O trabalhador da mudança é aquele que se gere a si próprio, integrado na gestão da Organização. É aquele que se organiza a si próprio para integrar uma Organização.
Muito se fala na política de gestão organizacional e de performance nas organizações.
A sensação que tenho é que os novos conhecimentos, as novas ciências e as novas correntes de gestão, estão a encaminhar, a passos largos para a arte de sabermos adaptar a nossa sabedoria (cognição + todas as outras faculdades) a uma “coisa” única , constante e dinâmica: mudança.
Quando se fala na mudança, imediatamente se assume como condição necessária e suficiente, que; para que haja mudança, é preciso que todos nós possuamos uma capacidade fundamental: a capacidade de adaptação. Creio que são estes os dois aspectos fundamentais para adoptarmos, não como uma política de trabalho e de colaboração nas organizações, mas antes como uma filosofia na maneira como nos devemos gerir, individual e colectivamente, integrados numa organização.
Organização, é aquilo que constituímos; e é aquilo que somos individualmente e colectivamente.
Cada elemento constituinte dessa organização, é no mínimo, um colaborador organizacional ou se quisermos, um trabalhador organizacional. Há muito que este trabalhador organizacional sente que as regras e as normas de funcionamento, e de contributo na organização, em nada, têm a ver, com obediência, presença física, e cumprimento de tarefas (executadas de uma forma maquinal) .
Deixou-se de falar no “emprego” para passarmos a falar no “trabalho”. Os cargos são agora substituídos por responsabilidades e funcionários por trabalhadores.
As habilidades e as competências ganhas , até agora pertencentes ao trabalhador, enquanto ser colaborante, passaram a integrar a inteligência da organização; e todos os serviços e/ou produtos desenvolvidos pertencentes ao grupo ou departamento que os criou e que os gere, são agora identificados com o Capital Organizacional.
Nesta nova realidade, o Trabalhador Organizacional, consciente da capacidade de adaptação que tem que ganhar para acompanhar a mudança, é aquele que se gere a si próprio em função da sua vontade efectiva de aprender, da sua vontade de escutar e partilhar, incondicionalmente, e de se relacionar; com respeito, empatia e zelo; com a organização, por inteiro.
É este o grande desafio de gestão individual, na actuação diária dentro da organização: sermos definitivamente os trabalhadores da mudança.
Boa tarde Ana,
Volto a copiar um pequeno pedaço de texto da autoria de Jorge Livraga, em tempos, gravado no vosso Livro de Visitas:
”É necessário que o ser humano deixe de ter medo da chuva, dos rios dos outros seres humanos, da morte que na realidade pode nem sequer existir como a imaginámos; é necessário, para ultrapassar a crise e promover uma mudança, ter a capacidade de investigar livremente nas antigas civilizações e nas novas ciências, que seja capaz de fazer uma arte nova que não se baseie nas modas, mas sim naquilo que sente no seu coração”
Pois bem, este artigo foi sentido no coração de uma Trabalhadora Organizacional.
Perfeito como conceito.
Porém se abstrai da viva noção do empregado/trabalhador ser um ente político.
E em organizações sem política não serás ninguém.
Para se levar vantagem é preciso de bastante inteligência e artes cênicas.
E de preferência uma platéia menos inteligente que você!
De facto, é uma verdade, quando diz que em organizações sem política não se é ninguém.
Mas Ferdinand, não sei, sequer, o que é Educação Política, e como não me atrevo a navegar em “águas” que não conheço; descodifico e trabalho o meu pensamento, traduzindo “ente político” como “ente filosófico/sociológico/cultural”.
Quanto à forma de levar vantagem e no tipo de plateia, tenho muito que aprender consigo.
À parte disso, imagine que um espectador da sua plateia, com o Ferdinand no centro, em plena acção , solicitava-lhe que voltasse a ler o mesmo comentário e transformasse este artigo, não num conceito teórico, mas numa ideia viva, que no mínomo, serve para quebrar a indiferença e a fuga, à mudança e à inovação, em termos de postura e atitude dos Entes que integram uma organização viva.
Obrigada, Ferdinand, pela sua participação activa.
Organizações são máquinas para o exercício do poder.
Como se supõe que a organização esteja viva, o poder já está constituído. E este poder tem horror à mudanças.
Vai fazer o diabo para se manter no poder.
