KM Brasil e KM no Brasil

Em 8 anos de vida em Londres, muitos deles a trabalhar em gestão de conhecimento e mudança cultural, tenho tido muitas oportunidades de assistir e apresentar em conferências subordinadas a estas temáticas. Conferências essas na sua maioria organizadas por empresas profissionais.

Para mim foi uma agradável surpresa encontrar no KM Brasil 2008 uma organização tão profissional, que deixa muito pouco a dever às conferências a que estou habituada. E, para mim, o mais surpreendente é saber que o KM Brasil 2008 é fruto do trabalho de voluntários, pessoas que acreditam que a gestão de conhecimento é uma área prioritária para as organizações e que se comprometeu a espalhar a palavra.

Para além deste grande evento, considerado o maior da América Latina nesta matéria, a Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento (SBGC) tem também uma série de outros projectos em mão que prometem dar que falar e, acima de tudo, que prometem mexer o panorama organizacional brasileiro. São exemplo disso:

  • os planos de trabalhar com a Fundação Nacional da Qualidade com o intuito de influenciar a forma como a gestão de informação e conhecimento é avaliada no contexto do Prêmio Nacional de Qualidade;
  • a Agenda Brasil do Conhecimento que visa olhar o papel da gestão de conhecimento como forma de melhorar o desempenho de um país, atentando às empresas públicas, privadas, do terceiro sector e da academia. Vale a pena ler uma mensagem de Sérgio Storch na área de discussão da SBGC (é preciso registo para aceder mas penso que valerá a pena já que tem havido conversas muito interessantes).

Para a SBGC, uma grande salva de palmas e votos de que continuem com o mesmo espírito empreendedor.

Apesar de não ter tido muito tempo para me sentar e ouvir as apresentações que recheavam a agenda do evento, assisti a algumas. Aproveito para referir dois projectos de que tomei conhecimento durante os dias do evento: Wikicrimes e a Editora Abril.

O Wikicrimes que, de acordo com o seu idealizador Vasco Furtado, tem como objectivo “fornecer um espaço comum de interação entre as pessoas para que as mesmas façam as notificações [de crimes] e possam acompanhar onde os crimes estão ocorrendo” (vejam no Blog do Vasco mais informação sobre o projecto, os conceitos subjacentes, projectos relacionados e a divulgação que tem tido).

Este projecto é bastante interessante porque coloca as ferramentas sociais ao serviço de participação pública, da sociedade. Até certo ponto com interesses semelhantes a alguns outros projectos britânicos de que já aqui tinha falado.

Os vários projectos da Editora Abril que tem vindo a explorar ferramentas sociais para expandir a sua dominante presente até ao mundo online. Assim, sites como os associados às publicações Casa, Mundo Estranho e Viagem, bem como o site que criaram para a comemoração dos 100 anos da imigração japonesa, são exemplos interessantes.

É bom ver as ferramentas sociais a penetrar nas organizações brasileiras como forma de “entruzar” com o público. Mas, e para quando exemplos das ferramentas sociais a serem usadas no seio das organizações, em vez ou em parceria, com as mais tradicionais ferramentas para comunicação e gestão de conhecimento? Gostava imenso de saber casos de organizações que já o fazem, em Portugal ou no Brasil. Alô, está alguém por aí que queira dar exemplos?

4 comments

  1. Marcelo Mello 6 Setembro, 2008 at 00:11 Responder

    Cara Ana,

    com certeza, a honra é de cada um dos presentes no KM BRASIL, em poder desfrutar de sua presença e de sua vasta experiência nesta fascinante área da Gestão do Conhecimento. Adorei sua palestra e a forma como tu apresentas-te as ferramentas de colaboração e sua visão sobre o mar de possibilidades e benefícios para as organizações. Entendo que tua pergunta (Mas, e para quando exemplos das ferramentas sociais a serem usadas no seio das organizações, em vez ou em parceria, com as mais tradicionais ferramentas para comunicação e gestão de conhecimento?) entendo que estamos em meio a uma mudança de paradigma, a qual é lenta pois envolve uma mudança na cultura das organizações. Porém, acredito que estamos avançando.

    Grande abraço,

    Marcelo Mello

  2. Fernando Gualberto 7 Setembro, 2008 at 02:37 Responder

    Caríssima Ana Neves, a sua palestra “Impactos Organizacionais das Ferramentas Sociais da Web 2.0” foi sem dúvida um dos pontos altos do KM Brasil 2008, o qual foi o mais organizado e aquele que despertou maior atenção do público presente, pelo elevado nível dos palestrantes e dos conteúdos apresentados, digo isso porque participei de 6 (seis) das 7 (sete) edições do KM Brasil. Sou um dos coordenadores voluntários da Diretoria Nacional o que muito me honra.

    A sua fala prendeu a atenção de todos do início ao fim, pela forma simples e compreensível tanto para aqueles que já dominavam o assunto como para aqueles que lá estiveram pela primeira vez.

    De há muito tinha vontade de conhecê-la pessoalmente, pois já era admirador da forma como você trata o tema GC, além de visitante contumaz do seu portal(que agora ficou ainda melhor)e isso o KM Brasil 2008 me possibilitou.

    Parabéns pela sua brilhante participação no KM Brasil e que volte no próximo que acontecerá em Salvador – BA.

  3. Luiz Claudio Araujo Ferreira 26 Setembro, 2008 at 23:40 Responder

    Ana:

    Como integrante de um comitê de inovação na minha empresa e participando pela primeira vez do KM BRASIL, fiquei encantado com a sua simpatia e competência em tratar temas que costumam colidar com a cultura da maioria das organizações. Para mim, só por ter tido a oportunidade de assistir sua palestra, já valeu participar do evento. Parabéns !

  4. Ana Neves 27 Setembro, 2008 at 08:48 Responder

    Muito obrigada pelas vossas simpáticas e elogiosas palavras. Fico contente por conseguir agradar e inspirar as pessoas com quem tenho oportunidade de partilhar a minha experiência.