Não é segredo que sabemos mais do que pensamos saber e que usamos o que não sabemos saber, constantemente, no nosso dia-a-dia. E, porque não sabemos bem o que sabemos, ficamos espantados quando conseguimos fazer coisas que não pensávamos conseguir ou quando respondemos a questões a que não sabíamos ser capazes de responder.
Foi espanto que senti quando, durante o workshop “Gerir conhecimento na prática” que facilitei no dia 30 de Janeiro em Oeiras, me ouvi responder a uma questão com palavras que nunca tinha exteriorizado e saberes de que nunca me tinha consciencializado.
A questão era sobre auditorias de conhecimento e, mais especificamente, sobre qual o tipo de pessoa mais indicado para realizar entrevistas: pessoas internas à organização (colaboradores) ou externas (consultores).
A resposta que dei é que, como em tudo, depende. No entanto, como “rule of thumb“, se existe na organização um grande espírito de equipa e amor à camisola, um consultor externo pode não conseguir extrair os aspectos menos positivos e os maiores obstáculos aos processos de conhecimento na organização.
No caso de uma organização em que não há muito sentido de um todo e em que os colaboradores se sentem empregados, um consultor externo tem muito mais probabilidades de obter a informação necessária para criar uma imagem real da situação da organização face aos processos de conhecimento.
Claro que não é ciência ou teoria comprovada. No entanto, depois de ter dito isto, tenho pensado bastante e estou convencida de que o que disse, sem pensar, reflecte a experiência que adquiri ao longo dos últimos seis anos, fazendo auditorias de conhecimento como consultora externa e como empregada das próprias organizações (como por exemplo o que fiz na NHS).
É espantosa a forma como o nosso cérebro funciona e nos surpreende!
Como auditor, tenho lido com muito interesse os artigos sobre as auditorias de conhecimento produzidos por Ana Neves, tanto que, hoje, sinto-me cada vez mais apaixonado pelo tema e é meu desejo efectuar uma auditoria de conhecimento à organização onde trabalho (em Moçambique).
Fico muito contente por se interessar pelo tema e pelo facto de os meus textos o incentivarem. As auditorias de conhecimento são, sem dúvida, uma óptima ferramenta de diagnóstico e também de comunicação.
Boa sorte e, se precisar de ajuda, avise 🙂
Hugo, senti-me tão motivada pelas suas palavras que resolvi dar continuidade ao tema e escrever um artigo. Desta feita sobre o que considerar numa auditoria de conhecimento, qual a melhor altura para a realizar e os objectivos que a devem orientar. Espero que goste.
Na minha experiência na implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade, de base zero, num serviço da administração pública , em que optamos por primeiramente uma equipa interna para recolha e registo dos procedimentos e posteriormente a intervenção dos auditores externos, foi um caminho escolhido atendendo ao conhecimento da organização como um todo. Julgo que também na implementação de um Projecto de Gestão do Conhecimento a escolha do elemento que irá conduzir o desenvolvimento do projecto deverá incidir sobre alguém que conheça bem a empresa a todos os níveis para que a abordagem seja a mais acertada e seja bem sucedida.
Concordo consigo, o nosso cérebro sabe muito mais do que nos apercebemos saber.
Obrigada pelas suas palavras inspiradoras.
Obrigada eu, Anabela, pela experiência que partilha.