O Lee Bryant deu a sugestão e eu fui ler o post do Russell Davies. É um post sobre como os objectos e os locais têm um aspecto mais acolhedor, mais caseiro, quando mostram pátina, isto é, quando mostram as consequências físicas de serem usados e de terem idade. Diz o Russell Davies, e eu concordo, que é muito agradável ir a restaurante, por exemplo, e ver, sentir que muitas outras pessoas já lá estiveram.
Mas, o post não é só sobre locais físicos, Davies termina reflectindo sobre o conceito de pátina na Internet. E foi essa associação que atraiu Bryant e que me atraiu a mim.
Construir um site é relativamente fácil, o que é difícil é conseguir que atrai a atenção das pessoas, em especial a das pessoas a quem queremos chamar a atenção, e que, se for um site “social”, convença as pessoas a investir o seu tempo e a participar activamente.
Eu, pessoalmente, dificilmente participarei num site a não ser que já muitas pessoas, ou pessoas que eu conheço, tenham feito o mesmo. Mesmo que o tópico me seja muito querido, é preciso muito para que eu dê o primeiro passo. E eu tenho a certeza de que não sou a única.
Assim, lançar um site é fácil mas animá-lo e mantê-lo activo é outra história. E, se sites como o Flickr (que Davies refere) têm a sua pátina devido ao número de pessoas que constantemente o vão usando, a verdade é que para chegarem lá ajuda terem… pátina ou, pelo menos, parecerem ter pátina. Parece uma pescadinha de rabo na boca, não é? Pois bem, essa é a realidade.
A solução? Não há uma solução única nem muito menos garantida mas, para além do design que pode ajudar a criar essa sensação, ficam duas ideias:
- antes de lançar um site, ou pelo menos antes de o publicitar, garantir que tem conteúdo para atrair a audiência pretendida, e
- se for um site que peça a participação das pessoas, garantir que o site já tem conteúdo de vários utilizadores e/ou de pessoas que os visitantes reconheçam e respeitem.
Um exemplo da primeira abordagem é o site Metrotwin, da British Airways, que só agora foi oficialmente lançado apesar de estar online há já algumas semanas. Durante esse tempo, várias pessoas foram convidadas a aceder de forma a testar a funcionalidade mas o objectivo era também o de criar conteúdo. O resultado: o site tem imenso conteúdo para capturar o interesse de quem o visita. Vamos ver se a abordagem resulta e o site consegue, de facto, assegurar a participação de quem o visita já que o site depende disso.
Eu chamo a esta estratégia, Estratégia de Credibilização.
Parece-me que a estratégia da British Airways está correcta. Mas talvez o objectivo da BA não seja só o de habituar as pessoas ao site e começar a criar comunidade. Sendo uma organização de prestígio, provavelmente quererá garantir o sucesso do projecto, adaptando-o aos testes em real que as pessoas vão fazendo.
Sem dar muito nas vistas e sujeitar-se a um flop, a BA garante a qualidade do site, quer ao nível tecnológico, quer funcional, quer de conteúdo, aproveitando para gerar comunidade. É a cereja no bolo.
Ao fim e ao cabo está a utilizar uma estratégia similar ao lançamento das versões Beta, hoje frequentes na web e de que este mesmo site é um exemplo.
Num site muito recente que estou a lançar (www.superindustria.com) sigo esta mesma estratégia.
Devido à complexidade do site e do modelo negócio que lhe está subjacente, pareceu-me melhor ir convidando pessoas conhecidas para o utilizarem e testarem dando-lhes ao mesmo tempo informação relevante. Estas pessoas estão a começar a convidar outras e espero muito brevemente já ter reunido um conjunto significativo de opiniões e referências, e gerado alguma comunidade.
Entretanto o site está lançado e, se tudo correr bem, a sua apresentação oficial aos media será efectuada nos próximos meses.
Como este processo ainda está no início, pode ser analisado nos próximos tempos e ver se a estratégia funciona. Pode ser que venha a ser um case study. Vamos ver.
No entanto, para garantir o sucesso desta estratégia estou a complementá-la com um conjunto de acções na designada economia real, que permitam elevar os índices de interesse pelo site. Devido à profusão de sites, para lançar um site já não chega só a internet é preciso algo mais, talvez “buzz”, talvez associação a outras marcas, …
Os próximos meses o dirão.
Obrigada pelo seu comentário bem relevante, José Pedro.
Diz, no seu comentário, que o SuperIndústria, “pode ser que venha a ser um case study”. Se o que quer dizer com isso é que talvez venha a escrever um caso de estudo para o KMOL com base nesse projecto, fico a torcer para que sim. Se queria dizer que pode ser que a sua abordagem transforme o projecto num sucesso, eu espero que sim, que venha a ser um sucesso, mas tenho que… picar um pouco 🙂
Todos os projectos em que trabalhamos são casos de estudo, quer sejam ou não bem sucedidos. Infelizmente, na grande maioria das vezes as pessoas / organizações não têm coragem para contar a história dos projectos que ficam àquem do desejado.
Pois bem, deixo aqui o desafio, ao José Pedro e a quem mais que esteja a ler: não se esqueçam de contar a história de todos os vossos projectos. De preferência façam-no também através do KMOL mas, pelo menos, contem-na internamente nas vossas próprias organizações.