Veja a confusão no Oriente Médio.
Tal como o dinheiro, que, se torna um fardo, em vez de nos proporcionar conforto e bem estar, quando mal gerido e visto como um bem que justifica aquilo que normalmente designamos por “qualidade de vida” ou “rica vida rica”; também num contexto de uma organização, o poder, rapidamente se transforma em veneno, se aqueles que constituem a organização, não trabalharem individualmente para a única realidade dinâmica que tem o nome de “mudança/inovação”.
Somos nós, que, alinhados com os objectivos da organização, teremos que ganhar a capacidade de converter o poder em “máquinas” à disposição dos constituintes activos e inovadores da própria organização.
Assim, Ferdinand, sem ser por milagre, não haverá nenhum caminho(de mudança) que nos conduza à conversão do suposto veneno em remédio, trabalhando apenas com aquilo que no momento presente possuímos?
O que chamam de milagre vejo apenas como um evento fortuito que não compreendemos. E só.
A realidade é por demais complexa para ser modelada pelo cérebro humano.
Eu tive um professor de história no início da decada de 60, que era italiano e sempre dizia: “A guerra é o pai das coisas”. E isso representava o “poder” querendo mais poder às custas dos menos favorecidos.
A história é um contínuo relato sobre predadores. Alexandre, Átila, Império Romano, Império Otomano, revoluções mais recentes comandadas por gente completamente louca. Alguma dúvida sobre a crise de 2008. Mercado frouxo e predadores em ação. Quem ganhou dinheiro ( e muito) já tinha muito dinheiro. Desses, será que alguém ficou com pena dos milhões que perderam suas casas, suas economias sua aposentadoria? Duvido.
O que um trabalhador que não fosse da administração, podia fazer no caso da Enron, e das instituições financeiras que quebraram em 2008?
A mudança pode acontecer sim, mas se for do interesse dos poderosos. Mas não esqueçamos que cada santo tem as mãos viradas para sí. Um ótimo livro sobre este tema é o “Animal Farm” do Orwell.
Reconsiderando.
Penso que a mudança nasce na cabeça de muita gente. Mas vai morrendo, pois é muito difícil colocar as coisas em movimento. Quase tudo está contra a mudança, as leis, os costumes, a vontade, a percepção. A mudança é mais fácil quando é motivada por algum limite físico. Pois aí é imposta. Mas se o limite físico for algum recurso, vai haver muita briga, guerras.
Penso que não vivemos melhor por barreiras em nosso “cognitivo”. Uma fração pequena (eu ia dizer mínima)da população, adentrou o campo racional(os que entendem ciência e técnica). O grosso ainda está no “mítico”, e tem gente apenas no “mimético”.
É o quadro que vemos. Os espertos (e tem muitos do mítico), exploram o grosso da população. Esta população tem sorte de ser explorada, e assim guiada para algo produtivo (mesmo que não para eles próprios).
Olá Ferdinand!
Não tenho dúvidas em como a questão de gestão individual integrada numa organização, é algo, que me coloca a um nível básico, face ao seu conhecimento e à sua visão sobre esta questão.
Por outro lado, também não me sobram dúvidas em como nós (o Ferdinand e eu) somos entes “humanos/sociais/políticos”, vivos; é claro, e resultantes de soma de experiências completamente distintas, o que torna este debate extremamente rico.
Assim, e com muita casmurrice, coloco-lhe a mesma questão, mas agora, numa outra perspectiva:
– O cenário é negro, em que, objectivamente a mudança é imposta, não como uma moda ou uma conveniência, mas como um imperativo para não perdermos o nosso “ganha-pão” ou “o nosso conforto” ou o “nosso vício de bem viver”, conforme o nível de dependência que criámos com o nossa real plataforma financeira individual. E o meu foco está apenas naqueles que lutam para não perder o seu “ganha-pão” ou se quiser, que se preocupam, agora, com o pão para a boca.
O que lhe ocorre?
Não diría que o cenário é negro. Mas também não é um mar de rosas. O mundo moderno está dando melhores condições de vida para bilhões de pessoas, condições estas que não eram almejadas nem por reis de alguns séculos atrás. A situação de vida melhora dia a dia pelos avanços da ciência, para o cidadão comum. Só não melhora mais rápido porque os que detém o poder não querem.
