunidades processos de aquisição, acumulação e difusão do conhecimento e poder-se-á afirmar que o centro destas comunidades é, na prática o conhecimento;
  • Há espaço e tempo para as trocas e interpretação da informação, porque os membros têm uma compreensão partilhada, sabem o que é relevante e útil num determinado momento.

Por outro lado, Wenger (1998, p. 86) considera as Comunidades de Prática como o suporte duma história partilhada de aprendizagem desde que se verifiquem duas condições: envolvimento mútuo e partilha de aprendizagem significante. Propõe-nos, para tal, um nível de análise da aprendizagem que é o das Comunidades de Prática, partindo da noção de prática social e adoptando uma posição filosófica inspirada na noção de praxis. Isto implica encarar a aprendizagem como parte integral da prática social, sendo que essa mesma prática é gerada pelo “fazer” nas suas dimensões histórica e social e na capacidade de produzir a partir das acções, estrutura e significado. Neste sentido, as pessoas precisam de negociar o significado daquilo que fazem no seu dia a dia e fazem-no através de dois processos que formam uma dualidade fundamental para a experiência humana de significado e para a natureza da prática: a participação e a reificação (Wenger, 1998).

É neste contexto que o autor descreve uma comunidade de prática a partir de três dimensões: empreendimento comum, envolvimento mútuo e repositório de informação partilhada. A prática serve como fonte de coerência de uma comunidade e inclui linguagem, instrumentos, documentos, símbolos, procedimentos e regras que as próprias práticas tornam explícitas. E, ao contrário de Nonaka (1995), Wenger não vê qualquer utilidade em opor conhecimentos explícitos a tácitos, pois considera que as duas dimensões estão sempre presentes em todo o conhecimento. Também não opõe teoria a prática, argumentando que temos quadros de compreensão do mundo que orientam a nossa prática e mesmo que a prática produza teorias, elas continuam a ser uma prática: as coisas precisam de ser feitas, as relações estabelecidas, as situações interpretadas, os artefactos produzidos e os conflitos resolvidos (Wenger, 1998, p.49).

Uma prática não existe em abstracto, ela depende de pessoas envolvidas mutuamente em acções com significado partilhado, pressupondo uma relação de entreajuda, entre os participantes, que é necessária à partilha de conhecimentos sobre a prática. Quanto ao significado ele é fruto de negociações entre os membros da comunidade que se comprometeram em alcançar um determinado empreendimento comum. Este, por sua vez, é o resultado dum processo colectivo de permanente negociação que reflecte, segundo Wenger, a complexidade da dinâmica de envolvimento mútuo, criando, por sua

vez, relações de responsabilidade mútua entre as pessoas implicadas.

O repositório de informação partilhado apoia-se em interpretações que constituem pontos de referência, mantendo uma certa dose de ambiguidade necessária à negociação de novos significados. Os elementos do repositório são muito variados e podem incluir, nomeadamente, protótipos, rotinas, actividades, palavras, instrumentos, procedimentos, histórias, gestos, símbolos ou conceitos que a comunidade criou ou adoptou ao longo da sua existência e que se tornaram parte integrante da sua prática. Ou seja, esses elementos não têm coerência nem significado em si, mas sim pelo facto de pertencerem à prática duma comunidade que procura concretizar um empreendimento (Wenger, 1998).

As três dimensões atrás mencionadas (envolvimento mútuo, negociação partilhada e repositório de informação partilhada) pressupõem que haja uma efectiva relação entre as pessoas, laços de confiança entre elas e promoção da cooperação.

Para que uma comunidade de prática exista e perdure, há um conjunto de elementos que Wenger (1998, pp. 125-126) considera fundamentais. Destacam-se os seguintes:

Tempo e Espaço

  • Uma comunidade precisa de estar presente na vida dos seus membros e ser visível para eles;
  • Uma comunidade tem o seu ritmo de eventos e rituais que reforçam as suas relações e valores.

