A comunicação e os rumores

Estou a trabalhar num projecto que tinha um workshop com uma amostra de utilizadores finais marcado para meados de Julho. O objectivo do workshop era apresentar o sistema que estamos a desenvolver em estado de protótipo. E a forma como tínhamos planeado o trabalho era de forma a, nesse protótipo, apresentar, não todo o sistema, mas apenas uma das secções: a que é mais inovativa e que, como tal, tem interfaces e workflows que merecem ser testados junto dos utilizadores.

Depois de “validada” essa secção, passaríamos, então, à implementação das secções seguintes.

Porque nos foi, entretanto, imposto um deadline para uma das outras secções para meados de Julho, vimo-nos obrigados a começar o trabalho de desenvolvimento com as outras secções. E, por isso, pedimos ao cliente para comunicar aos utilizadores da mudança de data.

E o que é que o cliente faz? Envia um email dizendo que o workshop teve de ser alterado para Agosto, numa data ainda a confirmar.

Adorei a forma como explicam a razão da alteração (não explicam!) e como, consequentemente, irão deixar os utilizadores finais convencidos de que o projecto está um mês atrasado (não está!).

E esta história pouco teria de interessante e de consequente não fossem dois pequenos factos:

  • a pessoa que enviou o email é responsável de marketing do nosso cliente (grande marketing foi feito a este projecto com este email…)
  • o projecto é financiado pelo Governo, pelo que um (imaginado) atraso no projecto é imediatamente interpretado como uma má utilização de dinheiro público.

Nada como, na comunicação, não deixar espaço a rumores.

1 comment

  1. Ferdinand 6 Fevereiro, 2011 at 17:17 Responder

    Se quiseres espalhar uma notícia como fogo, basta dizeres que é secreto, ou que não passa de um boato.

    Aqui no Brasil, temos no chão de fábrica a figura de “rádio peão”, que pode exagerar mas não inventa. Se deu na rádio peão pode se preparar!

    Fico impressionado com a velocidade como os rumores se espalham.

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