Em debate durante o Fórum da Arrábida 2012 organizado pela APDSI

Destaques pessoais do XI Fórum da Arrábida da APDSI

Este ano, pela primeira vez, tive o privilégio de participar no XI Fórum da Arrábida organizado anualmente pela Associação para o Desenvolvimento da Sociedade de Informação (APDSI).

A temática do debate para esta 11ª edição foi “Uma agenda para o crescimento e a coesão social”, dividida em três sub-temas:

  1. criar valor económico pela via da Sociedade da Informação
  2. Sociedade da Informação para uma maior coesão social
  3. competitividade das PMEs na Sociedade da Informação.

As conclusões e sobretudo as recomendações do grupo de trabalho que ali se reuniu serão oportunamente publicadas pela APDSI e entregues às organizações consideradas em posição para as considerar e operacionalizar.

Até lá, deixo algumas notas pessoais sobre o que, para mim, se destacou nestas 30 horas que passei no idílico cenário do Convento da Arrábida.

1. O Estado todo poderoso

Estava numa sala com pessoas de grande gabarito, com boas redes de contactos, com invejáveis carreiras profissionais e grande dinamismo. Foi para mim um choque o número de vezes que ouvi falar de “O Estado / o Governo devia fazer / dar / garantir / ajudar…” e outras variações semelhantes.

Pergunto-me o que será preciso para mudar, de uma vez por todas, esta mentalidade. O Estado deve existir para criar condições favoráveis às nossas realizações. Mas cabe-nos a nós fazer, trabalhar com as condições existentes e criar oportunidades. Sejamos adultos!

2. Infra-estrutura sem conteúdo

Variadas vezes se referiu a elevada qualidade da infra-estrutura tecnológica em Portugal: uma boa rede web, uma enorme penetração de telemóveis, o próprio Magalhães. A verdade é que sempre que se falou da qualidade da infra-estrutura, referiu-se sempre a falta de aplicações e conteúdo de qualidade em português (questão que também já aqui abordei). As aplicações e o conteúdo são o que falta para dar razão de ser à infra-estrutura existente e para provocar uma verdadeira vontade de utilização.

3. Nem só com coisas tristes vive Portugal

É URGENTE dar visibilidade aos casos de sucesso: internamente para que as pessoas percebam que no país não há só falências; externamente para solidificar a imagem que lá fora já têm dos portugueses como um povo dinâmico, trabalhador e tecnicamente qualificado.

4. Redes e ferramentas sociais: para que é isso?

O papel que as redes e ferramentas sociais podem ter para a competitividade das organizações, para a coesão social e para as atividades de cidadania continua a ser grandemente desconhecido. Isso dá-me força para continuar a organizar eventos como o Cidadania 2.0, o Social Now ou o Organização 2.0.

5. Se fizermos o que sempre fizemos até aqui…

A mudança de paradigma que a macrowikinomia as ferramentas sociais potenciam é algo nublosa e antecipada com algum receio. As organizações sentem-se ameaçadas pela conjuntura mas mostram-se reticentes a repensar produtos, serviços, modelos de negócio e processos de trabalho.

E aqui quase poderíamos voltar ao ponto 1: é fácil apontar o dedo e colocar o peso da responsabilidade no Estado ou em terceiros, e difícil assumir as rédeas do seu próprio destino com coragem e energia positiva.

Fico ansiosamente a aguardar o relatório escrito deste Fórum, curiosa para saber se teremos força para levar para a frente as recomendações que dele constam.

As conclusões das últimas dez edições do Fórum da Arrábida, estão agora publicadas em livro. Incluem coisas como:

  • estimular projetos de troca e circulação que dinamizem a relação entre projetos existentes, criando sinergias, massas críticas e economias de escala
  • Combater a “subsídiodependência” da Sociedade Civil, transformar o subsídio em prémio pelo sucesso e inovação do projeto.
  • Criação de plataformas de integração de dados

(Ainda muito atuais, não acha?)

Se tiver vontade de dar força a este trabalho, junte-se à APDSI.

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