Participação

  • Os membros de uma comunidade precisam de inter-agir para construir a sua prática partilhada;
  • A participação deve ser fácil, na medida em que as comunidades competem com outras prioridades na vida dos seus membros.

Criação de Valor

  • No curto prazo, as comunidades desenvolvem-se a partir do valor que fornecem aos seus membros, logo cada interacção precisa de criar valor;
  • No longo prazo, como os seus membros se identificam com o empreendimento comum da comunidade, existe um compromisso com o seu desenvolvimento.

Conexões

  • Relações com o mundo ou com outras comunidades (reforça-se a necessidade de complementaridade e interacção entre local – comunidade – e global – meio ou outras comunidades, por exemplo).

Identidade

  • Pertencer a uma comunidade de prática implica parte da identidade de quem é competente;
  • As comunidades bem sucedidas têm uma identidade bem marcada que transita para a vida dos seus membros.

Sentimento de Pertença e Fronteiras

  • Interagindo com colegas, desenvolvendo amizades e construindo bases de confiança, o valor de pertença deixa de ser instrumental e passa a ser também pessoal;
  • As comunidades de prática possuem diversos níveis de participação e as fronteiras são complexas, daí a importância da participação de pessoas que estão na periferia.

Desenvolvimento da Comunidade

  • A maturação e integração da comunidade faz-se através de estágios de desenvolvimento das relações que são estabelecidas com o (e no) mundo;
  • A construção activa duma comunidade bem sucedida pressupõe, na maioria dos casos, uma pessoa ou núcleo que assume a responsabilidade pela sua evolução.

Por tudo isto, uma comunidade de prática é um óptimo canal para mover informação ou boas práticas não só porque retém o conhecimento duma forma viva e vivida como pela própria acção da comunidade em que ocorrem os processos de interacção social. É esta interacção que tem o poder de construir boas práticas e soluções inovadoras, através da prática e da identidade partilhada pelos seus membros, que a sociedade no seu todo irá beneficiar.

3. Os Congressos Portugueses de Informática (CPI)

De seguida procede-se a uma breve caracterização dos Congressos Portugueses de Informática, colocando-se a tónica nas áreas mencionadas na introdução: Metodologias de Arquitectura e Planeamento de Sistemas de Informação; Metodologias de Análise e Desenvolvimento de Sistemas de Informação; e Concepção e Gestão de Projectos.

Começa-se por fazer referência ao contexto em que surgiram, prossegue-se analisando-se as áreas acima mencionadas e finaliza-se com a análise das actividades decorridas no Instituto Nacional de Administração, no domínio da formação e das metodologias de das áreas referidas, que em nosso entender, foram complementares às desenvolvidas em torno dos CPI.

3.1. Pré-História dos CPI

Durante os anos sessenta várias empresas e organizações usavam o denominado “material clássico” (máquinas com programação externa) e tinham “serviços de mecanografia”.

No final dos anos sessenta, surgiram os primeiros computadores comerciais, com memória interna, programados em “linguagem máquina” ou nalgum tipo de linguagem “Assembler”. A utilização em escala significativa de computadores pelas organizações portuguesas começa no final dos anos sessenta, com o “Sistema 360” da IBM.

Como é evidente, não havia nessa época qualquer formação em Informática nas Universidades Portuguesas. O primeiro curso completo de Engenharia Informática foi lançado pela Universidade Nova de Lisboa no início dos anos oitenta e começou a gerar os primeiros licenciados no final dessa década.

Como consequência, a formação inicial dos programadores e outros técnicos de sistemas era feita principalmente pelas empresas fornecedoras de computadores, as quais davam formação aos seus técnicos e aos dos seus clientes. Essa formação era, ao longo de toda a década de sessenta, constituída exclusivamente por linguagens de programação, nomeadamente Assembler. O primeiro curso de “Análise de Sistemas” foi desenvolvido pela IBM para os seus clientes em 1970.

