Tell Your Stories Here - Neon no exterior de um edifício

Incorporar histórias no design de um evento

Gosto de histórias. Gosto de contar histórias e de ouvir histórias. Gosto do poder inspirador, propulsor e informativo das histórias.

Por isso, hoje gostaria de partilhar algumas ideias sobre o uso de narrativas nas organizações e contar de que forma as estou a incorporar no formato de um evento que estou a organizar.

Antes de avançar, uma breve nota: John Hagel sugere diferenças entre histórias e narrativas (o foco e a conclusão). Porém, e porque me habituei a usar os dois termos indistintamente, peço desde já desculpas por o continuar a fazer neste texto.

O meu primeiro contacto com o storytelling foi através do trabalho de David Snowden e Stephen Denning.

Embora ambos tenham um passado na área da gestão de conhecimento, há diferenças na forma como olham o storytelling.

No seu artigo “Story Telling: and old skill in a new context”, David Snowden afirma que

“managed and purposeful story telling provides a powerful mechanism for the disclosure of intellectual or knowledge assets in companies, it can also provide a non-intrusive, organic means of producing sustainable cultural change; conveying brands and values; transferring complex tacit knowledge.”

Apesar de reconhecer um papel mais abrangente para as narrativas, o trabalho de Snowden tende a valorizar o poder das histórias como mecanismo de recolha de conhecimento e identificação de cultura organizacional.

Por seu lado, Stephen Denning concentra-se na utilização de histórias como veículos para transmissão de mensagens importantes. No seu livro “The Springboard”, Denning introduz uma história springboard como

“a story that enables a leap in understanding by the audience so as to grasp how an organization or community or complex system may change”.

Principalmente durante o meu tempo na NHS Modernisation Agency, familiarizei-me com o trabalho da Sparknow, empresa criada pela brilhante Victoria Ward. Mais recentemente, a experiência de Paul Corney tem-me oferecido ainda mais provas do impacto que as histórias podem ter.

Assim, pegando no trabalho deles e de outros, vejo os seguintes benefícios e propósitos para a utilização de storytelling em contextos organizacionais:

  • são inerentemente não-adversariais e não-hierárquicos (Denning)
  • ajudam na revelação de conhecimento (Snowden, Corney)
  • partilham lições (Corney)
  • revelam o que verdadeiramente se passa na organização (Anecdote)
  • partilham e incorporam valores (Anecdote)
  • criam significado e entendimento (Snowden)
  • as boas histórias auto-propagam-se (Snowden, Corney)
  • são lembradas mais do que pontos percentuais e argumentos inteligentes (Anecdote, Denning)
  • dão vida a estratégias organizacionais (Corney)
  • inspiram-nos para a ação (Anecdote, Denning)
  • ajudam à adoção de novas formas de trabalhar (Corney)
  • oferecem uma nova linguagem para novas formas de compreensão (Snowden, Denning)
  • ligam-nos a um propósito e melhoram o nosso desempenho (Anecdote).

Num texto de Luis Suarez, encontrei uma bonita frase do livro“Tell to Win” de Peter Guber:

“success is won by creating compelling stories that have the power to move“

Penso que esta frase encerra muitos dos pontos acima. As histórias têm o poder de nos tocar e de nos envolver emocionalmente. Como tal, têm o poder de fazer as pessoas mexer e de as fazer partilhar o seu conhecimento que pode depois circular na organização.

Acredito mesmo nisto!

E é exatamente por isso que concebi o formato único do Social Now, um evento sobre organizações sociais (cultura + processos + ferramentas) onde as histórias são usadas para transmitir ideias complexas, criar uma linguagem comum e ajudar à retenção de ideias.

Social Now 2014 - alguns oradores

Social Now Europe 2014

O pano de fundo para o Social Now é a Cablinc. A Cablinc é uma empresa fictícia “criada” para o Social Now. Uma empresa industrial que também realiza projetos de auditoria e consultoria para os seus clientes. Com fábricas em 3 países e um conjunto diversificado de colaboradores, enfrenta muitos dos desafios com que outras empresas se deparam.

Durante o evento todas as demonstrações de ferramentas sociais são, efetivamente, narrativas, histórias de um dia na vida da Cablinc utilizando essa ferramenta para melhorar os seus processes e reduzir ineficiências. Não são permitidos slides. Não se toleram discursos de vendas. Os participantes percebem o que a vida poderia ser nas suas próprias organizações. Tornam-se personagens da sua própria história, absorvendo ideias para melhores processos de trabalho, funcionalidades e novas formas de trabalhar.

Considerando que as histórias são também boas condutoras de valores e da cultura organizacional, este formato é também bom para perceber o DNA dos fornecedores e das ferramentas, um aspeto importante a ter em consideração no momento de escolher uma ferramenta, como tão bem escreveu Bertrand Duperrin.

House Cables - Anne McLear

O blog pessoal da Anne McLear revela episódios da vida da Cablinc

Para adicionar uma outra camada aos conceitos de storytelling no Social Now,  pode ler-se sobre o dia-a-dia na Cablinc através do blog pessoal House of Cables de Anne McLear, a Diretora de Marketing e Comunicação Interna da Cablinc. É obviamente uma ficção, sobre uma empresa fictícia. Contudo, é um blog que nos permite rir, despreocupadamente, das fragilidades das nossas empresas; encontrar consolo ao ver os desafios de outros profissionais; recolher ideias para implementar no nosso local de trabalho.

As narrativas Storify (1 e 2) de Paul Corney são também um outro importante elemento neste mosaico.

Finalmente, a ideia de ligar histórias a um evento sobre a empresa social provem do facto de que as ferramentas sociais são um fantástico veículo para propagar histórias e criar uma narrativa organizacional que preserve conhecimento e cultive uma identidade partilhada.

Em suma, incorporar storytelling no Social Now ajuda:

  • os fornecedores, dando-lhes requisitos e episódios concretos nos quais podem pendurar as suas narrativas
  • participantes, criando uma linguagem comum e encorajando-os a “experimentar” outras formas de trabalhar
  • todos os outros, dando argumentos para promover a mudança e novas formas de trabalhar nas suas próprias organizações.

No curto vídeo que se segue Stowe Boyd dá a sua opinião sobre o Social Now, tendo sido um dos oradores na última edição em Lisboa e tendo sido um participante atento no decorrer de todo o evento.

Qual é a sua opinião?

Foto de topo: Tell Your Stories Here de Rosalyn Davis no Flickr

2 comments

  1. Luís Neves 14 Fevereiro, 2014 at 12:44 Responder

    Não sendo um especialista em GC não posso deixar de reagir e referir que o assunto é de facto importante e interessante. É igualmente interessante o modo de abordagem e do modelo proposto.

    Penso que o evento será um sucesso apesar da conjuntura desfavorável. O local escolhido parece-me ajustado pela sua centralidade e facilidades de acesso.

    Oxalá a resposta do publico alvo seja concordante com a grandiosidade do evento.

    Parabéns por mais este empreendimento.

  2. Incorporar histórias no design de um eve... 19 Fevereiro, 2014 at 18:01 Responder

    […] Gosto de histórias. Gosto de contar histórias e de ouvir histórias. Gosto do poder inspirador, propulsor e informativo das histórias.Por isso, hoje gostaria de partilhar algumas ideias sobre o uso de narrativas nas organizações e contar de que forma as estou a incorporar no formato de um evento que estou a organizar.  […]