Enquanto lia o trabalho de Enrlich e Shami (de que já aqui falei) sobre a utilização de microblogs, voltei a pensar na forma como a utilização dessas ferramentas, nomedamente do Twitter, evolui: não só para cada um de nós enquanto indivíduos mas também no que resulta da sua utilização colectiva.
Entre vários outros aspectos de bastante relevância, o trabalho dos dois autores refere um número relativamente reduzido de posts com indicação de estado. Pelo menos bastante inferior ao sugerido por outros estudos que os autores apontam e também ao que se poderia esperar numa ferramenta que se tornou conhecida pela pergunta “O que está a fazer?”. Na minha opinião isso deve-se a duas razões principais.
A primeira, também referida pelos autores, prende-se com o tipo de pessoas cujos posts analisaram: pessoas com experiência significativa na utilização destas aplicações. Pessoas menos familiarizadas com estas ferramentas certamente se sentiriam tentadas a alimentar a caixinha de interface com a resposta literal à pergunta (já aqui partilhei a minha experiência pessoal).
A segunda razão prende-se com o facto de que o tipo de posts neste tipo de aplicações tem vindo a mudar significativamente. Com mais pessoas a seguir e a ser seguidas, a paciência para o “estou a sair do banho” ou para o “estou a chegar a casa” vai diminuindo. A tendência é para posts mais sumarentos e relevantes. Ora, mesmo quem vai chegando de novo, rapidamente percebe o tom e se adapta.
Esta tendência viu-se reflectida na própria pergunta do Twitter.

A pergunta original no Twitter

A pergunta actual, depois da recente mudança
Mas se no Twitter a pergunta foi alterada no sentido de dar um melhor contexto à corrente de mensagens que se vêem, a informação de estado continua extremamente importante. Mas talvez mais noutros contextos. Aliada à informação de presença (presencing), a informação de estado pode ser bastante importante na construção de consciência colectiva (awareness) e no sentimento de pertença (belonging), aspectos ambos mencionados no trabalho que referi acima.
Em grandes organizações ou mesmo em pequenas organizações onde os colaboradores não se conseguem ver uns aos outros, informação de presença e de estado são incrivelmente úteis. E vale referir que a informação de estado, no contexto de uma organização, não tem de ser no sentido de dizer “estou sentado à minha secretária” ou “fui fazer café”, mas antes no de dizer “estou a trabalhar com o cliente X” ou “estou a testar hipóteses para um novo produto”.
A título de curiosidade, ficam aqui as “perguntas” que se podem ver noutros sites e aplicações que permitem partilhar informação de estado.
No Facebook: “What’s on your mind?”
No Linkedin: não há qualquer pergunta, havendo apenas uma caixa em branco antecedida pelo título “Network Updates”
No Plaxo: “What are you doing?”
No Skype: “Enter a message here for all your friends to see in their Contacts List”