Durante a década de setenta, multiplicaram-se as aplicações informáticas nas organizações portuguesas. E se, em geral, se tratava apenas de aplicações convencionais (salários, facturação, contabilidade e controlo de stocks) logo no início dos anos 70 se desenvolviam aplicações sofisticadas de teleprocessamento, de que cabe destacar a aplicação de balcões do Banco Lisboa e Açores, a aplicação de “Check-in” (e cálculo do balanceamento dos aviões) da TAP e a aplicação de Bilhete de Identidade do Ministério da Justiça. Ao longo da década de setenta, multiplicaram-se as aplicações do mesmo tipo em várias empresas e serviços públicos. No final dessa década o grau de complexidade técnica e organizacional das aplicações e dos projectos, quer nas empresas, quer na Administração Pública, era já significativo.

Parece importante realçar aqui que estas diversas aplicações envolviam grande complexidade em ambas as vertentes que McFarlen (1983) considerava importantes para a análise de risco dos projectos informáticos:

  • Tratava-se em muitos casos, de aplicações on-line de teleprocessamento, desenvolvidas num momento em que o software de comunicações (muitas vezes, BTAM da IBM) era extremamente limitado e em que os conceitos de bases de dados não estavam ainda desenvolvidos – tratava-se portanto de complexidade significativa na vertente tecnico-computacional;
  • E também, em geral, de desenvolver aplicações que iam mudar radicalmente a estrutura das organizações e o funcionamento das empresas bem como dos serviços prestados ao público (as operações de balcão da banca, as “operações de terra” da transportadora aérea, as operações administrativas do bilhete de identidade,…), assuntos que os técnicos de informática não conheciam e onde portanto as metodologias de análise e de gestão de projectos e a participação dos utilizadores nas concepções sócio-organizativas da solução era crítica – logo, havia também uma complexidade significativa na vertente sócio-organizacional.

Urgia pois conhecer, aprofundar e discutir não apenas experiências, mas também referências, modelos e metodologias que permitissem intervir com eficácia numa realidade sócio-técnica multifacetada.

Essa situação, a que se somava, por um lado, a inexistência de formação universitária em informática nas Universidades e, por outro, a dependência dos clientes em relação aos fornecedores, levou a um conjunto de medidas para permitir que os profissionais de informática trocassem experiências, reflectissem sobre as mesmas e elaborassem e discutissem metodologias. A encabeçar esse processo encontrava-se, desde final dos anos setenta, a Associação Portuguesa de Informática – API (sucessora da antiga Associação Portuguesa de Mecanografia) que, entre 1980 e 1990, organizou bianualmente seis Congressos Portugueses de Informática (CPI).

Por outro lado, a falta de formação em informática na Administração Pública levou a que o Instituto Nacional de Administração (INA), criado em 1982 com a responsabilidade da formação da Administração Pública, tivesse desde o início uma área de formação em Sistemas de Informação. Logo nesse ano, criou-se no INA o primeiro curso de “Análise de Sistemas” e vários cursos de programação e, por outro lado, “Seminários para Dirigentes” em que se reflectia sobre as experiências de informatização das organizações, especialmente as da AP e das empresas públicas.

No que se segue, acompanha-se a história da evolução da informática em Portugal, durante os anos 80 e 90, nas áreas mencionadas, tal como ela se manifestava nos CPI e na formação realizada no INA, bem como em experiências práticas realizadas no país,

no que se refere às metodologias de intervenção.

Deve salientar-se que na história da informática em Portugal durante esse período outras instituições tiveram também um papel significativo, de que se mencionam, a título de exemplo, o LNEC e o INESC – no entanto, elas não serão referidas, quer porque não se tem delas conhecimento suficiente, quer porque não tiveram impacto significativo no desenvolvimento das metodologias nas áreas em análise.

