No passado dia 3 de Maio, vinte pessoas participaram em mais um workshop organizado pela knowman – Consultadoria em Gestão, Lda.. Intitulado “Gerir conhecimento na prática”, e facilitado por Ana Neves (responsável pelo portal KMOL), o evento propunha-se ajudar os participantes a visualizar as vantagens de uma eficaz gestão de conhecimento (GC), bem como a considerar formas de implementar ou melhorar um programa de GC nas suas organizações. O formato pretendia envolver os participantes num debate que lhes permitisse:
- explorar iniciativas de gestão de conhecimento e aprendizagem organizacional (AO);
- discutir ferramentas, métodos e actividades;
- partilhar experiências de aplicação;
- relacionar a GC e a AO com os sistemas de informação e as tecnologias de informação;
- discutir a implantação da GC e da AO nas organizações portuguesas; e,
- analisar a cultura das organizações portuguesas e o seu impacto na GC e AO.
Os participantes representaram várias organizações portuguesas (Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro, HUF Portuguesa, Instituto Pedro Nunes, Mota Engil, PriceWaterhouse Coopers, PT Comunicações e TecMinho), bem como consultores independentes, e alunos e docentes de alguns estabelecimentos de ensino nacionais.
O leque de organizações, para além de cobrir vários sectores, representou também diferentes estados de conhecimento e experiência na gestão do seu conhecimento.
Durante o dia, foi possível identificar os principais interesses e preocupações dos participantes e das empresas representadas, nomeadamente:
- as metodologias mais indicadas para implementar GC nas organizações;
- formas de explicitar o conhecimento;
- avaliação do retorno do investimento;
- como criar na organização uma cultura capaz de abraçar a GC.
Um questionário bastante informal e descontraído tentou desvendar a realidade das organizações representadas no que diz respeito à gestão do conhecimento. Assim, a vasta maioria parece ver a gestão de conhecimento como forma de partilhar conhecimento, aumentar a eficácia e ajudar a inovação (i.e. criação de novos produtos, serviços, processos, etc.). Apesar de interessadas, a maioria das organizações parecem ainda não saber muito sobre esta prática organizacional. De qualquer forma, três participantes afirmaram a existência de um plano e de uma equipa responsável pela gestão do conhecimento nas suas empresas.
Finalmente, o referido questionário revelou os principais elementos actualmente disponíveis nas organizações representadas: intranet, portal corporativo, e gestão documental.
Não é de estranhar que, à semelhança de tantas outras organizações, nacionais e não só, o ênfase seja na instalação de aplicações de software que permitam a aceleração e a maior eficácia de alguns dos processos associados ao conhecimento. Alguns outros elementos, tais como comunidades de prática, sessões de partilha, base de dados de boas práticas, knowledge brokers, e identificação de especialistas, foram também apontados mas em minoria.
O workshop parece ter surpreendido alguns dos participantes que contavam com um formato mais tradicional de exposição por parte da facilitadora. Ao invés disso, e apesar de ter havido uma pequena apresentação / introdução teórica, participaram numa sequência de exercícios que permitiu explorar a realidade da GC nas organizações representadas, identificar os principais obstáculos com que estas se deparam bem como algumas formas de os ultrapassar, e partilhar as experiências e questões com que todos vinham.
No geral os participantes louvaram o “espaço de discussão aberto e partilhado” e a “metodologia adoptada e facilitação”. Lamentaram a “falta de tempo para aprofundar temas” e o facto de a facilitadora não ter feito uma apresentação maior para partilha, em profundidade, de casos práticos de implementação em que tenho participado.
Algumas das sugestões oferecidas pelos participantes são bastante interessantes e serão certamente consideradas aquando da preparação do próximo workshop, queparece ser da vontade da grande maioria dos participantes.
Foi com alegria que me apercebi do interesse que a gestão de conhecimento começa a despertar no cenário das organizações portuguesas. Espero que o próximo workshop apele a ainda mais organizações interessadas em apostar nesta prática organizacional.
Resta dizer que o workshop contou com o importante apoio do Instituto Pedro Nunes: Associação para a Inovação e Desenvolvimento em Ciência e Tecnologia que emprestou as suas instalações e o seu entusiasmo à realização deste evento.