Web 2.0 nas organizações: um estudo da McKinsey

Faz quase dois meses que o Sérgio Storch me enviou um documento que tem, desde então, estado em cima da minha secretária à espera de ser lido. “Building the Web 2.0 Enterprise” é um sumário dos resultados de um estudo realizado pela McKinsey Quarterly em Junho deste ano sobre a adopção de ferramentas sociais nas organizações. Este estudo, no seu segundo ano, revela as tendências observáveis e tenta desvendar um pouco das razões e consequências.

A primeira observação dos autores é que, em relação ao ano passado, há mais organizações a usar ferramentas web 2.0, cada organização está, em média, a usar mais ferramentas web 2.0, e estas estão a ficar disponíveis para um crescente número de colaboradores.

É interessante ler que a percentagem de organizações contentes com o impacto das ferramentas web 2.0 é muito semelhante à percentagem de organizações insatisfeitas. Mais interessante é ver (no gráfico 8) a relação entre a satisfação com os resultados e o departamento que liderou o processo de “disponibilização” de ferramentas. Organizações em que o departamento de Informática liderou o processo de escolha da tecnologia sem envolvimento profundo do resto da organização são as que sentem menor satisfação com as ferramentas sociais. Sem muitas novidades, não é verdade? Eu não sou minimamente contra os departamentos de Informática ou Tecnologias de Informação e muito menos contra os informáticos (afinal eu sou licenciada em Engenharia Informática). No entanto sou contra qualquer projecto que vise criar uma ferramenta ou processo organizacional e que não envolva as pessoas a quem a ferramenta ou o processo afecta ou se destina.

Nas organizações insatisfeitas, o estudo revela que poucos colaboradores utilizam as ferramentas. Infelizmente não dá para perceber se isso é causa ou consequência.

De um ponto de vista pessoal, fiquei:

  • bastante satisfeita por ver que os números e a riqueza de experiências estão a aumentar
  • entusiasmada por pensar que os próximos meses vão certamente ver estes números crescer
  • curiosa para saber as razões pelas quais algumas das organizações não estão satisfeitas
  • surpresa pela taxa de utilização de blogs e wikis na Índia, de blogs na Asia-Pacífico (muito mais do que eu esperava) e de blogs e wikis na Europa (menos do que eu pensava)
  • interessadíssima na lista de obstáculos apontados para o sucesso das ferramentas web 2.0 nas organizações e a relação destes com o nível de satisfação actual, e
  • radiante por ver que as principais razões para a utilização destas ferramentas no seio das organizações são a gestão de conhecimento, a colaboração e a melhoria da cultura organizacional.

O Olivier Amprimo, a Thiane Loureiro e o Ricardo Fortes da Costa fazem análises interessantes a este mesmo estudo.

A propósito de estudos sobre a implantação de ferramentas sociais nas organizações, faço aqui referência aos resultados de um outro trabalho, este especificamente sobre blogs corporativos no Brasil.

Para finalizar acrescento que, enquanto escrevia este post, visitei o site da McKinsey e, à entrada, foi convidada a responder a um questionário sobre ferramentas e redes sociais. Interessante ver o interesse desta grande consultora internacional nas ferramentas sociais.

Questão do questionário da McKinsey sobre ferramentas sociais

Uma das questões do questionário da McKinsey sobre ferramentas sociais

 

 

Questão do questionário da McKinsey sobre ferramentas sociais

Outra das questões do questionário da McKinsey sobre ferramentas sociais

4 comments

  1. Viviane 6 Outubro, 2008 at 13:32 Responder

    Ana

    Parabéns pelo trabalho no portal Kamol! a pesquisa é muito interessante … reforça um pouco a minha convicção de que estamos no limiar de uma “nova era” na comunicação organizacional (minha área de estudo e pesquisa): encontrar um caminho do meio entre o que a tecnologia oferece e a complexidade em que vivemos nas organizações requer um novo modelo de processo comunicativo: não sei bem ainda qual … estou estudando isso há 4 anos … mas certamente não é nada parecido com o que vemos atualmente…

    abçs

    Viviane Werutsky

  2. Ana Neves 6 Outubro, 2008 at 21:29 Responder

    Viviane, tem toda a razão. A complexidade que actualmente caracteriza as nossas organizações e mesmo as nossas vidas pessoas requer novas tecnologias mas também novas formas de usar as tecnologias existentes. Por exemplo, fala-se de usar blogs nas organizações. Os blogs já existem há alguns anos mas só recentemente começaram a ser usados nas organizações. E mesmo as organizações que estão a usar blogs não estão a ser capazes de se questionar e repensar como a tecnologia que suporta os blogs pode ser usada de forma mais adequada à sua realidade e forma de trabalhar. Mais sobre isso numa entrevista que cedi recentemente.

Leave a reply