3.2. Os Congressos Portugue ses de Informática

As três Áreas Temáticas do 1º Congresso, realizado em 1980, na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa, eram:

  • Área 1 – A Informática e os Utilizadores
  • Área 2 – Metodologias e Técnicas de Informática
  • Área 3 – Informática e Sociedade

Do ponto de vista do que se pretende analisar, parecem de destacar duas comunicações apresentadas por dois membros da Comissão Organizadora e da Sub-Comissão de Programa.

Na primeira focava-se “A Relação entre a Função Informática e a Organização em que se insere: uma Perspectiva e sua Aplicação Prática” (Marcelino, 1980) e reflectia-se sobre o papel da Informática nas Organizações, em particular na Administração Pública,

antecipando o conceito de Sistema de Informação.

Na segunda (Silva, 1980) reflectia-se sobre a gestão dos projectos informáticos e a forma de melhorar a participação dos gestores e utilizadores nos mesmos, antecipando

as elaborações posteriores sobre Sistemas de Informação e a importância da vertente sócio-organizacional dos projectos informáticos.

O 2º CPI, em 1982, orientou-se mais para as questões técnicas. As questões organizacionais voltaram no entanto ao centro das atenções no 3º CPI, em 1984, cujo tema era “Os Sistemas de Informação”. Do ponto de vista dos Sistemas de Informação, o 3º CPI foi mais importante pela qualidade da discussão e pelo facto de ter orientado toda a comunidade interessada em informática para a problemática dos Sistemas de Informação do que propriamente pelas comunicações apresentadas.

Os resultados deste enfoque fizeram-se sentir, principalmente, na actividade prática de

concepção e desenvolvimento dos anos seguintes e vieram a reflectir-se nas comunicações apresentadas ao 5º e 6º CPI, realizados em 1988 e 1990, respectivamente. São particularmente relevantes para o objecto desta comunicação:

a) No domínio do Sistema de Informação e da problemática então emergente da “Gestão da Informação”,

  • Apresentou-se, nomeadamente, a necessidade de Arquitecturas Globais para a totalidade de uma organização e os conceitos de “Gestão da Informação nas Organizações” (Silva, 1888 a)
  • Fez-se uma reflexão mais teorizada das experiências, nomeadamente das experiências da formação de executivos de clientes da IBM, em Espanha e Portugal, sugerindo-se a aplicação à gestão do Modelo 2 de Mudança de Watzlawick (Pallete e outros, 1988 b)
  • Descreveu-se a experiência de aplicação dos conceitos de Gestão de Informação à construção da Arquitectura de Informação do Banco de Portugal, bem como a profunda aprendizagem organizacional que ela permitiu naquela instituição, pondo fim a uma visão departamentalizada da informação, substituída por uma concepção da informação como um recurso comum a todo o Banco (Rodrigues e outros, 1990).

b) No domínio da Concepção e Gestão de Projectos de Informatização / Reorganização apresentou-se o Modelo de Entendimento e Gestão de Projectos ensinado no INA, contemplando as vertentes sócio-organizacional e técnico –computacional dos projectos ditos “informáticos” (Silva, 1988 b).

c) No domínio das Metodologias de Análise introduziram-se as Metodologias Estruturadas de Análise, nomeadamente a Structured System Analisys and Design Methodology (SSADM), desenvolvida pelo CCTA e entretanto adoptada pelo INA (Godinho, 1988).

A efervescência do debate sobre a problemática dos Sistemas de Informação e das Tecnologias de Informação (SI / TI) nas organizações, que os CPI tinham iniciado, reconhecia-se não apenas no desenvolvimento e na prática da informática nas organizações desse período, mas também pode reconhecer-se noutros Congressos nacionais (e ibéricos), muitas vezes animados pelos mesmos apresentadores. São de referir os seguintes:

  • A Primeira Reunião Nacional dobre as Tecnologias de Informação, organizada pelo LNEC, em 1986, onde foi apresentado um conjunto de reflexões sobre as experiências de Planeamento de Sistemas de Informação, realizadas na Administração Pública até à data (Marcelino, 1986);
  • O 1º Congresso Nacional de Gestores, organizado pela Associação Portuguesa de Management (APM na altura, hoje APG) em 1987, onde se reflectia profundamente sobre o papel dos SI / TI nas empresas portuguesas (Marcelino e outros, 1987);
  • O 2º Encontro Luso-Espanhol de Economia Empresarial, co-organizado pela APM, em que se apresentou uma importante reflexão sobre o papel que os SI / TI nas economias ibéricas, na perspectiva da futura integração na Comunidade Europeia (Silva e outros, 1987).

