Chefe de Conversas

Quando comecei a trabalhar na NHS Modernisation Agency, o meu título era o de Knowledge Network Manager ou, em português, Gestora das Redes de Conhecimento.

Não era, e penso que ainda não é, um título vulgar. Talvez por isso e pelo facto de sugerir os aspectos mais soft da gestão de conhecimento, era algo de que muito me orgulhava. Apesar disso, a excitação de me poder apresentar enquanto tal esmorecia por quase sempre ter de explicar que as “redes” eram as sociais e não as informáticas.

Hoje lembrei-me disto depois de ter lido um post do Euan Semple com o título Chief Conversation Officer. Nesse post ele recorda a sua experiência na BBC e a forma como, a certa altura, descreveu o seu trabalho com a seguinte frase:

“Aumentar a frequência e a qualidade das conversas que vos ajudam a fazer o vosso trabalho.”

Fui alertada para o post do Euan através do Twitter do David Gurteen que, depois disso, passou uma frase de Thomas Davenport e Larry Prusak que John Tropea tinha feito ecoar:

“Numa economia guiada pelo conhecimento, conversar é trabalho.”

E, porque no Twitter também se estabelecem diálogos, Jeanne Holm acrescentou

“… mas apenas quando dá origem a acção, aprendizagem ou decisões.”

E a resposta de John veio:

“nem sempre dá origem a acção. Podemos estar a construir a nossa rede e descoberta, o que nos pode ajudar mais tarde.”

Penso que títulos como “Gestor de Redes de Conhecimento” ou “Chefes de Conversa” possam ainda estar muito longe de se tornarem comuns. No entanto, penso que já várias organizações começam a perceber a importância das funções inerentes a estes títulos e é com satisfação que se vêem organizações aceitar que colaboradores seus dediquem, pelo menos parte do seu tempo, a provocar, facilitar e capitalizar conversas em prol do conhecimento organizacional.

E terminando com as palavras do David Gurteen que me chamaram a atenção para o post do Euan,

“Gostaria de um trabalho como Chefe de Conversas?”

2 comments

  1. Marcelo Mello 20 Janeiro, 2009 at 16:00 Responder

    Ana,

    fico muito feliz com mudanças como esta. Concordo com você que ainda demorará um pouco para que vejamos popularizados cargos como estes, contudo, muito muito incentivador para todos nós que temos nos dedicado a estudar a gestão do conhecimento e as diversas formas de interação entre as pessoas.

    grande abraço e parabéns pela qualidade de seu portal.

    Marcelo Mello

  2. Ferdinand 15 Abril, 2011 at 21:55 Responder

    Eu por exemplo não tenho perfil para conversador. Prefiro a conversa unilateral com amigos como o Popper, Taleb, Paul Nahin, Dawkins etc…. Estes deixaram mais conversa no ar (para a posteridade) do que eu posso almejar processar. E que assuntos!

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