O Público de hoje traz uma notícia sobre a iniciativa PT Escolas que este ano irá criar dez “escolas do futuro”. Para além disso,
“Até Janeiro do próximo ano, carruagens de comboio com oficinas do conhecimento – espaços equipados com computadores – vão circular por todo o país para estimular os alunos do ensino básico e secundário a criar os seus próprios conteúdos na Internet.” (in Público.pt, 23/10/06)
Reparem bem: “oficinas do conhecimento – espaços equipados com computadores”…
Para além do facto de eu detestar a expressão “oficina do conhecimento”, como é possível definir uma oficina do conhecimento como um espaço com computadores? Que visão tão limitada e limitativa é essa?
Infelizmente parece ser uma visão que reflecte a abordagem até agora adoptada por Portugal quanto à Sociedade do Conhecimento. Portugal tem investido no conhecimento… comprando computadores para as escolas e ligando-as em rede. E depois? É como construir capoeiras e esperar que se façam omeletes…
Achei este ponto de vista bastante interessante, porque é um dos problemas que deparei principalmente “estimular os alunos do ensino básico e secundário a criar os seus próprios conteúdos na Internet”, que tem sido uma luta quase impossível de conseguir e não por falta de equipamento (computadores) que eles existe…!
Raquel, gostaria imenso de saber a que se deve essa dificuldade. Pensaria que as camas etárias mais jovens, teoricamente habituadas à “vida online”, estariam despertas, aptas e confortáveis, a partilhar conteúdo na Internet. Porque resistem? Nota que são mais resistentes à criação de determinados tipos de conteúdo ou em determinadas plataformas / sites / ferramentas? Ou é generalizado?
Ana,
O que eu percebo é que os adolescentes não têm dificuldade em compartilhar o conteúdo. Muito pelo contrário, eles sabem de um milhão de meios para fazê-lo. Contudo a história muda quando a questão é a de criar esse conteúdo. Por uma série de fatores, que, na minha opinião vai desde o educacional até o momento de transição tecnológica pelo que passamos, os adolescentes realmente não tem muita iniciativa para criar o conteúdo. Acho isso bem natural, pois há tempos vemos a “preguiça” dessa faixa etária na leitura e produção escrita, o que está sendo transportado para a web. A maioria ainda não sabe como lidar com a criação de outros arquivos audiovisuais, por isso foquei na leitura e na escrita.
Como Fernando comenta,
“os adolescentes realmente não tem muita iniciativa para criar o conteúdo (…), pois há tempos vemos a “preguiça” dessa faixa etária na leitura e produção escrita”. Pois, na grande maioria das camadas etárias mais jovens, muitas vez se limitam a pesquisar, copiar e colar.
Ana, mesmo verificando os significados que podem ser atribuídos a capoeira no Priberam, ficou vago o sentido de sua última frase no texto: “É como construir capoeiras e esperar que se façam omeletes… “.
Há diferenças muito fortes nas duas línguas.
O que eu quis dizer é que não basta construir capoeiras – casas para as galinhas – e esperar que, só por existir a infraestrutura, as galinhas apareçam, ponham ovos e se façam omoletes. Há muitos outros aspectos a considerar e a cuidar para além da infraestrutura. Fica mais claro assim, Ferdinand?
Interessantemente capoeira no sentido de “casas para galinhas” não aparece listado no dicionário.
Ficamos todos muito gratos com tua explicacação.