Este pequeno relato acerca dos CPI não ficaria completo se não fosse complementado com o do papel do Instituto Nacional de Administração no domínio da formação, para o período em análise e tendo em conta as áreas que nos propusemos tratar. Relembramos o seu papel catalizador e facilitador junto da comunidade de práticos, tanto na procura de referências e procura de trabalhos teóricos internacionais como de consolidação de novas metodologias. É o que faremos de seguida.

3.3. O papel do Instituto Nacional de Administração

Criado em 1982, o Instituto Nacional de Administração (INA) tem desempenhado, desde essa altura, um papel relevante na formação de gestores e técnicos da Administração Pública, em especial, mas não exclusivamente, na área de Sistemas de Informação.

Essa área tem desenvolvido a sua acção em três vertentes:

  • Formação para Técnicos de Informática
  • Formação para Utilizadores
  • Seminários para Dirigentes.

Do ponto de vista desta comunicação, interessa destacar, principalmente, a formação dada em três domínios: Arquitectura e Planeamento de Sistemas de Informação; Concepção e Gestão de Projectos Informáticos; e Metodologias de Análise.

3.3.1. Formação em Arquitectura e Planeamento de Sistemas de Informação

Logo a partir da sua fundação, o INA organizou dois Seminários para Dirigentes neste domínio: o de “Sistemas de Informação” e o de “Planeamento da Informática nas Organizações” (desde 1990 “Gestão da Informação nas Organizações” e, desde 1998, “Gestão da Informação e do Conhecimento nas Organizações”).

Embora se tratasse de dois seminários distintos, concebidos e coordenados por pessoas distintas, a colaboração entre os dois autores, para além de se traduzir em várias comunicações comuns a congressos, traduziu-se, na segunda metade da década de oitenta, na criação de um “Fórum de Sistemas de Informação” que era orientado por ambos e no qual eram englobados todos os participantes de qualquer dos seminários referidos anteriormente, com o objectivo de trocar experiências. As dificuldades dos meios de comunicação da época limitaram no entanto o sucesso da experiência, tendo-se realizado apenas uma ou duas sessões presenciais do Fórum.

De salientar ainda que a dinâmica de colaboração entre estes dois autores e as suas equipas tenha levado à criação de um curso de “Prática de Planeamento de Sistemas de Informação”, criado em 1986, por uma única equipa coordenada conjuntamente pelos dois. Este curso ainda se realiza com formato diferente, sendo actualmente designado por “Arquitectura e Planeamento de Sistemas de Informação” (INA, 2002). Este curso, modelado sobre um curso similar da IBM Espanha, tem a característica de ter muito pouca teoria e assentar integralmente na resolução de um caso prático, cujas diferentes fases são totalmente elaboradas em grupos – a aprendizagem realiza-se, assim, principalmente em modo tácito (Argyris e Schön, 1974; Schön, 1983,1987).

3.3.2. Concepção e Gestão de Projectos Informáticos

Durante os anos oitenta e início dos anos 90, a formação em Gestão de Projectos realizada no INA, era constituída por um curso para profissionais de informática e um curso para utilizadores. Foi nestes cursos que foi elaborado o modelo de concepção e gestão de projectos já referido (Silva, 1988b) que entende os projectos de informatização / reorganização como projectos sócio-técnicos, com duas vertentes que devem ser conceptualizadas e geridas conjuntamente: a vertente técnico computacional e a vertente sócio-organizativa.

