Barómetro de Inovação

Logo do Barómetro Inovação COTECO Barómetro de Inovação é uma criação recente. Lançado em Dezembro de 2010 no âmbito da iniciativa sobre o Desenvolvimento Sustentado da Inovação Empresarial (DSIE) da COTEC, o Barómetro pretende, nas palavras da sua Coordenadora, Isabel Caetano, “disponibilizar, numa única plataforma, informações que possibilitem aos interessados(…) ter uma perspectiva mais integrada sobre aspectos da realidade da inovação empresarial que, pela dispersão e diversidade dos dados, se encontram pouco explorados, pouco analisados ou ainda pouco visíveis no debate público actual”.

Foi para mim um prazer falar com Isabel Caetano e também Diogo Agostinho, Gestor de Conteúdos do Barómetro de Inovação e ficar a saber um pouco mais sobre este projecto: o que é e o que pretende ser.

Percebe-se, pela própria existência da COTEC, que sentem um baixo nível de preocupação com a inovação nas organizações portuguesas. É essa a motivação principal para a criação do Barómetro?

Isabel Caetano da COTEC

Isabel Caetano, Coordenadora do Barómetro de Inovação

A COTEC Portugal tem como missão promover o aumento da competitividade das empresas localizadas em Portugal, através do desenvolvimento e difusão de uma cultura e de uma prática de inovação. Em articulação com outras entidades, a COTEC tem procurado dotar as empresas e os seus colaboradores com mais informação e mais instrumentos, sejam eles de gestão ou de apoio à reflexão estratégica, que sustentem uma actividade continuada de fomento da inovação empresarial.

É pois nesse sentido que surgiu o Barómetro de Inovação, lançado no âmbito da Iniciativa “Desenvolvimento Sustentado da Inovação Empresarial”, que tem como objectivo central estimular e apoiar as empresas nacionais, em particular os Associados da COTEC, no desenvolvimento da inovação de uma forma sistemática e sustentada, com vista ao reforço das suas vantagens competitivas numa economia cada vez mais globalizada e assente no conhecimento.

Como gostariam que o conteúdo do Barómetro de Inovação fosse utilizado pelas empresas portuguesas?

Numa primeira fase, o objectivo é partilhar os casos existentes na plataforma online, oferecer opiniões diversas e interessantes e fornecer dados estatísticos que possam facilitar a compreensão da realidade e conduzir a uma melhor tomada de decisão. Consideramos fundamental que as estatísticas e os dados do desempenho das empresas e do País em matéria de inovação sejam utilizados de modo fundamentado e que sustentem as interpretações que se formulam sobre essa mesma realidade. Também os bons exemplos e as experiências daqueles que vão percorrendo este caminho podem ser consultados de modo a que outras empresas ou organizações deles retirem ideias, pistas para a acção, lições a ter em conta que lhes permitam adoptar práticas mais sistemáticas e ajustadas ao seu caso. Empresas ágeis são empresas que aprendem, que criam mecanismos capazes de assimilar informação e de aceder a conhecimento relevantes.

O foco da COTEC são as empresas privadas e esse parece ser também o foco do Barómetro da Inovação. Até que ponto é que o Barómetro de Inovação e os restantes produtos da iniciativa DSIE podem ser úteis para as organizações públicas e sem fins lucrativos?

O foco da COTEC está na sua missão que, numa primeira linha de intervenção abrange as empresas suas associadas e da Rede PME Inovação. No entanto, as iniciativas desenvolvidas pela COTEC repercutem-se na sociedade, sendo disso exemplo o Barómetro de Inovação. Como plataforma on line, para além dos casos práticos de empresas muito diversas em termos de dimensão, de sector de actividade ou mesmo de espaço geográfico de intervenção, através dos quais se pode obter muita informação facilmente transferível para outras áreas.

Barómetro de Inovação COTEC - casos

Screenshot da página de Experiências Partilhadas do Barómetro de Inovação

O Barómetro possibilita ainda acompanhar o “estado da arte” de temas de Inovação, com um painel de diferentes personalidades que reflectem perspectivas também elas diferentes nos referidos temas. A título de exemplo, na questão – “EU: Primeiro Ministro”, podemos observar propostas de acção muito diversificadas e abrangendo várias áreas da nossa sociedade desde a aposta na cultura ou na educação/formação, o apoio continuado à inovação (incluindo a inovação social), uma maior articulação dos incentivos à inovação com as exportações, o reforço da ligação universidade-empresa, a promoção de parcerias internacionais em diferentes domínios, uma melhor identificação de oportunidades de mercado, a criação de um movimento de mobilização do País para a inovação, apenas para citar algumas.

Por outro lado, a divulgação de dados estatísticos nacionais e internacionais nas áreas da Investigação, Desenvolvimento e Inovação bem como a comparação entre Portugal e outros países tende a ser de uma utilidade transversal na nossa sociedade, abrangendo qualquer tipo de organização. A informação encontra-se acessível de modo totalmente livre e aberto a todos os que a desejem consultar.

O Barómetro arrancou com três áreas distintas mas complementares: estatísticas, opiniões de líderes e práticas. Esta última, por seu turno, subdivide-se em três: práticas de sucesso, experiências partilhadas, e factos curiosos (apresentados sob a expressão “Sabia que…) relacionados com a área da inovação. Como esperam alimentar e fazer crescer estas secções?

