Do Papel dos Bibliotecários

Hoje à tarde, enquanto me punha a par do que tem acontecido nos últimos dias nos blogs que regularmente leio, encontrei duas reflexões muito interessantes sobre o papel dos bibliotecários na sociedade actual.

A primeira reflexão foi a do Sérgio Storch no seu blog Vou vivendo…. Com o título “Aos bibliotecários, com carinho“, o texto de Storch considera a forma como o papel dos bibliotecários tem mudado ou deveria mudar no contexto informacional e mediático em que vivemos. Será o título – “biblio”tecário – demasiado limitativo tanto no que diz respeito à forma como os profissionais se vêem e actuam como no que diz respeito à forma como outros vêem, respeitam e interagem com eles? E estarão as instituições de ensino a formar profissionais capazes de lidar com os vários canais de informação e a serem profissionais activos na modelação do que se faz e de como se faz informação?

Em resposta ao texto de Storch, Márcia Matos escreveu no seu blog Onqovô? um post sobre Livros e bibliotecários. Em tom provocatório, Márcia Matos termina o seu texto perguntando se os bibliotecários estarão num beco sem saída graças ao cada vez maior acesso aos livros. Digo “em tom provocatório” pois não entendo que possa ter sido uma afirmação sentida. Pois se há cada vez mais livros e maior facilidade a eles aceder, não será o papel dos bibliotecários cada vez mais importante? Não estaremos aqui perante a necessidade de repensar funções e não de as eliminar? Não será o caso de reaproveitar as capacidades, a experiência e a paixão destes profissionais e de os adaptar a um âmbito mais alargado que, no entanto, preserva os mesmos objectivos?

E quem fala em maior quantidade de livros e em maior acesso aos livros, fala também em todos os outros formatos em que a informação está disponível. Diz Storch no seu texto:

“Mas na biblioteca pública a “biblio” também cede há muito tempo para a gibiteca, e nas organizações a “biblio” se expande para a hemeroteca, a videoteca, a midiateca, a mapoteca, a blogosfera da empresa, seus wikis, seu acervo de powerpoints, em todas as áreas densas em conhecimento: marketing,  TI, P&D, compras etc.”

Qual será o papel dos bibliotecários no contexto das organizações, cenário onde actualmente são tão difíceis de encontrar? Qual o tipo de organização irá investir na função de bibliotecário (ou qualquer outro título) como parte da sua estratégia de gerir conhecimento e informação?

Ficaremos por aqui para ver.

5 comments

  1. Simone Alencar 30 Abril, 2009 at 19:19 Responder

    Gostei desse texto, porque mesmo não sendo bibliotecária, tendo muito carinho e respeito por essa profissao. Creio que as empresas que querem ser inovadoras, que trabalham com gestão da informação, de conteúdo, com inteligência competitiva; enfim, as chamadas empresas do conhecimento, devem ter sim bibliotecários e capacitá-los, quando necessário, para as novas funções que a TI exige.

  2. Sônya 4 Maio, 2009 at 15:42 Responder

    Beco sem saída? Como assim?

    Não, minha senhora, está havendo algum equívoco.

    Sinto lhes dizer mas os bibliotecários não estão num beco sem saída! Muito pelo contrário, nós profissionais da ciência da informação rompemos com o espaço físico e atuamos agora no contexto da informação em vários suportes, que vão muito além de um simples livro. Trabalho no Sistema Sebrae, na Unidade de Inteligência Empresarial e participo da construção de bases do conhecimento, bem como na gestão da informação para um cliente muito especial, aquele que tem na Internet uma tecnologia a seu favor para a capacitação e a aprendizagem.

    Os bibliotecários, pelo contrário, romperam com os limites espaciais de todos os “becos” e com certeza estão se saindo muito bem na tela e na rede, obrigada!

    • Ana Neves 5 Maio, 2009 at 14:39 Responder

      Sônya, muito obrigada pelo seu comentário tão cheio da paixão característica de quem adora o que faz.

      Como espero tenha compreendido, eu não acredito que os bibliotecários estejam num beco sem saída. Antes pelo contrário.

      Acredito, antes, que estejam num cruzamento onde podem optar por novos cenários de actuação, novas técnicas, novas tecnologias. As organizações e a sociedade em geral terão imenso a ganhar com o redirecionar da experiência e das competências dos bibliotecários para o âmbito mais alargado dos conteúdos, da informação.

      Estamos, por isso, de acordo.

  3. Sonia 19 Maio, 2009 at 13:39 Responder

    Parabéns pelo texto Ana, vem de encontro com minhas duvidas. Como Bibliotecária vejo um futuro brilhante para nossa profissão, porém percebo que ainda há muitas duvidas tanto por parte do profissional quanto a sua atuação na tão falada “Sociedade da Informação”, quanto da sociedade em geral, que frequentemente resume esse profissional ao guardião de livros.

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