3.3.3. Metodologias de Análise

O curso de Análise de Sistemas foi o primeiro a ser organizado pelo INA. Embora aplicasse, no seu início, metodologias convencionais de análise (assentes em levantamento de “circuitos de informação”), passou a assentar progressivamente na metodologia Structured Systems Analysis and Development Methodology – SSADM.

A análise, através da metodologia SSADM, assenta na elaboração de Diagramas de Entidades e Associações – DEA (também conhecidos por diagramas de entidades e relacionamentos) e de Fluxos de Dados – DFD; os DEA modelizam os dados e os DFD modelizam os processos objecto de análise.

Deve salientar-se que o esforço de análise deve ter a montante uma Arquitectura e um Plano de Sistemas de Informação ou, no mínimo, um “estudo de viabilidade” do Sistema a desenvolver, razão por que, na versão do INA, não se aplica o estádio zero (feasibility study models) da metodologia SSADM, sob o qual pesam algumas críticas por ignorar a vertente sócio-organizacioanl e se preocupar principalmente com a vertente técnica (Checkland, 1998, pp. 122, 123).

De facto, como salienta o autor, “toda a solução informática bem conseguida é uma peça que se integra harmonicamente no sistema de informação de que faz parte” e “o trabalho de reconcepção do Sistema de Informação de uma organização “apresenta, como condicionantes de partida (…) a imprescindibilidade da elaboração de uma arquitectura global, quadro base para a inserção possível das soluções parcelares” (Godinho e outros, 1988).

Aliás, o mesmo autor refere também a importância de ir “definindo os contornos do problema ao longo da análise”; de facto “controlar a dimensão do problema objecto de estudo e logo, a complexidade da solução informática resultante, é um trabalho de análise. Consegui-lo é sermos capazes de decidir correctamente em face de cada objecto, conceito ou acontecimento que se nos depara, se é ou não relevante para o que nos propomos construir”. Esta perspectiva é análoga à da Soft System Methodology (SSM) de Checkland que também salienta a necessidade de ir reformulando a concepção durante a Fase de Acção (Checkland, 1990, 1998).

Reflexões e Conclusões

À luz dos conceitos enunciados nos dois primeiros pontos desta comunicação, somos levados a concluir que todo o movimento que se gerou em tornos dos CPI, nas áreas analisadas, pode ser denominado de uma Comunidade de Prática e que alguns dos práticos dessas áreas podem ser denominados de practitioners na medida que havia uma overarching theory, reflexão na e sobre a prática, investigação a seu propósito, produção de novos métodos, concepções e ferramentas que permitiam o avanço de toda uma comunidade de informáticos, gestores e utilizadores.

A overarching theory desses practitioners, assumia (e assume) que é essencial partir de uma Arquitectura Lógica Global do Sistema de Informação para “integrar” os diferentes sub-sistemas (e portanto aplicações e bases de dados) da organização. Enquanto que a overarching theory da maioria das escolas de Engenharia Informática é a Engenharia dos Sistemas, entendendo-se a Engenharia de cada Sistema isolado dos restantes (e por isso se fala muitas vezes de Arquitectura do Sistema, referindo-se à Arquitectura da Aplicação e ignorando a Arquitectura mais geral do Sistema de Informação). Por outro lado, nessas escolas existe ainda, muitas vezes, uma overarching theory, claramente positivista, que trata os problemas como se esses fossem apenas problemas técnicos de engenharia, ignorando os aspectos sociais, humanos e de gestão que envolvem a concepção e implementação sócio-organizativa das soluções.

Ao longo dos anos oitenta e em relação com os temas que nos propusemos analisar pudemos encontrar inovações que colocaram Portugal na vanguarda dos países (com boas Práticas), relativamente a:

  • Metodologias de Arquitectura e Planeamento de Sistemas de Informação;
  • Metodologias de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (subsistema do anterior);
  • Concepção e Gestão de Projectos Informáticos.

