Utilização de microblogs nas organizações

Bluetwit - screenshot from 2008

Screenshot do BlueTwit Firefox sidebar encontrado aqui. (O número máximo de caracteres indicado é 500 mas este screenshot é de 2008.)

O parágrafo que se segue foi copiado do trabalho “Microblogging Inside and outside the workplace” que será apresentado durante o evento 4th International AAAI Conference on Weblogs and Social Media em Maio deste ano em Washington, DC, nos Estados Unidos.

“Despite their inherent simplicity, microblogs are evolving into a richly nuanced medium for maintaining awareness, building relationships, and finding and sharing valuable information from internal and external sources.”

O artigo descreve um estudo realizado por Kate Ehrlich e N. Sadat Shami com base em microblog posts de colaboradores da IBM. Como dizem os autores, os objectivos deste estudo eram a) entender os benefícios de utilização de microblogs nas organizações e b) perceber se a forma como as pessoas usam microblogs nas organizações difere da forma como o fazem em microblogs públicos.

Para isso, os autores analisaram 5387 posts, de 34 utilizadores que tinham hábitos regulares de escrever em ambos o Twitter (site público de microblogging) e o BlueTwit (clone do Twitter desenvolvido pela própria IBM para ser usado dentro da firewall da empresa).

Manualmente, os autores categorizaram os posts numa de 7 categorias:

  1. indicação de estado (status)
  2. informação (provide information)
  3. posts direccionados (directed posts)
  4. retweets
  5. perguntas (ask questions)
  6. perguntas direccionadas (directed with questions)
  7. desconhecidos / outros (unknown).

As principais observações do estudo são as seguintes:

  • foram escritos mais posts no Twitter do que no BlueTwit
  • as pessoas tinham, em média, praticamente dez vezes mais seguidores (followers) no Twitter do que no BlueTwit e seguiam aproximadamente sete vezes mais pessoas no Twitter do que no BlueTwit
  • dentro e fora da empresa os posts com informação e direccionados são mais numerosos do que os de indicação de estado
  • é mais frequente dar informação fora do que dentro e é mais frequente perguntar dentro do que fora da empresa.

Estas observações são extremamente interessantes e podem, certamente, servir para derivar ideias e conclusões específicas à IBM. No entanto, e antes de se poderem generalizar estas observações (coisa que os autores não tentam fazer), seria importante fazer análises semelhantes:

  • noutras organizações (atentando à dispersão geográfica dos colaboradores e à dimensão da empresa)
  • considerando um número maior de pessoas, especialmente de forma a incluir participantes menos activos
  • considerar a actividade de pessoas que só escrevem posts no BlueTwit e outras que só escrevem no Twitter (perceber as suas motivações e comparar o tipo de posts com os de pessoas que escrevem em ambos os meios).

Não sei se o BlueTwit suporta mensagens directas e privadas para outros utilizadores (as Direct Messages do Twitter) mas foi uma pena que os autores não tivessem aproveitados as entrevistas que realizaram a 25 das 34 pessoas consideradas neste estudo para entender se recorrem a mensagens directas e em que situações o fazem.

É certo que as mensagens directas vão um pouco contra o espírito de partilha e de abertura que caracteriza estas ferramentas e este estudo. Apesar disso, considero que as mensagens directas podem ser uma funcionalidade deveras importante para animação e moderação da corrente pública de posts. Seria interessante saber se é utilizada, consciente ou inconscientemente, para esse fim.

Um outro aspecto que merece atenção futura, como tão bem referem os autores, é o impacto do número de caracteres no tipo de mensagem. Na verdade enquanto que o Twitter aceita um máximo de 140 caracteres, o BlueTwit suporta até 250. Os autores perceberam que estes caracteres extra facilitam a criação de sequências dialogais entre colaboradores mas fica no ar a hipótese de poder influenciar o tipo de interacções de mais outras formas.

O artigo inclui ainda uma série de outras pequenas observações / conclusões que justificam plenamente a sua leitura.

PS: Esqueci-me de referir que não entendo bem a razão pela qual os autores resolveram agrupar na categoria de “informação” posts humorísticos, chalaças, etc.. Acredito que a criação de uma outra categoria para esse tipo de posts poderia produzir um entendimento diferente da conversa que acontece nas organizações. A pergunta que me vei-o de imediato à cabeça foi sobre a percentagem de posts categorizados como “informação” que eram, na verdade, comentários irónicos que não acrescentabam, por isso qualquer valor informativo.

2 comments

Leave a reply