É inegavel que uma boa parte das descobertas da ciência foi feita por pessoas isoladas, mas elas sempre pertenciam a um sistema, elas tinham como sobreviver e aventurar-se por territórios antes não explorados.
O que precisamos é aumentar as oportunidades para que as pessoas possam produzir seu sustento. Mas isso não passa pela mente dos poderosos e dos que estão transferindo nossas fábricas para a China, só porque lá a mão de obra é mais barata. O chinês está cuidando da parte dele, o poderoso ocidental está entrando na armadilha do lucro fácil e imediato. O nosso povo é que paga a conta. Muitos não estão conseguindo o “pão para a boca” por causa do descaso dos governos e principalmente dos poderosos.
Penso que a palestra do Niall Ferguson http://www.ted.com/talks/niall_ferguson_the_6_killer_apps_of_prosperity.html, contém algumas verdades que não gostamos de ouvir.
A que mais gostei foi de muçulmano se referindo à razão porque o ocidente ficou tão mais forte(isto há mais de 200 anos). Disse ele, que foi por: ” Laws and rules invented by reason”.
Conceitos não são descobertos, são inventados! E se funcionam a contento, validados pelas respostas da dita realidade, então entram para a categoria de racionais.
O que não tenho visto nas discussões de Gestão do Conhecimento é que o conhecimento é uma invenção da mente das pessoas. E essa idéia/invenção precisa ser validada pelas respostas que se recebe da dita realidade.
Fora isso a palestra tem tudo a ver com a mudança. Mas vejam como o processo é impessoal.
Bom dia Kmol!
Diz a Ana Neves no seu Artigo da Revista “POSI Mag,Nº5:
“Muito se fala na crise. Crise ou não crise, a verdade é que a situação económica do nosso país (e não só) está a passar uma fase menos boa e carregada de grandes incertezas.
Enquanto que algumas organizações vêem nisso fonte de preocupação,outras detectam o momento actual como uma oportunidade de mudança e investimento. Uma situação económica envolvente menos favorável pode dar às organizações a possibilidade de:
-alargar para outros mercados
-adicionar novos produtos e serviços ao ser portefólio
-apostar num novo modelo de negócio
-idealizar e implementar novos processos internos.
A análise destas opções deve ser feita de forma consciente e suportada pelos melhores dados, informação e conhecimento. Mas, onde estão eles?…Pois bem, uma adequada estratégia para a gestão de conhecimento é de grande importância em todas as fases da vida de uma organização mas revela-se crítica em alturas como esta,…”
Volto a colocar, na sequência do comentário acima trancrito, a mesma questão que, há alguns meses atrás, coloquei no Livro de Visitas deste portal:
-Que altura é “esta” em termos sociais e em termos humanos?
Porque é que andam todos virados para o “ser” e o “saber” social, integrado no “ser e no “saber” científico, emocional e humano?
– Estamos a falar de três existências: 1-SER(social), 2-SABER(várias inteligências e conhecimento), 3-ESTAR; com um único objectivo: educar-mo-nos ao longo da vida, sabermos estar e sabermos viver numa sociedade totalmente sacudida e posta à prova em termos de valores e crenças.
Quando falamos na sociedade, falamos numa classe de seres pensantes, nos mesmos seres pensantes que são objecto duma classe chamada “organização” ou “empresa” ou “negócio”.
E aqui está a grande questão:
“Nesta altura” descrita pela Ana no contexto social e organizacional que descrevi, faz ou não sentido, cruzar a sociologia de trabalho, a sociologia do conhecimento e ainda a sociologia das organizações, com o SER, SABER e ESTAR social, enquanto elementos integrantes de uma organização ou empresa?
Seria interessante debater esta questão, não com base no conhecimento científico das diferentes sociologias) mas com base na experiência real vivida no contexto da gestão de conhecimento e aprendizagem organizacional!
Ninguém tem nada a opinar? Ninguém tem coragem de alimentar esta grande questão?
Será que existe algum Trabalhador que nunca tenha sido “levado” a pensar na sociologia das organizações, na sociologia do conhecimento organizacional e ainda na sociologia de trabalho, em algum momento da sua vida profissional?
Acho muito interessantes essas 3 existências que descreve: ser, saber e estar. Acho também muito interessante a forma como procura relacionar o “social” (em) que vivemos com as organizações.
