Um dos meus blogs preferidos (será que se pode chamar um blog?) é o Sketchplanations. Nele, Jono Hey descreve, de forma visual, os conceitos mais variados: desde a diferença entre um cágado e uma tartaruga, o Golden Circle da liderança, a Lei de Murphy, etc.
A ilustração desta semana é sobre a Lei de Goodhart.

Ilustração da Lei de Goodhart por Jono Hey – sketchplanations.com
Esta lei deve o seu nome ao economista britânico Charles Goodhart e pode resumir-se como:
“Quando uma métrica se torna uma meta, ela deixa de ser uma boa métrica.”
Esta lei é de extrema relevância no momento de, por exemplo, se pensarem métricas e objetivos para programas de gestão de conhecimento, comunidades de prática, intranets e plataformas de colaboração, etc.
Por exemplo, se decidirmos medir o número de visitas a páginas da intranet e definirmos esse como um dos objetivos do projeto, vamos ter as equipas responsáveis pelo projeto a pensar em formas criativas de obrigar as pessoas a “deambular” pela intranet. Ora, o número de páginas que as pessoas vêem na intranet pode ser uma péssima forma de avaliar o impacto que a intranet está a ter.
Imaginem uma organização em que os colaboradores têm de passar por 5 páginas para aceder a informação crítica para o seu trabalho. É natural que a organização veja aumentar o número de páginas vistas mas é quase certo que as pessoas irão reagir negativamente à experiência. E, se a intranet fica associada a experiências negativas, é natural que as pessoas se mostrem menos recetivas à informação que lá se encontra e até mesmo às portas que ela abre.
Acima de tudo, vale não esquecer que o mais importante – no caso da gestão de conhecimento, comunidades de prática, intranets, etc. – é mesmo o impacto que têm na organização. As métricas de atividade (número de visitas, número de comunidades, etc.) deverão ser apenas usadas para identificar oportunidades e necessidades de melhoria.
Uma última nota vai para a forma como esta Lei de Goodhart se relaciona com algo que ouvi há alguns anos da boca de David Snowden: a partir de um momento em que decidimos medir um sistema, estamos a alterá-lo. Segundo ele – e eu concordo inteiramente – não é razão para que não se façam medições: é antes uma razão para que sejamos particularmente cuidadosos no momento de definir métricas e objetivos.