Pagar para Receber

Todos estamos habituados a pagar para beneficiar daquilo que queremos. Da mesma forma, todos gostamos de receber dinheiro. Estes dois factos em conjunto levam a que muitas pessoas e organizações optem por pagar (em dinheiro ou em géneros) para que as pessoas tenham uma intervenção activa nas ferramentas electrónicas de colaboração.

Tanto quanto sei nenhum estudo foi capaz ainda de definir se esta é ou não uma decisão acertada. Com a ressalva de que, em algumas organizações, pode ser uma boa opção, pessoalmente não considero que este seja o melhor caminho. Na verdade, ao pagar às pessoas para que estas contribuam está-se, antes de mais, a dizer que a ferramenta não é suficientemente boa, nem a actividade suficientemente útil para justificar o interesse e o empenho dos utilizadores. Segundo, está a criar-se um precedente que dificilmente se poderá replicar para outras ferramentas e dificilmente se poderá continuar para esta. Finalmente, e não menos importante, muitas destas decisões, incentivam a quantidade e não a qualidade. Isto significa que, por vezes, os sistemas acabam por ficar cheios de conteúdo (textos, comentários, etc.) de fraca qualidade. Isto torna mais difícil encontrar o conteúdo que verdadeiramente interessa.

A razão pela qual resolvi escrever sobre isto é porque, recentemente, um cliente de um projecto de consultoria sugeriu pagar uma larga quantia de dinheiro à organização que mais contribuísse para um piloto de uma destas ferramentas. Se tivermos em consideração que o projecto piloto e as organizações envolvidas são todas organizações públicas e governamentais, penso que talvez conseguíssemos acrescentar mais uma razão à lista anteriormente referida, não?

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