Quando se fala em comunidades de prática, é frequente falar nos diferentes papéis que os seus membros podem desempenhar ou, antes, nos diferentes nomes que se atribuem aos membros de acordo com o tipo de participação na comunidade.
Um dos nomes que frequentemente surge nestas conversas é o de “lurkers” usado para designar aquelas pessoas que consomem os produtos e benefícios de uma comunidade sem que para ela contribuam.
“Lurker” é uma palavra com uma conotação bastante negativa e que eu não gosto de usar. No entanto, nunca fui capaz de conseguir explicar, nem a mim mesma, por que razão sempre me senti tão mal a usar a palavra.
A semana passada, porém, durante um workshop com um cliente, a minha colega Kate pôs em palavras as minhas reticências. Muito simplesmente ela disse que apesar de alguns membros poderem não ter uma participação activa aparente, eles podem ser muito influentes na comunidade e continuar as conversas e trocas de experiência fora dos locais visíveis de interacção da comunidade.
E isto é, essencialmente, a razão pela qual não gosto da palavra “lurkers“. A palavra é demasiado prejurativa e não faz jus à participação e ao impacto que os membros menos visíveis podem ter na comunidade.
(Aproveitei a oportunidade para ir ver quais as palavras usadas por Etienne Wenger et al no Cultivating Communities of Practice, 2002, e eles falam em membros periféricos ou externos.)
Ana
também concordo que a palavra não traduz bem o processo que pode ocorrer. Podes não estar ativamente participando naquele momento, mas és um multiplicador em potencial, caso tenhas entendido o conteúdo.