"Walkable City" - capa do livro

Organizações “caminháveis”

Não me perguntem porquê (porque eu já não me recordo) mas a semana passada dei por mim a ouvir Jeff Speck a apresentar o seu livro Walkable City: How Downtown Can Save America, One Step at a Time.

Na leitura que o autor faz do prólogo ouvi uma frase que me fez parar o trabalho que me ocupava com o som do vídeo em fundo.

“What works best in the best cities is walkability. Walkability is both an end and a means, as well as a measure.”

Esta frase é fantástica! E é fantástica porque, na minha cabeça, ligou um pequeno interruptor.

O que aconteceria se tentássemos medir a qualidade de uma organização (ou até mesmo de uma cidade, porque não?) a partir da forma como gere o seu conhecimento?

No estudo de gestão de conhecimento, cujo questionário da terceira edição lancei recentemente, procuro caracterizar a abordagem que cada organização utiliza para a gestão de conhecimento: estratégica, operacional, intencional, informal. Como seria se tentássemos ligar esta informação aos resultados financeiros da organização?

Acredito ter visto algo neste sentido – terá sido num trabalho da APQC? – mas como seria bom poder fazer isso junto das organizações de uma forma mais sistemática. Como seria bom poder usar essa informação para provar às organizações que sim, que vale a pena apostar na gestão de conhecimento de uma forma estratégica pois isso conduz a resultados positivos concretos.

Para além deste ponto, a frase de Speck despertou o meu interesse porque acredito na importância que o espaço físico de uma organização tem na forma como as pessoas convivem e no “tom” da organização. Se o espaço físico da organização for convidativo, as pessoas levantar-se-ão mais frequentemente para ir falar com os seus colegas, terão prazer em estar no escritório, serão mais felizes durante o tempo que lá passarem. E tudo isso se traduz em melhores resultados, mas também em melhores conversas e trocas informais de conhecimento e informação.

Será que podemos pensar na walkability dos espaços físicos das organizações?

Uma outra passagem do livro que o autor lê na sua apresentação leva-nos a acreditar que sim, ou pelo menos enfatiza a importância que os espaços têm na interação que permitem e a importância que as interações casuais têm na troca de conhecimento:

Habitar na cidade “also gives you the chance to get familiar with locals over coffee, dinners in people’s homes, drinks in neighborhood pubs and during chance encounters on the streets. These non-meeting meetings are where most of the real intelligence gets collected” (19’55”)

E já agora, não devemos também pensar na “walkability” das intranets e das plataformas colaborativas das organizações? Ou será que isto entra tudo na questão tão importante da user experience? (Considero esta questão tão crucial que o painel do Social Now até inclui um profissional a representar esta parte da equação na análise de ferramentas sociais.)

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