Participantes trocam experiências após o primeiro dia do Social Now Europe 2015

O conhecimento é social ou é melhor quando é social?

O Nick Milton, uma pessoa que admiro e cujo trabalho acompanho há muitos anos, escreveu um texto com o título “Knowledge is social, not personal”. O Nick Milton arranca esse texto, cuja leitura recomendo vivamente, com a opinião de Larry Prusak que diz que o conhecimento é profundamente social. “Individuals may have separate memories, but do not have separate Knowledge”, continua Larry Prusak.

O Nick Milton explica e diz que o que transforma as opiniões, hipóteses, fantasias, etc., de uma pessoa em conhecimento “é normalmente a confirmação e aceitação social”.

Ele continua dizendo que esta ideia do conhecimento como uma coisa coletiva (“knowledge as a collective thing”) tem três implicações para a gestão de conhecimento:

  1. the primary ‘knowledge unit’ is the practice area, and the networks (…) are the mechanisms by which knowledge is shared and managed”;
  2. a maior parte do trabalho de conhecimento tem lugar nas interações que as pessoas têm em grupos sociais – são essas interações que constróem, testam e justificam o conhecimento;
  3. the main culture change is getting people to see knowledge as something collective (…) rather than their own personal property”.

Concordo inteiramente com esta abordagem à gestão de conhecimento. Contudo, estou com alguma dificuldade em concordar e aceitar a não existência de “conhecimento individual”.

Na minha opinião, o conhecimento é conhecimento mesmo que (ainda) não tenha sido partilhado. De facto, essa ideia está bastante ligada ao conceito de conhecimento tácito e, ainda que o conhecimento tácito possa ser partilhado, enquanto tal não acontece, ainda é conhecimento e é conhecimento individual.

Talvez não tenha sido partilhado porque a pessoa o quer guardar só para si, ou porque não o percebe como importante, ou porque nem sequer têm consciência dele. Talvez a pessoa só se aperceba desse conhecimento, e o partilhe involuntariamente, no momento em que precisa dele para resolver um problema. Não importa as razões: até que seja partilhado, o conhecimento é individual. Mas ainda é conhecimento, certo?

Apesar de tudo o que eu disse, adoro a ideia de “conhecimento social”. Ela está no coração de que quase tudo o que eu faço e estou plenamente convicta que:

  • as organizações (e a sociedade em geral) ganham muito mais com conhecimento que é partilhado porque ele poderá ser aplicado mais rapidamente e em mais áreas da organização;
  • o conhecimento partilhado é mais fácil de reter numa organização;
  • o que conhecimento que é partilhado pode ser discutido e servir de base a uma construção coletiva que tira partido do conhecimento das várias pessoas, i.e. o conhecimento desenvolve-se mais rapidamente em contextos sociais.

Assim, e para concluir, concordo com a abordagem do Nick Milton para a gestão de conhecimento nas organizações mas vejo-a como uma abordagem que resulta do conhecimento ter mais valor quando é uma coisa coletiva do que propriamente do conhecimento ser uma coisa coletiva.

Isto faz-lhe sentido?

Foto: Participantes trocam experiências após o 1º dia do Social Now Europe 2015.

3 comments

  1. Alberto Nobuyuki Hashimoto 3 Abril, 2017 at 15:05 Responder

    Cara Ana Neves, penso (você sabe) que o conhecimento é, basicamente, uma aquisição pessoal. Mas que pode ser maior, ou mais útil, quando ajuda a compor um conhecimento social. Que é uma oportunidade para sua confirmação e crescimento, mas que não o descaracteriza como um conhecimento individual.
    Eu diria que um conhecimento pessoal pode ajudar a compor um conhecimento social de duas formas : a primeira é simplesmente o seu compartilhamento, isto é, quando várias pessoas de um grupo passam a deter esse mesmo conhecimento. A segunda é quando vários conhecimentos individuais se compõe de forma sinérgica para compor um conhecimento de equipe. Nessa segunda situação, não há um compartilhamento de todo o conhecimento individual, mas a aquisição do conhecimento de como combiná-los de forma produtiva. Uma equipe composta de especialistas em diferentes setores pode ser muito mais poderosa do que a soma dos conhecimentos individuais, sem que cada um deixe de ser um especialista.

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