Barómetro de inovação COTEC - painel de opinião

Screenshot da página do Painel de Opinião

Esta foi uma primeira versão do Barómetro que resultou do trabalho de uma equipa fantástica que se envolveu profundamente na concepção da plataforma e na selecção dos principais temas a tratar nesta fase. A convicção de que não seria possível abarcar todas as potencialidades que uma plataforma deste tipo permite explorar foi, desde o início, partilhada por todos. Foi, por isso, muito importante uma atitude pragmática e a coragem para “optar” por estas três áreas, colocando de lado outras hipóteses de trabalho.

Assim, esta é efectivamente uma primeira versão desenvolvida no âmbito de um projecto financiado parcialmente pelo QREN e pretendeu-se cumprir o plano, sabendo, no entanto, que a abrangência e os requisitos da plataforma nos exigirão o desenvolvimento de uma segunda versão tanto ou mais exigente que a primeira. Contamos para esta fase com o apoio e o empenho de um conjunto de parceiros que importa salientar. As nossas empresas associadas Everis e PwC que serão responsáveis, respectivamente, pela dinamização e actualização das áreas de Estatísticas e de Práticas.

Desde logo no âmbito das estatísticas, importa destacar o Modelo de Indicadores de IDI que será alimentado com uma regularidade anual, fruto das fontes que seleccionámos para suportar esse mesmo modelo.

No que diz respeito ao painel de opinião, este será consultado semestralmente. É um painel que responde a 7 questões, em que quatro são fixas e três variáveis, que nos permitirá aferir a percepção dos seus membros sobre o desenvolvimento das políticas de inovação e recolher opiniões sobre os temas mais actuais em cada momento.

Já no que concerne às práticas, estas serão também alvo de actualização regular quer pela introdução de mais exemplos de práticas empresariais quer pelas novidades associadas à área do “sabia que…”.

Numa altura em que há uma grande proliferação de sites colaborativos e de cocriação de conteúdo e também uma crescente expectativa de interacção com o conteúdo, o que os levou a optar por um site expositivo sem a possibilidade de debater, comentar ou sugerir informação complementar?

A nossa pesquisa inicial demonstrou que não existia nenhum site ou plataforma que disponibilizasse este tipo de informação. Procurámos, nesta primeira fase, disponibilizar os conteúdos adequados às prioridades estabelecidas nas três secções. A proliferação de portais colaborativos deve, em si mesma, ser alvo de reflexão quanto à sua efectiva utilidade e qualidade. Optámos, por isso, por esta modalidade mais “expositiva” sem prejuízo de, numa segunda fase, e sempre em articulação com outras iniciativas da COTEC Portugal, analisar as vantagens em tornar o Barómetro uma plataforma potenciadora da troca directa de informação e de opiniões.

Quais os vossos planos a curto, médio e longo prazos para o Barómetro?

Espera-nos pela frente um trabalho de divulgação e de atracção dos utilizadores do Barómetro para uma consulta regular e para a constituição de uma “comunidade” de utilizadores “frequentes”. Teremos, por isso, de criar condições para que, no momento em que visitem o portal do Barómetro, sintam a vontade e necessidade de regressar. Em termos de longo prazo, o objectivo principal será, para além de manter a actualização regular e a qualidade dos conteúdos, garantir um progressivo alargamento a outras áreas de intervenção que, na primeira fase, não pudemos desenvolver.

Diogo Agostinho - COTEC

Diogo Agostinho, Gestor de conteúdos do Barómetro de Inovação

Definiram métricas de sucesso para o Barómetro?

Este projecto insere-se na missão da COTEC e na ligação aos seus eixos estratégicos, com especial relevância para o estímulo a uma abordagem sistémica à inovação o que se reflecte, desde logo, pela capacidade de observação e de aprendizagem com múltiplos agentes.

As métricas definidas não são de pura contabilização dos utilizadores ou do número de novos casos partilhados. Olhamos para o Barómetro como uma resposta a uma necessidade detectada, inclusive por grande número de empresas associadas. Assim, o seu sucesso dependerá sobretudo da sua referenciação em termos nacionais como uma fonte.

Como gostariam de ver o Barómetro daqui a 3 anos? Que impacto gostariam que o Barómetro tivesse?

Poderemos definir como objectivo, de curto e médio prazo, o aumento do número de utilizadores do Barómetro de Inovação, procurando atingir públicos diversos que, de algum modo, possam ser considerados actuais ou potenciais agentes de inovação, desde logo os colaboradores de empresas Associadas e da Rede PME Inovação da COTEC, membros de organizações governamentais, o mundo académico, consultores, jornalistas e outros interessados na temática da inovação em geral.

O Barómetro deverá permitir, dentro de 3 anos, provar se efectivamente existia uma necessidade a dar resposta. O seu impacto poderá reflectir-se quer na sua comunidade de utilizadores, e interacções estabelecidas, quer na sua referenciação em termos de análise do desempenho das empresas e do País na área da inovação. Dentro de 3 anos, teremos já a possibilidade de mostrar a evolução nos indicadores seleccionados e permitir uma análise fundamentada em diferentes temas.

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