O titulo deste artigo já demonstra a grande confusão que muitas vezes se faz sobre as atividades de espionagem e as de inteligência competitiva. Incluímos ai a questão também importante da segurança da informação cada vez mais demandada dentro das empresas em função destas duas atividades. Para quem não está familiarizado com o termo inteligência competitiva, segue um pequena definição de Larry Kahaner: Inteligência Competitiva é um processo de coleta sistemática e ética de informações sobre as atividades de seus concorrentes e sobre as tendências gerais dos ambientes de negócios, com o objetivo de aperfeiçoamento da posição competitiva da sua empresa.
Existe uma grande e definitiva diferença entre espionagem e inteligência competitiva e ela se dá fundamentalmente na maneira de como as informações são obtidas. Com o afloramento na mídia do caso da KROLL já se lê em jornais que “inteligência competitiva” é apenas um nome mais bonito para espionagem, o que é um desrespeito aos profissionais da área de Inteligência que praticam atividades lícitas de coleta e análise de informação. Tentamos desde há muito tempo e temos tido sucesso em mudar essa visão errada sobre as nossas atividades, mas não negamos que a espionagem industrial existe e é um setor sempre em crescimento No entanto enfatizamos que nosso trabalho é bem diferente daquele desenvolvido pelos espiões. Tanto isso é verdade que muitas empresas têm suas áreas de Inteligência Competitiva formalizadas, com organogramas, planos de trabalho, e isso não seria viável caso a IC estivesse envolvida com atos de espionagem.
Trabalhar com inteligência significa trabalhar com análise de informações de maneira séria, legal e ética. A busca das informações se dá em fontes públicas e publicadas sem nenhuma atividade ilícita ou invasão de arquivos alheios. As informações estão no mercado para todos, a diferença é que algumas pessoas têm uma visão mais apurada e conseguem distinguir neste mar de informações àquelas informações relevantes ao seu negócio.
Hoje nas empresas as áreas de inteligência trabalham alinhadas com a área de planejamento estratégico pois tanto monitoram de forma ética e legal o meio-ambiente competitivo nas quais estão inseridas fornecendo continuamente as informações, como também buscam responder às necessidades de informação que surjam, por parte dos tomadores de decisão, para a elaboração mais eficiente das estratégias.
Independentemente de ser vítima de espionagem ou da inteligência competitiva dos concorrentes é mais do que certo que as empresas devem se proteger adequadamente para que suas informações estratégicas não caiam em mãos indesejadas, isso inclui implementar uma política de segurança e garantir que esta seja seguida por todos os colaboradores da empresa mas infelizmente hoje o principal problema é convencer a alta direção das empresas que a questão de segurança tem de ser vista como uma prioridade.
No caso específico da KROLL fala-se que e-mails antigos do atual ministro Gushiken foram localizados, mas não dizem como. Tanto pode ter havido uma invasão no computador quanto alguém que recebeu o e-mail o divulgou ou o vendeu para obter lucro. O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República pôs em prática um plano de contingência para garantir a segurança das informações trocadas por representantes do governo.
Não vamos defender e nem acusar ninguém sem que antes sejam colocados claramente todos os fatos, esclarecido o que realmente aconteceu e como as informações foram coletadas. Dizer que a KROLL Associates é a maior empresa de espionagem no mundo e que mesmo assim as autoridades brasileiras permitiram a sua entrada no País significa que, ou o governo é ingênuo ou que o bicho-papão não é tão feio assim.