Duas máquinas de café expresso

Água ou café?

Muito do trabalho escrito sobre gestão de conhecimento refere os dispensadores de água (water coolers) como uma oportunidade, um cenário, para trocas informais de conhecimento e informação nas organizações. Eu própria já aqui falei disso.

No entanto, e não tivéssemos nós a cultura do café, deixem-me argumentar que talvez o sucesso seja maior com máquinas de café ou áreas para a preparação e consumo desta bebida.

A água é uma bebida que nos mata a sede. Pegamos num copo, abrimos a torneira ou pegamos na garrafa, enchemos o copo, bebemos e já está. São alguns segundos numa atividade que fazemos por necessidade, às vezes até como uma tarefa nas nossas listas.

Por outro lado é, para muitos, uma bebida reconfortante cuja preparação e consumo constitui um momento de relaxamento e uma oportunidade de socialização.

Pegamos na chávena, abastecemos a máquina, tiramos o café, adicionamos açúcar, mexemos, está quente, mexemos mais um pouco, bebemos devagarinho. A conversa acontece.

Como refere Tom Standage num artigo de opinião que assinou recentemente no The New York Times:

England’s first coffeehouse opened in Oxford in the early 1650s, and hundreds of similar establishments sprang up in London and other cities in the following years. People went to coffeehouses not just to drink coffee, but to read and discuss the latest pamphlets and news-sheets and to catch up on rumor and gossip.

Coffeehouses were also used as post offices. Patrons would visit their favorite coffeehouses several times a day to check for new mail, catch up on the news and talk to other coffee drinkers, both friends and strangers. Some coffeehouses specialized in discussion of particular topics, like science, politics, literature or shipping. As customers moved from one to the other, information circulated with them.

Fico admirada quando as organizações vêem como despesas supérfluas o café, a área para o seu consumo ou o tempo passado em seu torno.

Não sugiro, claro, que entre café e água as organizações privilegiem o café. Afinal a água é um bem essencial para a saúde das pessoas e, sem elas, não há organizações.

Porém o café é muito importante para a saúde da organização e merece o devido respeito 🙂

Ouvi recentemente dizer que em algumas fábricas asiáticas usam as tubagens de ar condicionado para distribuir cheiro de dinheiro (sim, cheiro de notas e moedas). Dizem que aumenta a produtividade dos operários.

Bem, o café pode ajudar com essa questão de uma forma muito menos intrusiva, aumentando a moral dos colaboradores e, com a criação de espaços físicos, temporais e psicológicos, para a troca de conhecimento e informação.

Foto Dual expresso machines de Lars Plougmann no Flickr

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