O Aprendiz 3: Conhecimento Acadêmico ou Experiência Prática?

Imagine um reality show em que os participantes fossem avaliados por sua liderança, sua inteligência interpessoal e emocional, além de sua capacidade para trabalhar em equipe e ao mesmo tempo implementar ações de marketing e vendas. Tudo isto em meio a provas que simulassem de fato o dia-a-dia empresarial. Pois este reality show existe e chegou ao Brasil em sua 3ª temporada americana. Refiro-me, é claro, ao conhecido “O Aprendiz” – “The Apprentice“, no original – capitaneado pelo megaempresário Donald Trump. Esta é a 5ª temporada a estrear por estas terras – as três americanas somadas às dois nacionais, com Roberto Justos fazendo as vezes de Trump – e o fenômeno televisivo não dá o menor sinal de desgaste.

Nesta nova temporada, o programa procura responder à seguinte pergunta: o que é mais importante para o mundo dos negócios, conhecimento acadêmico ou experiência prática?

Esta não é, de forma alguma, uma questão estranha ao programa. Na 1ª temporada, o candidato a aprendiz Troy foi excluído das semifinais, justamente, com base no argumento que ele não possuía nível superior, ao passo que os outros quatro candidatos sim. O que nos deixou com a seguinte indagação: “se o diploma universitário era tão importante para a vaga de emprego oferecida, porquê se permitiu que ele chegasse até o final do processo?”. E mais, “porquê ele foi selecionado como participante em primeiro lugar?”. Mas se Troy saiu da seleção por não possuir um diploma, foi para cair direto nas graças dos telespectadores, sendo, até hoje, um dos candidatos mais carinhosamente lembrados pelos fãs.

Na 2ª temporada de “O Aprendiz” as louras Jennifer M., advogada, e Sandy, dona de uma loja de noivas, trocaram farpas a respeito deste mesmo tema. A advogada Jennifer chegou a dizer que Sandy não possuía “capacidade intelectual” para gerenciar uma das empresas de Trump. Ganhou a rodada – porquê conseguiu eliminar Sandy do programa – mas perdeu a partida – porquê chegou a final apenas para ser derrotada pelo insosso Kelly.

Nesta 3ª temporada, para medir os méritos da educação universitária contra a experiência nas ruas – ou para elevar os índices de audiência, no que se preferir acreditar – Trump separou, logo no primeiro episódio, os participantes em dois grupos. Um dos grupos é composto apenas por candidatos que possuem diploma universitário – são os “diplomados”, ou “books” no original, que significa “livros”. No outro grupo os candidatos não possuem mais que o nível colegial e aprenderam o que sabem nas ruas – são os “descolados”, ou “streets” no original, que significa “ruas”. Não se pode, é claro, levar este “experimento sociológico” muito a sério, e ninguém seria capaz de acreditar que seja esta a verdadeira intenção da direção do programa: o mais importante é que teremos à frente dezasseis semanas do melhor entretenimento corporativo que o dinheiro pode comprar. Vale a pena conferir!

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