Regras de inovação organizacional

Rosabeth Moss Kanter é conhecida pelo que sabiamente tem dito em áreas como a gestão da mudança e a inovação.

Entre o muito que tem escrito, encontram-se as 10 regras para travar a inovação (publicadas no livro The Change Masters, 1983 – Amazon UK e Amazon US).

Apesar de já terem uns anitos, considero-as tão pertinentes que resolvi partilhá-las aqui, fazendo uma tradução livre para português e acrescentando algumas palavrinhas minhas também. (O texto original em inglês está disponível aqui.)

Regra 1: Suspeite de todas as novas ideias que vêm de baixo – porque é nova e porque vem de baixo. (Afinal de contas, se a ideia fosse boa, as pessoas da direcção já teriam pensado nisso há mais tempo, certo?)

Regra 2: Insista que as pessoas que precisam da sua aprovação para agir passem primeiro por vários outros níveis hierárquicos. (Afinal de contas, só os mais persistentes e/ou com tempo disponível devem ser ouvidos. E, com um pouco de sorte, muitos desistirão pelo caminho antes de a ideia deles chegar ao seu gabinete para lhe roubar tempo.)

Regra 3: Peça aos departamentos ou às pessoas que questionem e critiquem as ideias uns dos outros. (Dessa forma basta-lhe apenas escolher a ideia sobrevivente – lá está a questão da persistência outra vez.)

Regra 4: Critique livremente e guarde os seus elogios. Torne claro que podem ser despedidos a qualquer minuto. (Isso deve mantê-los motivados, cheios de vontade de se fazer notar com ideias novas.)

Regra 5: Trata a identificação de problemas como sinais de falhanço para desmotivar as pessoas a alertar para o facto de que algo está a correr mal ou poderia correr melhor. (O medo de errar vai certamente contribuir para uma diminuição do risco.)

Regra 6: Controle tudo cuidadosamente. Certifique-se que as pessoas contam tudo o que pode ser contabilizado, muitas vezes. (Isso garante que a organização anda bem controladinha sem margem de manobra para inovações de última hora.)

Regra 7: Decida fazer reorganizações e mudança de políticas internas de repente, e comunica-as às pessoas na véspera da data em que devem ficar efectivas. (Isso vai manter as pessoas sempre alerta.)

Regra 8: Certifique-se que todos os pedidos de informação são extensivamente justificados e não libere informação facilmente. (Nada de alimentar um bando de curioso!)

Regra 9: Delegue para as camadas inferiores a responsabilidade de reduzir custos, despedir colegas, dar novas funções às pessoas, ou realizar quaisquer outras decisões controversas e desagradáveis que tenha tomado. E peça-lhes que se despachem.

Regra 10: E, acima de tudo, nunca se esqueça que, como líder, já sabe tudo o que de importante há para saber relativamente ao seu negócio. (Afinal é por isso que ocupa a posição que ocupa.)

A todas estas regras, acrescentaria duas outras:

Regra 11: Reduza os intervalos de trabalho permitidos e certifique-se que são desencontrados para que os colaboradores não tenham oportunidade de se encontrar nos corredores, casas-de-banho ou outras áreas comuns. (Afinal eles são pagos para trabalhar e não para conversar.)

Regra 12: Bloqueie a utilização de todo e qualquer site externo durante o horário de trabalho e proíba a participação dos colaboradores em sites sociais. (Se têm tempo livre deveriam estar a fazer horas extra para a empresa.)

2 comments

  1. Sonia Alcântara 8 Fevereiro, 2010 at 19:50 Responder

    Ana, perfeito! A resistência ao novo e a novas ideias está, infelizmente, sempre atual! Por estas e outras, que é fantástico trabalhar a cultura das organizações e ser um agente de mudanças, sempre!

    Cansativo às vezes, mas sempre engrandecedor!

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