O que me é dado perceber nesta altura é que as pessoas se procuram envolver mais na sociedade. Parece-me que tal acontece por três razões principais:
1. a situação que atravessamos não é favorável, as pessoas estão desiludidas com o Sistema e com a Política, e perceberam que é melhor deitarem, elas próprias, mãos à obra;
2. as ferramentas e sites sociais (como o Facebook, por exemplo) facilitam a intervenção, a participação e o envolvimento (ver exemplos em Cidadania 2.0, evento que organizo); e
3. essas mesmas ferramentas e sites sociais dão visibilidade às acções das pessoas e à não-acção das pessoas, constituindo assim um motivador por reconhecimento ou penalização implícitos.
Se os indivíduos estão mais preocupados e interventivos, cabe às organizações acompanhar este movimento. Não só enquanto entidades para não ficarem atrás, para se distinguirem da concorrência, etc., mas também enquanto empregadoras preocupadas em agradar os seus melhores colaboradores.
Esta dinâmica gera diferentes “conhecimentos”, conhecimentos esses que podem ser aproveitados para gerar riqueza para a organização e para os seus colaboradores.
Por outro lado, a identificação de áreas de interesse comuns entre colaboradores (o interesse em ajudar populações desfavorecidas, por exemplo) permite criar redes sociais internas à organização e com pessoas de outras organizações, tecendo malhas de partilha de conhecimento, fortalecendo a rede de contactos, etc..
Qual a sua opinião em relação a isto, Aniss? Qual a sua perspectiva? E a dos outros?
Bom dia Ana,
Concordo plenamente com o seu comentário e se me permite acrescento mais um “aspecto”, que julgo ser muito importante e motivador para todos os portugueses:
– A Civilização Portuguesa, a Cultura Portuguesa, ou melhor, a Sociedade Portuguesa, possui todos os requisitos em termos de, “SER”, “SABER” e “ESTAR” social que eu lancei no seu portal, à procura do ponto do partida e do caminho para a adaptação à mudança, à globalização, aos novos tempos, à nova sociedade global! E esse caminho, julgo eu, passa por uma mudança cultural, quer em termos organizacionais, quer em termos puramente sociais, quer, por último, em termos humanos.
O que tem a dizer sobre isto Ana?
Ana, respondendo a esta sua pergunta:
“Qual a sua perspectiva?”
Entendo que o “SER”, “SABER” e “ESTAR” social que vivemos com as organizações é uma questão cultural,cujo argumento passa pela nossa conduta diária em termos de Aprendizagem Organizacional, na mais pequena tarefa, na nossa atitude, na nossa reação a qualquer tipo de acção (mesmo as mais insiginificantes e desinteressantes),na forma de “ver” aqueles que nos rodeiam, na forma de pensarmos quando nos relacionamos com os mesmos (nível de conhecimento=”saber”), estarmos mentalmente abertos, e mantermo-nos sãos para conseguirmos em conjunto, criar uma cultura de melhoria contínua; criando valor organizacional, social e humano; dignificando a qualidade de vida de todos OS SERES que constituem o grande palco chamado “VIDA”! Em que é que concorda comigo Ana?
Bom dia Ana,
Gostaria de corrigir parte do meu último comentário.
Onde digo “estarmos mentalmente abertos, e mantermo-nos sãos para conseguirmos em conjunto, criar uma cultura de melhoria contínua; criando valor organizacional, social e humano; dignificando a qualidade de vida de todos OS SERES que constituem o grande palco chamado “VIDA”!”
Quero dizer:
Creio que só uma adequada e qualificada mudança da cultura organizacional nos pode levar a um caminho verdadeiramente novo e inovador e nos prepara para enfretarmos, com coragem e capacidade, um novo e complexo horizonte no domínio dos diferentes conhecimentos.
Calculo e vejo que esses novos domínios de conhecimentos, paralelos ao conhecimento puramente teórico/científico, darão resultados, se só se, for trabalhado uma base de conhecimento efectivo e prático, e todos em conjunto derem o seu melhor e partilharem todo o seu saber (sem distinção de classes de inteligências, e/ou capacidades e/ou competências)na procura de harmonização e equilíbrio da organização (sociedade organizacional) e por consequência de si próprio enqaunto ser social, ético e humano.
Gosto de uma frase que diz que: “Ventos de mudança sopram, cabe a nós decidirmos se construímos um muro ou um Moinho!”