Quem realmente importa

Co-autor do livro The Fifth Discipline Fieldbook que colocou Peter Senge no palco do mundo organizacional, Art Kleiner publicou recentemente mais um livro: Who Really Matters: The Core Group Theory of Power, Privilege and Success.

Kleiner veio a Londres, visitou a London South Bank University, e ofereceu algum do seu tempo para apresentar a ideia central do seu novo livro.

Começou com a história de Luther. Luther é um amigo seu que, há alguns anos atrás, trabalhava numa organização onde era respeitado por todos. Sempre que era necessário tomar uma decisão as pessoas pensavam “será que o Luther vai concordar?”, “o que é que o Luther faria?”. O tempo passou, as coisas mudaram, e, embora o Luther ainda seja respeitado e tido como amigo pessoal de cada um dos indivíduos da organização, o colectivo rejeitou-o.

Foi isto que inspirou Kleiner a iniciar o estudo sobre a importância do “core group” (grupo central): o grupo de pessoas que realmente importam.

Kleiner considera que há três grandes mentiras na vida organizacional moderna:

  1. Os empregados são a nossa maior riqueza
  2. Os clientes estão sempre primeiro
  3. Estamos aqui para gerar lucro aos nossos accionistas

Muitas organizações não cumprem estas promessas nem vivem de acordo com estes princípios. Kleiner acredita que isso acontece, não porque as organizações são incompetentes, mas porque têm outros objectivos.

Com base nisto, ele formulou três hipóteses:

  1. Dar resposta às necessidades e prioridades da organização
  2. Ajudar as pessoas a fazer alguma coisa
  3. Tentar criar um mundo melhor (segundo a organização)

Depois de perceber que, em muitas organizações, há pessoas que não fazem nada, ele descartou a segunda hipótese. Com pena, concluiu que a terceira também não se verifica. Ficou assim com a primeira. Assim, as organizações existem para dar resposta às suas necessidades e prioridades. E a direcção adoptada pelas organizações é frequentemente estabelecida, explicitamente ou não, pelo core group.

O core group pode incluir membros da direcção, ou os accionistas, ou as pessoas de marketing, ou um indivíduo que gera boas ideias, ou um grupo de carismáticos colegas, etc.. Os membros do core group são aquelas pessoas com quem toda a gente concorda, que todos tentam agradar, que todos tentam imitar e antecipar. Este grupo não é estático: um indivíduo pode hoje pertencer ao core group e amanhã não.

Todas as organizações podem melhorar se reconhecerem e entenderem o seu core group. E o sucesso da organização depende, em grande parte, da eficácia do trabalho dessas pessoas tão importantes.

Tentando ligar o conceito do core group ao de organizações aprendentes, Kleiner afirma que, numa organização aprendente, se espera-se que os valores e princípios do core grupo estejam abertos para debate.

O conceito de core group parece bastante simples e básico. A sua importância, porém, é enorme. Seja como for, o livro e a aplicação do conceito na prática serão certamente mais interessantes do que a apresentação de Kleiner a que assisti.

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