A semana passada perguntaram-me porque é que, durante uma auditoria de conhecimento, gosto de visitar os espaços de trabalho da organização. Pois bem, aqui fica a explicação.
O espaço de trabalho está intimamente relacionado com a gestão de conhecimento segundo duas perspectivas: a perspectiva operacional e a cultural.
Do ponto de vista operacional, a disposição das mesas de trabalho, a forma como as diferentes áreas de trabalho são distribuídas e separadas, as características das áreas comuns (por exemplo, biblioteca, cantina, corredores), tudo isso influencia a comunicação, a troca de conhecimento, o nível de awareness que os colaboradores têm da organização.
Do ponto de vista cultural, é inegável que a gestão de conhecimento beneficia de uma certa cultura e que a cultura se cria e se propaga não só no que se diz mas muitas vezes através do que se faz. Uma organização que pretenda / defenda / apregoe uma partilha aberta de conhecimento entre as várias camadas da hierarquia organizacional e depois coloque todos os seus directores no último piso do edifício, ou no gabinete do canto, está a enviar mensagens contraditórias. E adivinhem qual vai prevalecer?…
O tipo de mobiliário, as cores, a localização das mesas de trabalho, etc., são tudo aspectos importantes a considerar se queremos garantir que mensagem subliminar enviada é consistente com aquela que verbalizamos.
Um dos primeiros textos publicados no KMOL, em 2001, foi exactamente sobre os aspectos físicos do escritório de uma organização aprendente. Vale a pena reler esse texto de Peggy Stuart e ver as ilustrações de Roberto Ramos.
No ano seguinte, publicámos um outro texto, este de Laurie A. Smith que relacionava o espaço de trabalho com a aprendizagem organizacional.
Tenho visto muitos escritórios em espaços divididos com apenas meia divisória. Resultado: ouves tudo o que os colegas estão conversando entre sí ou ao telefone. Num ambiente desses é que querem que te concentres. Num ambiente barulhento é que tens que ter “insights” , no meio de constantes interrupções.
Percebo que os ambientes são projetados para oferecer uma topografia que facilite a vigilância e não com a produtividade.
Os ambientes que são mostrados como modelos não passam de modelos. Não é para serem usados pela maioria das organizações.
Vamos discordar neste aspecto, Ferdinand. E muito!
Eu sou grande defensora de espaços abertos. Não com meia divisória mas sem qualquer divisória. Sim, há mais ruído mas isso é algo que se pode controlar: uma empresa que saiba desenhar escritórios saberá ter isso em consideração e encontrar formas de dispor o mobiliário e jogar com plantas para quebrar o ruído.
Para além disso, as pessoas aprendem a trabalhar em espaços abertos e começam a reduzir o ruído.
Finalmente, e para trabalho de maior concentração, é indispensável haver espaços mais privados, onde as pessoas possam trabalhar durante curtos períodos de tempo.
É uma questão de adaptação mas a verdade é que é possível trabalhar assim. Já trabalhei assim em várias empresas e, a verdade, é que é muito melhor do que trabalhar em escritórios cheios de salas / gabinetes dos quais também tenho experiência pessoal.
Já agora, para um pequeno olhar sobre um desses escritórios de espaço aberto onde trabalhei, vejam aqui.