Auto-avaliação em Competências de Gestão de Conhecimento e Informação

Quando trabalhava na NHS Modernisation Agency, uma agência do Ministério da Saúde britânico, actualmente já extinta, estive envolvida num projecto bastante interessante que visava a criação e disponibilização de uma ferramenta para auto-diagnóstico e auto-avaliação de competências e comportamentos relacionados com a gestão de conhecimento e informação. A ferramenta resultou de uma parceria entre a NHS Modernisation Agency e a TFPL. Esta última, uma empresa privada, teve a ideia e usou-nos como organização-piloto a fim de concretizar, testar e aperfeiçoar a ideia.

Pretendíamos utilizar a ferramenta com o objectivo de auto-diagnóstico e auto-avaliação. Não era de todo nosso objectivo utilizá-la para avaliação de desempenho de colaboradores, tanto é que o sistema de permissões foi implementado de tal forma que um utilizador podia apenas ver os seus resultados. No entanto, nada impedia um utilizador de imprimir os resultados e utilizá-los para guiar conversas com os recursos humanos ou com a sua chefia no sentido de planear o seu desenvolvimento pessoal.

A ferramenta era, no fundo, uma listagem de competências e actividades / comportamentos relacionados com a gestão de conhecimento e de informação. Esperava-se que os colaboradores usassem essa lista para reflectirem sobre o nível em que se encontravam em cada uma das competências e a frequência com que demonstravam os comportamentos identificados. Era também, quanto mais não fosse, uma forma diferente de frisar quais as competências e os comportamentos valorizados pela organização e esperados dos seus colaboradores.

Assim, as competência incluíam comunicação escrita, capacidade de pesquisa de informação, conhecimentos sobre categorização, etc., enquanto que os comportamentos incluíam a partilha de conhecimento e informação, a reflexão sobre projectos concluídos, etc..

Infelizmente, por razões diversas, a ferramenta demorou a ser concluída e, quando ficou concluída, a NHS Modernisation Agency estava já em fase de balanço. Assim, não me foi possível ver a concretização deste projecto. Sei, no entanto, que outras partes do Ministério da Saúde e do NHS (Serviço Nacional de Saúde) britânicos estavam interessados e, o que é certo, é que a ferramenta está agora a ser comercializada pela TFPL sob o nome de Knowledge and Information Management Skills Toolkit. A página do Skills Toolkit no site da TFPL dá instruções sobre como testar a ferramenta sem quaisquer obrigações.

Já agora vale a pena dizer que não tenho qualquer relação especial com a TFPL nem nenhuma comissão na ferramenta. A razão pela qual resolvi escrever sobre este projecto foi porque alguém, recentemente, me perguntou sobre esse projecto e me obrigou a reviver a pena que senti por nunca ter podido ver os colaboradores da NHS Modernisation Agency a usar o Skills Toolkit.

4 comments

  1. Jacqueline Ricarte 5 Fevereiro, 2009 at 19:01 Responder

    Ana, gostei muito de saber desse projeto, ao qual esteve envolvida. Aqui no Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – Funbio, onde sou responsável pelo Centro de Documentação, estamos iniciando um projeto para medição de desempenho por competências e penso que possa ser muito interessante nos inteirarmos sobre essa boa prática. Seria possível você nos brindar com uma palestra sobre essa experiência?

    • Ana Neves 5 Fevereiro, 2009 at 22:52 Responder

      Jacqueline, teria muito prazer em partilhar convosco a experiência a minha experiência, especialmente sabendo que poderia ser útil para um projecto concreto que estão a iniciar.

      Entrarei em contacto directo consigo por email para que possamos combinar isso.

  2. Victoriano Nazareth 9 Fevereiro, 2009 at 13:48 Responder

    Tudo o que diga respeito a Avaliação, Competências, Gestão de Informação, me interessam e dispertam a minha curiosidade. Achei interessante a ferramente de avaliação tendo em conta que tratando-se de auto-avaliação não trazem consigo a carga do elemento externo. Embora diga que a aplivação não tem em vista a avaliação do desempenho, parece-me contudo que pode constituir um contributo uma vez levando ao auto-diagnóstico e auto-conhecimento das competências própias do utilizador, vai também permitir-lhe uma melhor definição dos seus objectivos e capacidade de os atinjir. O que lhe parece?

    • Ana Neves 9 Fevereiro, 2009 at 22:32 Responder

      Victoriano, concordo consigo quando diz que a ferramenta poderia ser um auxiliar à avaliação do desempenho. A ferramenta poderia ser usada de várias formas:

      • dando acesso aos chefes para que pudessem ver a auto-avaliação dos membros da sua equipa e poderem usar essa informação no processo de avaliação
      • criando um modo que permite contrastar a auto-avaliação com a perspectiva da chefia sobre os mesmos pontos
      • adicionando ao ponto anterior a possibilidade de outros colegas, de forma anónima, avaliarem o indivíduo nas mesmas capacidades e comportamentos para se conseguir uma avaliação 360º.

      Aliás, uma outra forma de utilizar a ferramenta, era permitir aos colaboradores encontrar colegas com boa classificação nas áreas em que são mais mais fracos e/ou aos RH identificar os mais experientes e as áreas em que há maior necessidade de formação.

      As hipóteses são imensas. Como em tudo, tudo depende dos objectivos e do contexto em que a utilização desta ferramenta se enquadra.

      No caso da NHS Modernisation Agency, os objectivos eram, essencialmente, informar as pessoas sobre o que se espera delas e sobre os recursos disponíveis para que pudessem melhorar as suas capacidades e comportamentos mais fracos.

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