Em 1994, John Seely Brown e Paul Duguid escreveram que as três vantagens dos jornais em papel eram:
- a indicação do que faz as notícias já que o espaço físico de um jornal é limitado;
- a disposição das notícias no papel do jornal confere-lhes uma importância e relação com outras notícias;
- uniformidade da informação dado que todos os leitores daquele jornal lerão as mesmas notícias.
Acredito que estas ainda se verifiquem nos dias de hoje mas será que ainda são vantagens?
Como tantos (e tão bons) motores de busca na Internet, será que a quantidade de informação ainda é um problema?
Se eu não conheço os editores dos jornais, porque hei-de confiar neles para decidir o que é importante para mim?
Se os meus interesses e preferências são diferentes dos da pessoa sentada ao meu lado no combóio, porque devo ler as mesmas notícias que ela?
Para todos nós que ainda não dispõem dos últimos dispositivos electrónicos móveis, é óptimo poder pegar na versão em papel do nosso jornal preferido para ler a caminho do trabalho. A notícia num jornal é também um óptimo tópico para iniciar uma conversa e saber que jornal uma pessoa lê é um óptimo indicador do seu estilo e interesses (todos nós já formámos opiniões sobre uma pessoa com base no jornal que ela lê).
O que é interessante é que, todas estas razões seriam exponencialmente melhores ou poderiam ser mais bem aproveitadas, se lêssemos os jornais online. Blogs, wikis, sindicância de conteúdo e outras ferramentas da Web 2.0 abrem novas possibilidades, criam novos hábitos de trabalho, e estão a mudar definitivamente a face da indústria noticiosa.
Bibliografia:
Brown, J.S. and Duguid, P., Borderline Issues: Social and Material Aspects of Design, Human-Computer Interaction, 9 (1), pp. 3-36 ()