Embalagens de Just Mayo

Dados, informação, conhecimento e… plantas

A Hampton Creek é uma empresa americana empenhada em levar a todas as pessoas e a todos os lugares comida mais saudável e em conta. O seu produto mais conhecido é o Just Mayo, uma maionese feita sem ovos, e eles querem continuar a criar produtos alimentares sustentáveis.

Para isso, a Hampton Creek começou cedo a criar uma biblioteca de proteínas de plantas, uma forma de registar os resultados de todos os testes que faz em busca das melhores proteínas para usar como substitutos de ovos.

Recentemente recrutaram Dan Zigmond, até então Lead Data Scientist na Google Maps e antes disso Engineering Manager de Data & Analytics na YouTube. A sua função na Hampton Creek será liderar os próximos passos da biblioteca de plantas.

Há alguns pontos de especial interesse nesta história: a importância atribuída aos dados, à informação e ao conhecimento; e a forma como uma empresa tem conscientemente vindo a investir nesses bens. Uma nota final irá para a questão do crowdsourcing e dos dados publicamente disponíveis.

5 Factors driving demand for Hampton Creek products

5 Factors driving demand for Hampton Creek products (from Business Insider)

Uma empresa que quer criar sem produtos que geralmente são feitos com ovos precisa saber que ingredientes ou, mais concretamente, que proteínas usar para conseguir as mesmas reações. Até ao momento a Hampton Creek testou aproximadamente 4000 plantas e está agora no processo de “perceber que dados já existem por aí”.

Com base nos dados que conseguirem, vão depois encontrar formas de prever o comportamento de outras plantas que não terão possibilidade de testar (porque há cerca de 400 000 plantas).

Dos dados irão derivar muita informação preciosa. Mas para que isso aconteça, isto é, para saber que dados valorizar, para criar o algoritmo de predição, para desenhar a melhor forma de capturar, guardar e estruturar os dados – a empresa precisa de conhecimento. E por isso contratou Dan Zigmond. E por isso tem vindo a construir uma forte equipa técnica.

Sobre Dan Zigmond, o CEO da Hampton Creek, disse: “O Dan tem uma mente incrível que consegue organizar imensos volumes de dados e correlacionar as relações reais.”

Este é um fantástico exemplo de uma empresa a reconhecer os dados, a informação e o conhecimento como bens fundamentais e estratégicos, e consequentemente a investir no planeamento e na execução de uma estratégia adequada.

Para terminar, algumas ideias para reflexão que me vieram à cabeça quando lia o artigo da Fast Co.Exist que deu origem a este meu texto.

Será que o crowdsourcing dos dados sobre as plantas poderia ser uma alternativa ou complemento à predição? Seria possível a Hampton Creek envolver a comunidade científica global na recolha dos dados de que necessitam? Se sim, qual seria o custo associado? Ou será que não haveria custo pois a comunidade iria sentir os benefícios de contribuir para uma base de conhecimento coletivo?

E isso conduz-me ao segundo ponto – a disponibilização dos dados recolhidos. Poderia a biblioteca de plantas ficar disponível a qualquer pessoa? Será que os benefícios desta abordagem ultrapassariam os potenciais ganhos que resultam da proteção dos dados? Quais seriam as implicações legais relacionadas com a utilização dos dados? Como é que este trabalho se poderia integrar com projetos como o Practical Plants, o Reflora (Brasil) ou o Invasoras (Portugal)?

A favor Contra
Manter os dados privados
  • potenciação de outras fontes de receita (venda de dados, por exemplo)
  • manutenção à frente dos concorrentes
  • perder os benefícios que podem resultar da disponibilização dos dados
Tornar os dados públicos
  • oferta de dados aos concorrentes

“A Hampton Creek tem esta ideia de criar uma base de dados que permita à empresa tirar partido da enorme quantidade de informação sobre plantas em todo o mundo e usá-la para informar os agricultores sobre outros tipos de plantações (não só soja e milho) que podem ser boas para o planeta.” TechCruch

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