Segundo palavras do jornal Público no dia 23 deste mês:
O Plano Tecnológico da Educação, que vai ser apresentado hoje, prevê que cada sala de aula tenha um computador, uma impressora e um projector, num investimento que ultrapassa os 400 milhões de euros.
Outro dos objectivos, mas para 2010, é ter dois alunos por cada computador com ligação à Internet de banda larga.
Folgo muito saber que há uma preocupação do governo em investir em material informático para as escolas e em melhorar o acesso dos alunos à Internet. No entanto, não posso deixar de me perguntar: e o conteúdo?
O conteúdo existente em língua portuguesa é pouco e menos ainda é o conteúdo de qualidade em português. Teoricamente um maior acesso à Internet permite que mais conteúdo seja criado. Mas, todos nós sabemos que estas coisas funcionam como uma pescadinha de rabo na boca. As pessoas contribuem se virem outras fazer o mesmo; criam conteúdo se já houver conteúdo de base ou que sirva como inspiração.
Além disso, continuo hoje a detectar uma baixíssima participação activa dos portugueses (atenção aqui ao facto de dizer “portugueses” e não comunidade de língua portuguesa – os brasileiros, por exemplo, têm um comportamento bastante diferente) em espaços de colaboração e interacção online. Imensas listas de discussão permanecem abandonadas por falta de participação. Os moderadores desistem, cansados e frustrados depois do impulso inicial. As pessoas parecem perceber as vantagens destes espaços no sentido em que neles podem aprender com a experiência dos outros mas muito poucas parecem dispostas a partilhar a sua. Não penso que isto reflicta necessariamente o comportamento dominante nas organizações portuguesas mas é o que se verifica online.
Com este tipo de atitude, não basta dar computadores e acesso à Internet aos alunos. É importante que haja um investimento:
- na criação de conteúdo de qualidade;
- na criação de espaços online que despertem os comportamentos sociais dos internautas;
- na formação de pessoas capazes de facilitar a actividade e interacção nesses mesmos espaços.
Continua a ser fácil investir em caixas e linhas, coisas que facilmente se podem medir, mas parecem ficar esquecidos os outros aspectos, menos tangíveis mas que fazem a diferença.
Ana
Não sei como é a política de ensino da língua inglesa em Portugal. Por isso desculpe se trato de forma inadequada este assunto.
Penso que o ensino de inglês deveria ser iniciado no “Kindergarten”, e continuado nos anos seguíntes comm muita ênfase.
O mundo moderno/global exige isso.
Quando mencionas sobre falta de bom conteúdo, indiretamente estás falando das barreiras de língua.