Um senhor ia um dia a passar por uma planície quando vê um rebanho de ovelhas, algumas todas brancas e outras todas pretas. Encantando, resolveu meter conversa com o pastor.
“Que belas ovelhas. É muito difícil cuidar delas?”
“De quais? Das brancas ou das pretas?”
Encolhendo os outros, o senhor respondeu: “Das brancas.”
“Das brancas é”, responde o pastor.
“E das pretas?”
“Das pretas também.”
“E as ovelhas dão muito leite?”
“Quais? As brancas ou as pretas?”
“As brancas.”
“As brancas dão.”
“E as pretas?”
“As pretas também.”
“E produzem queijo com o leite das ovelhas?”
“Com o leite de quais? Das brancas ou das pretas?”
“Das brancas.”
“Com o das brancas sim.”
“E com o das pretas?”
“Com o das pretas também.”
“Olhe, desculpe, mas porque é que cada vez que eu lhe pergunto uma coisa sobre as ovelhas me pergunta se é sobre as brancas ou sobre as pretas e depois a resposta é igual para ambas?”
“É que as brancas são minhas.”
“E as pretas?”
“Também.”
Esta anedota, que ouvi há muitos anos (será que foi pelo Herman José?) e que ainda hoje me dá imensa vontade de rir, vem-me várias vezes à cabeça quando falo com pessoas que consideram que a experiência de implementar gestão de conhecimento difere muito consoante é aplicada num ou noutro tipo de organizações.
Depois de ter trabalhado dentro de organizações e como consultora externa, de ter trabalhado com organizações públicas e privadas, de ter trabalhado em organizações de saúde, serviços, comunicação social, electricidade, etc., sei que as diferenças não são assim tão grandes.
Aliás, as diferenças são tão grandes entre uma organização de advocacia e uma de transportes como seriam, provavelmente, entre duas empresas de serviços. As diferenças são as diferenças que resultam da especificidade de cada organização, não tanto pelo tipo de trabalho que realizam mas pelas pessoas que lá trabalham, pela infra-estrutura e pelos processos que possuem.
Os desafios que se colocam às organizações são quase sempre constantes: por exemplo, a grande quantidade de informação apenas disponíveis em computadores pessoais ou pastas partilhadas mas não pesquisadas, dificuldade em saber quem sabe o quê na organização, baixo reaproveitamento de trabalho e lições aprendidas, etc.. (Pense na sua organização: quase aposto que reconhece nela algum dos problemas que acabei de listar. Acertei?)
O que varia grandemente de sector para sector é a linguagem utilizada. A abordagem, ou melhor, o raciocínio necessário à determinação da abordagem mais indicada, esse é constante.
É por acreditar fortemente nisto que me sinto tão entusiasmada com o impacto positivo que a Rede de Inovação e Conhecimento pode ter para as organizações-membro.
É importante as organizações perceberem que não estão sós e que muitas organizações estão a passar, já passaram ou irão passar pelo mesmo tipo de dificuldades e incertezas no que diz respeito à gestão de conhecimento. É por isso que podem beneficiar da partilha de experiências com organizações do mesmo sector.
“E de outros sectores?”
“Também.”
Muito legal suas idéias. Concordo em tudo. E, como aparentemente você também diria, acredito que só há possibilidade de avanço das organizações: GRUPOS, EQUIPES, SINERGIA, COMPARTILHAMENTO.
Parabéns.
Obrigada pelo seu comentário, Carlos.
Já agora, a anedota foi contada há cerca de 40 anos por um militar da GNR, e filmada pelas câmaras da RTP, durante um momento de descontração dos militares que faziam a segurança da Volta a Portugal em Bicicleta. Uma das melhores de sempre, sem dúvida. Ainda hoje me faz rir.