Pesquisa sobre o Mercado de Gestão do Conhecimento: onde estamos e para onde vamos…

O mercado em gestão do conhecimento, no Brasil e no mundo, não é novo e vem sendo continuamente explorado por pesquisadores, empresas de consultoria e organizações de um modo geral. As primeiras aplicações de práticas em gestão do conhecimento, no Brasil, ainda não denominadas desta maneira, iniciaram-se na década de 80, quando as organizações passaram a dimensionar melhor a importância do conhecimento nos processos e relações de negócio organizacionais.

É consenso, há muito tempo, que o conhecimento é importante para as organizações. No entanto, com os avanços tecnológicos, a variedade e facilidade de acesso às informações, a globalização, a competição nos mercados de negócios, dentre outros fatores, o conhecimento passou a ser foco de maior atenção dos gestores.

No mundo de negócios que vivemos atualmente, é preciso decidir com rapidez e segurança, buscando obter destaque no mercado. E, para isso, é fundamental que as pessoas estratégicas das organizações tenham acesso às informações certas, no momento oportuno, ou seja, consigam acessar a informação necessária à tomada de decisão. Isso é possível quando o processo de registro, armazenamento, recuperação e disseminação de informação é eficaz, o que é previsto em muitos dos preceitos do gerenciamento do conhecimento.

Muito já se fez nesta área e muito ainda há que se fazer. A maioria das médias e grandes empresas trabalham com algum tipo de iniciativa em gestão do conhecimento (GC). Para se ter uma idéia da importância destes projetos – se é que podemos chama-los assim, uma vez que a proposta da gestão do conhecimento é de desenvolvimento de um trabalho continuado, o que contradiz a definição de projetos que pressupõem um planejamento com início, meio e fim – em uma pesquisa realizada pela Informationweek, com 200 gerentes de tecnologia de informação (TI), 94% deles acreditam que a GC seja um fator estratégico para as organizações. Acredita-se também que, no ano de 2004, 62% das empresas irão investir mais em gerenciamento do conhecimento que em 2003. É um valor considerável e reflete a demanda do mercado para GC.

É possível perceber que o mercado de gestão do conhecimento sofreu uma grande expansão nos últimos anos, mas acredita-se que ainda tem muito a expandir. Segundo uma pesquisa da Fortune, com as 100 maiores empresas do mundo, constatou-se que elas investirão, no ano de 2004, 3% do seu faturamento em iniciativas de GC, o que estimativamente, eqüivaleria falar em R$ 17,5 bilhões/ano.

A partir desses números, podemos falar de um mercado em expansão, foco de atenção, principalmente das empresas prestadoras de serviços. Há uma gama de oportunidades de negócio, mas há que se estar atento para conseguir identificá-las.

Mesmo as empresas atentas a este mercado se perguntam onde estão essas oportunidades. Em que áreas e setores esses milhões de dólares possivelmente serão investidos? Qual o perfil desse mercado? Foi em busca da resposta para essas e outras questões que algumas empresas realizaram pesquisas em diferentes grupos organizacionais sobre o mercado de gestão do conhecimento.

Essas pesquisas foram realizadas em épocas distintas, com critérios de seleção das organizações e metodologias de realização também distintas. Contudo, os resultados encontrados foram bastante semelhantes.

No início de 2000, com fechamento em fevereiro de 2001, a Informal Informática realizou uma pesquisa com 200 empresas brasileira, com o objetivo de identificar as características do mercado de GC, buscando entender, principalmente, quais as principais práticas utilizadas pelas empresas e quais as principais barreiras encontradas pelas mesmas, durante o processo de implementação dessas práticas.

De acordo com os dados coletados, foi possível perceber que as práticas em gestão do conhecimento mais adotadas pelas organizações são: compartilhamento do conhecimento, melhoria de processos, gestão de relacionamento com cliente, comunicação lizada pela e-consulting, publicada na revista HSM, que teve como objetivo “identificar a visão, a utilização, as tendências e os resultados alcançados e esperados por empresas brasileiras e seus executivos a respeito da gestão do conhecimento”, mostrou que ainda temos um cenário bastante parecido com os revelados pelas pesquisas anteriores. Existe uma grande e importante expansão da adoção de práticas de gestão do conhecimento pelas organizações, no entanto, ainda é possível visualizar uma tendência a crescimentos, o que revela um nicho de mercado significativo para as empresas de prestação de serviços, como consultorias, treinamento, etc..

No entanto, ao contrário das duas outras pesquisas realizadas anteriormente, houve a percepção de um maior investimento de patrocínio dos executivos e tomadores de decisão para o desenvolvimentos das práticas em GC, o que é um grande passo em direção aos resultados positivos. A gestão do conhecimento deve ser “utilizada” na busca de soluções que agreguem valor às organizações, de modo que tragam vantagens competitivas às empresas. Desta maneira, precisam, diretamente do apoio e patrocínio dos altos gestores. Costumamos dizer que gestão do conhecimento daquilo que não é estratégico não tem razão de ser. Dessa forma o apoio e patrocínio do alto gestor tem papel fundamental no sucesso da implementação de práticas de GC.

Diversos contatos e entrevistas feitas pela Informal com gerentes e diretores de empresas brasileiras, no Rio de Janeiro, nos revelam essa preocupação e crescente investimentos em “projetos” que possibilitem o melhor gerenciamento das informações e conhecimentos necessários ao ambiente empresarial. É explícita a percepção desses gestores do futuro crescimento das iniciativas de GC nas empresas que desejam manter-se competitivas no mercado.

No entanto, ainda não percebemos claramente, pelos resultados dessas pesquisas, o investimento e empenho das organizações, gestores e colaboradores na utilização de práticas de GC que façam gestão de informações necessárias e estratégicas permitindo ações competitivas no mercado globalizado que vivemos, ou seja, práticas de GC que utilizem a informação disponível “extraindo” dela todo o potencial estratégico que possui. Veladamente, é possível perceber que o mercado de negócio vem se preocupando e se resguardando com a retenção e utilização de informações estratégicas de maneira competitiva, como por exemplo com a compra da IG pela Brasil Telecom, mas isso pretendo tratar em outro texto.

1 comment

  1. Beth Frejat 12 Agosto, 2004 at 22:56 Responder

    As grandes empresas estão cada vez mais preocupadas com Gestão do Conhecimento, e como bem colocou Juliana “ vem se preocupando e se resguardando com a retenção e utilização de informações estratégicas de maneira competitiva”.

    Isso já ocorre em atividades estratégicas de governos do 1º mundo:ex: as forças aero espaciais da Alemanha, Estados Unidos e outros investem pesadamente em descobertas de “novos talentos”, independente de nacionalidade, e , dada a competição acirrada nessa área lucrativa, todas as informações que agreguem valor são pesquisadas em tempo real, analisadas, adaptadas, registradas, e disseminadas de acordo com o nível de hierárquico na Empresa.

    Evidentemente que para isto dê resultados eficazes, todo o processo de Gestão de Conhecimento tem que ser CONSTANTE, CONTÍNUO, REGISTRADO, E DE FACIL ACESSO para as informações não ficarem obsoletas.

    Gestão de Conhecimento envolve pesquisa, o que e como pesquisar, registro, o que e como e onde registrar para ter a informação correta , para a pessoa certo , no momento da resolução do problema. Ë vidente que todo esse processo tem que ter confiabilidade e fidedignidade dos dados e entre os consultores e a Empresa.

    Bem em outra ocasião tecerei alguns comentários de como a civilização perdeu conhecimento por não ter tido preocupação em registrá-lo.

    Excelente o relato da Juliana.

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