No livro Gestão 2.0 Caspar Rijnbach, José Cláudio C. Terra e Mariah Romão têm uma pequena parte dedicada aos parques tecnológicos e à forma como pequenos detalhes podem influenciar a forma como se transformam em centros de conhecimento e inovação.
Esperando que os autores não levem a mal, tomo a liberdade de transcrever aqui cinco parágrafos do livro.
“O paradigma da Inovação Aberta está trazendo também implicações para os parques tecnológicos. Antigamente os parques tecnológicos eram criados por organizações governamentais para gerar centros de tecnologia cujos objectivos eram a atração de capital, conhecimento e empregos para a região. Seu principal foco era atrair grandes centros de pesquisas de multinacionais. A colaboração se dava principalmente entre empresas e universidades, mas na grande maioria dos casos, o relacionamento parava por aí. As empresas não buscavam interação com outras empresas e muitas delas, mesmo fazendo parte do mesmo parque, não trabalhavam juntas. Elas utilizavam o mesmo pool de pesquisadores, os mesmos fornecedores e trabalhavam junto com as mesmas universidades, mas havia pouco trabalho em conjunto.
Algumas empresas, e até gestores governamentais de parques, estão trazendo mudanças para esse cenário, buscando fortalecer o dinamismo entre os participantes. Um exemplo muito significativo nesse sentido é a Philips, com o seu High Tech Campus, em Eindhoven, na Holanda. O tradicional Applied Research Center da Philips foi reformado e transformado em um parque moderno.
A Philips investiu mais de €500 milhões nos últimos anos para expandir o parque e implementar uma série de mudanças pragmáticas e visionárias. O objectivo tem sido aumentar a diversidade e complementaridade dos participantes, sempre visando níveis mais elevados de interação e geração de valor, tanto para a organização quanto para os demais participantes do parque.
Inicialmente, a Philips convidou uma série de parceiros para o seu High Tech Campus, desde fornecedores, consultorias (Accenture), parceiros (Océ) e venture capitalists até advogados de Propriedade Intelectual. Também implementou uma incubadora para pequenas empresas de base tecnológica, que não somente pagam menos em aluguel, mas também recebem suporte em gestão.
Em seguida, a Philips criou a MiPlaza, uma organização que presta serviços em tecnologia e disponibiliza laboratórios à Philips e a mais outros 200 clientes. O pessoal da MiPlaza gosta de chamar a organização de research hotel. Tamb]em foi implementada uma série de conceitos para aumentar a colaboração entre os participantes no High Tech Campus. Por exemplo, os estacionamentos dos carros estão todos nas fronteiras do parque para que as pessoas sejam obrigadas e andar a pé ou de bicicleta no campus, aumentando, assim, a possibilidade de encontros espontâneos; existe também apenas um restaurante no campus e as empresas são proibidas de abrir cantinas; há um local específico para realizar reuniões ou eventos.
Por fim, o gestor do parque busca várias formas de facilitar o contacto entre os participantes, via palestras, happy hours e apresentações entre atores. O campus também oferece uma série de conveniências, como uma academia, berçário/escola infantil, bancos e lojas. A universidade é somente a alguns quilómetros do campus, facilitando, assim, a colaboração.” (p 57-58)
Este excerpto do livro é para mim de especial significado porque:
- realça a importância de aspectos físicos do ambiente / espaço de trabalho, algo que considero tão importante e de que já falei aqui
- expõe o planeamento necessário para que os parques tecnológicos constituam verdadeiras oportunidades para os seus residentes.
Os parques tecnológicos são cada vez mais. Infelizmente não se vê grande colaboração entre as organizações que os povoam. O que faz a equipa de gestão destes parques? Quais as prioridades por que se orientam? Como estão os princípios da gestão de conhecimento e das redes sociais a ser aplicados nos parques tecnológico? Vale a pena uma reflexão, não?