InfoMgmt - Sofia Neto Canário

Reflexões sobre a Information Management Conference em Lisboa

Ontem, em Lisboa, assisti à primeira edição da Information Management Conference. Os objetivos estabelecidos pela Sofia Neto Canário (na foto acima) para o evento eram:

  • facilitar a partilha de experiências
  • partilhar informação sobre investigação em gestão de informação
  • inspirar os profissionais de gestão de informação.
InfoMgmt - Sofia Neto Canário

Sofia Neto Canário dá início à Information Management Conference

O programa incluiu quatro casos de estudo e terminou com uma inspiradora apresentação de Paul Corney (que já aqui entrevistei). O que mais captou o meu interesse foram o caso da Sonae, uma empresa de retalho com 40 mil colaboradores à volta do mundo, e a apresentação do Paul. (Devo declarar o potencial para alguma parcialidade no que diz respeito a esta última preferência já que fui eu que o recomendei enquanto membro do Programme Committee do evento.)

O Rui Fonseca da Sonae contou-nos como a empresa implementou um sistema automatizado para reindexar o seu arquivo digital e para digitalizar os seus arquivos em papel. Os 2,5 milhões de documentos estão agora indexados e são facilmente pesquisáveis. O investimento significou ganhos de eficiência, poupanças e o reconhecimento externo com dois prémios amealhados.

Rui Fonseca partilha a experiência da Sonae

O Rui despertou a minha curiosidade com os seus primeiros slides onde apresentou a iniciativa no contexto de uma estratégia mais vasta. Apesar de não lhe ter chamado assim, os seus slides retratavam uma estratégia de gestão de conhecimento. Para mim não ficou claro até que ponto estão a avançar com os outros elementos da estratégia, mas isso é algo que espero descobrir muito em breve 😉

“As máquinas são importantes mas as pessoas são mais importantes”

Esta foi uma das primeiras coisas que Paul Corney disse. E este foco nas pessoas (e não na tecnologia) sublinhou praticamente toda a sua intervenção. Falou de conhecimento, redes (de pessoas) e inovação; comunidades de prática; aprendizagem antes, durante e depois; etc..

Foi por demais evidente a grande diferença entre o que o Paul estava a dizer e o que ouvimos dos oradores anteriores. O Paul estava a falar de gestão de conhecimento, de pessoas, de aprendizagem, de aleatoriedade e complexidade. Os outros falaram de gestão de informação, documentos, tecnologia, estrutura e simplificação.

Quer na voz de Luís Bettencourt Moniz ao valorizar a importância da análise de dados; de Adriana Pereira ao contar como desenhou workflows para simplificar e uniformizar o fluxo de informação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto; de Agostinho Abrunhosa discutindo o projeto da LUSA que visou aumentar a eficiência dos jornalistas; ou de Rui Fonseca dizendo que os próximos passos são a definição de regras claras; todos falaram da gestão de informação como uma forma de reduzir complexidade e aumentar a automação. Quando Paul Corney falou de gestão de conhecimento, a conversa ficou mais “desarrumada” e mais orgânica: mais alinhada com a natureza complexa das relações humanas.

Perguntei ao Paul sobre o equilíbrio entre as duas abordagens e sobre a sua relação entre eficiência versus inovação. Não estava preparada para a sua resposta:

“Sem um sistema decente de gestão de informação, mais vale esquecer a gestão de conhecimento!”

E enquanto internamente me debatia com a vontade de debater este ponto (com o qual discordo) consegui lançar uma provocação aos restantes oradores: “Isso significa que as empresas portuguesas ainda estão apenas numa fase de criação de sistemas para gestão de informação, e ainda a preparar terreno para iniciativas de gestão de conhecimento?”. A minha provocação não teve resposta.

Num próximo texto tentarei explicar porque discordo do Paul Corney naquele ponto. No início de 2015, com a 4º edição do Estudo Knowman de Gestão de Conhecimento em Portugal e Espanha, poderei perceber em que estado se encontram as organizações portuguesas no que diz respeito a essa área da gestão organizacional.

3 comments

  1. Carlindo Xavier 18 Dezembro, 2014 at 18:27 Responder

    “Sem um sistema decente de gestão de informação, mais vale esquecer a gestão de conhecimento!” by Paul Corney.

    Tendo em conta a afirmação do autor, parece poder inferir-se que a hipótese do autor é a de que a gestão de conhecimento (VD) resulta de um sistema de gestão de informação (VI). Ora, tanto quanto entendo, esta hipótese carece de evidências empíricas que a confirmem de forma inequívoca…

    • Ana Neves 18 Dezembro, 2014 at 18:47 Responder

      Não acredito que fosse essa a ideia do Paul mas, de qualquer forma, e ainda que pense saber o que motivou a afirmação dele, discordo desse ponto. E daí a minha promessa de colocar por escrito as minhas razões.

      • Sofia Neto Canário 19 Dezembro, 2014 at 14:15 Responder

        Quando o Paul te respondeu, entendi que se uma organização ainda não tem um sistema de gestão de informação decente, dificilmente conseguirá ter maturidade para um sistema de gestão de conhecimento. Pela a sua resposta, depreendo que se não conseguirmos gerir a info eficazmente, teremos muita dificuldade em gerir conhecimento, ou seja, se não dominarmos a técnica do desenho eficazmente, dificilmente conseguiremos ser bons ilustradores. Estou ansiosa pelo teu post, para compreender o teu ponto de vista!

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