Gestão de IDI: três casos e uma referência de leitura

Boas Práticas Gestão InovaçãoOntem assisti ao evento “Boas Práticas de Gestão de Inovação”, evento esse organizado pela COTEC, pela Microsoft e pela APCER no âmbito do programa DSIE – Desenvolvimento Sustentado da Inovação Empresarial.

Estava com alguma expectativa para ouvir o testemunho de 6 organizações, todas elas certificadas pela Norma Portuguesa 4457:2007 – Gestão da Investigação Desenvolvimento e Inovação (IDI).

Das seis experiências partilhadas gostaria de destacar três: BIAL, Brisa e Efacec.

BIAL

A primeira apresentação foi da BIAL, empresa portuguesa da indústria farmacêutica, e para a qual a investigação e o desenvolvimento são, sem dúvida alguma, a alma do negócio. Com gastos médios de 800 milhões de dólares no desenvolvimento de cada novo medicamento e com um time-to-market de cerca de 10 a 12 anos, uma boa gestão de IDI e, nomeadamente, de patentes é crucial.

A BIAL gere actualmente 1200 patentes e pedidos de patentes. Para isso, conta com um director e uma equipa de duas pessoas exclusivamente dedicadas. Estas três pessoas constituem a equipa de Capital Intelectual da empresa.

Brisa

A segunda apresentação esteve a cago da Brisa. “A Brisa Auto-estradas de Portugal foi fundada em 1972. Em 36 anos transformou-se numa das maiores operadoras de auto-estradas com portagens no mundo e a maior empresa de infraestruturas de transporte em Portugal.”

O foco desta apresentação foi o da importância de parcerias e de uma correcta gestão de IDI em parcerias. Esta ideia foi ilustrada com o exemplo de um projecto em que a Brisa teve de trabalhar de mãos dadas com algumas outras empresas, associações e universidades, nacionais e estrangeiras, no sentido de produzir o sistema pioneiro de reconhecimento de matrículas nas portagens da Via Verde.

O ciclo de investigação, desenvolvimento e inovação da Brisa inclui 5 passos:

  1. especificação
  2. procurement; desenvolvimento; integração
  3. protótipo; dossier de produto; dossier de testes
  4. certificação de conformidade; formação
  5. manutenção do ciclo de vida.

Para finalizar foi referido que o retorno do investimento em IDI costuma ser na casa das 18 vezes, isto é, por cada euro investido em IDI pela Brisa, a Brisa realiza 18 euros.

Efacec

“Constituída em 1948, a Efacec, maior Grupo Eléctrico Nacional de capitais portugueses, tem cerca de 4500 colaboradores e um volume de encomendas que ultrapassou os 1000 milhões de euros, estando presente em mais de 65 países.”

A empresa conta com 150 colaboradores dedicados a 100% à investigação e desenvolvimento. Ao contrário de criarem uma equipa central de IDI, a empresa decidiu que estes colaboradores iriam estar “espalhados” pelas várias unidades de negócio da empresa.

Com um investimento de 14 milhões de euros em IDI durante o ano de 2009, a Efacec tem recorrido a dois portais internos para uma melhor gestão e acompanhamento do processo de IDI. Os dois sistemas, ambos desenvolvidos internamente, têm focos ligeiramente diferentes: um está mais virado para a gestão de inovação, enquanto que o outro está mais voltado para a gestão de conhecimento.

A Efacec está a levar a cabo uma série de projectos no sentido de moldar a cultura organizacional, nomeadamente workshops para promover a cultura pretendida (efaINmotion e efaEvolution), Encontro de Colaboradores Internacionais, e a iniciativa efaPI que visa criar condições que suportem a decisão estratégica de ter o inglês como língua oficial da empresa.

A partilha da Efacec foi a única que referiu a gestão de conhecimento. No entanto, e como referiu o Professor Daniel Bessa, Director-Geral da COTEC Portugal, uma empresa que consiga uma melhor gestão de conhecimento tem mais probabilidade de atingir melhores resultados na sua gestão de inovação.

As apresentações foram demasiado rápidas para que pudessem dar uma ideia clara da forma como estas empresas têm vindo a abordar a gestão de IDI. Ainda assim, foi interessante ver a diferente ênfase que é dada aos vários aspectos do processo de IDI de acordo com as necessidades organizacionais.

Aos participantes do evento foi distribuída uma cópia do “Guia de Boas Práticas de Gestão de Inovação” produzido pela COTEC. Nele podem encontrar-se:

  • informação sobre o modelo de IDI em cadeia
  • descrição sumária do processo de certificação
  • informação sobre as boas práticas demonstradas pelas 24 empresas portuguesas certificadas pela Norma Portuguesa 4457:2007 até ao final de 2009 (actualmente já há 30 empresas)
  • caso de estudo de algumas dessas empresas
  • tabela com as dificuldades e soluções encontradas por cada uma das 24 empresas.

Recebido ontem, ainda não tive oportunidade para ler o guia. No entanto, com tópicos como os que referi, com 270 páginas e uma óptima apresentação, promete ser uma leitura interessante e uma óptima referência especialmente para as empresas que consideram avançar para um processo de certificação de gestão de IDI ou para as quais a IDI é um processo central à sua actividade.

3 comments

  1. Sonia Alcântara 22 Junho, 2010 at 15:00 Responder

    Olá Ana Neves, mais uma vez informações excelente e em tempo real. Há possibilidade de se ter um exemplar deste guia de boas práticas?

    Um abraço

  2. Ferdinand 15 Fevereiro, 2011 at 15:52 Responder

    O que chama a atenção na Efacec é a iniciativa de terem o inglês como língua oficial.

    Meta arrojada, mas importante para uma empresa que opera no cenário global.

    Alguém saberia de outros exemplos?

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