Ora, essas boas Práticas (inovadoras) só se conseguiram porque estávamos perante uma Comunidade de Prática que parece preencher a maioria dos requisitos expressos no ponto dois desta comunicação. Desses, destacamos os relativos à aprendizagem organizacional e à de gestão dos processos de conhecimento. E reforçamos outro acima mencionado, o facto dos seus membros (ou alguns de entre eles) actuarem enquanto reflexive practitioners, sendo que a sua reflexão não se limitava à (e sobre a) prática, na medida em que a seu propósito faziam Investigação Reflexiva (Schön, 1992), nomeadamente, através de: intervenções e estabelecimento de consensos reflexivos sobre as situações; identificação de modelos e respostas a certas situações que pudessem ser aplicadas noutras situações ou âmbitos, sofrendo algumas alterações; e investigação sobre teorias de amplo espectro que pudessem condicionar todas as práticas.

Parece-nos ainda de ressaltar, de entre as áreas abordadas, a relativa ao Modelo de Concepção e Gestão de Projectos Informáticos. O objectivo central desse modelo é incorporar a vertente social e de mudança organizacional que as abordagens tradicionais desprezavam e, por isso, deslocar a questão da tecnologia informática para a gestão e para a mudança organizacional, a realizar com o novo sistema a desenvolver. A gestão do Projecto é pois a gestão dessas duas vertentes e da relação entre elas, exigindo-se uma equipa pluridisciplinar e devendo o chefe do projecto ser um Director do utilizador e não, em geral, um técnico de informática.

No modelo referido, cada uma das duas vertentes encontra-se devidamente detalhada em fases e actividades ao longo do Ciclo de Vida do Projecto e estão clarificados os papéis a desempenhar pelos informáticos, organizadores e utilizadores ao longo das referidas fases. Ora, quase vinte anos volvidos, as questões relativas à vertente social dos projectos informáticos começou a ser debatida, há relativamente pouco tempo, em fóruns académicos nacionais, fazendo-se “tábua rasa” do modelo mencionado e não se partindo dele para outro tipo de problemas em direcção ao futuro, nomeadamente os relativos à formalização (concepção e gestão) da vertente de aprendizagem organizacional nos referidos projectos.

Finalmente, em termos pessoais e profissionais, a “descoberta” das obras de Argyris e Schön, em particular, dos conceitos de “Prática Reflexiva” e a de Wenger, relativamente ao conceito de “Comunidades de Prática”, foi um momento particularmente significativo – pois permitiu entender aquilo que a comunidade interessada em Sistemas de Informação tinha andado a fazer durante anos, sem conhecer Schön nem Wenger, tanto quanto se pode concluir, por nunca os ter ouvido referir, nem esses autores constarem das referências bibliográficas dos inúmeros textos desse período.

Bibliografia

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  • Argyris, Chris e Schön, Donald (1985), Action Science, San Francisco, Jossey-Bass Social and Behavioral Science Series. CPI (1980, 1982, 1984, 1986, 1988, 1990), Actas dos 1º, 2º, 3º, 4º, 5º e 6º Congressos Portugueses de Informática, Lisboa.
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  • Checkland, Peter e Holwell, Sue (1998), Information, Systems and Information Systems – Making Sense of the Field, England, John Wiley & Sons.
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  • Silva, Artur F.; Marcelino, Henrique e Pallete, Felipe (1987), “Renovação Empresarial através das Tecnologias de Informação – as Empresas Ibéricas e a concorrência no contexto da integração na CEE”, em Actas do 1º Congresso Luso Ibérico de Economia Empresarial, Madrid.

    Silva, Artur F. (1988a), “A Gestão da Informação nas Organizações”, em Actas do 5º CPI, Lisboa.

  • Silva, Artur F. (1988b), “Gestão de Projectos de Informática: uma Perspectiva Histórica”, em Actas do 5º CPI, Lisboa.
  • Wenger, Etienne (1998), Communities of Practice. Learning, Meaning, and Idendity, Cambridge, Cambridge University Press.

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