Participantes numa das sessões da House of Beautiful Business 2019

Um saco cheio de bonitas ideias

A semana passada estive na House of Beautiful Business (HBB). Saí com um saco cheio de ideias que guardarei comigo mas que também posso partilhar.

Sobre Mudança

Há duas coisas que sabemos como certas, disse Ian McDonald (@imcdnzl): “people don’t like the way things are and people don’t like change”. Isto significa que as pessoas não se importam de aprender coisas novas mas que receiam a ideia de retraining porque soa a mudança.

“people don’t like the way things are and people don’t like change”

Ian McDonald

Ciela Hartanov (@chartanov) sente que existe uma discussão bipolarizada que permeia a sociedade e que coloca frente a frente “nós”, as pessoas que se preocupam; e “eles”, os líderes de empresas tecnológicas. Isto é algo que envergonha e desumaniza aqueles que trabalham na área da tecnologia. Contudo, “change does not happen through shame. Shame is not a change strategy”.

Da mesma forma, não vale muito a pena empurrar as pessoas para que vejam perspetivas diferentes: elas provavelmente vão resistir. A melhor abordagem passa por criar condições ou colocar as pessoas em situações onde podem ver as coisas, elas próprias e os outros de uma perspetiva diferente.

Esta mesma ideia foi reforçada por Adah Parris (@AdahParris): “Those who cannot hear, need to feel”. É importante que nos empurremos para fora das nossas salas de eco, disse ela.

Ed Gillespie (@frucool) sublinhou que rebelião é muito diferente de revolução. Os rebeldes não têm intenção de destruir nada; querem apenas ajudar a acelerar a mudança, “dragging what needs to be done into a space where it can get done”.

Karel Golta (@karelgolta) disse que nós não precisamos de “mais” porque, nos últimos dois séculos, temos tido “mais” de tudo. Também não precisamos de “menos”. Na verdade, nas palavras dele que quase aparentam ser contraditórias, precisamos de nos reprogramar, de pensar em “mais bem” (e não “menos mal”) como ponto de partida para os nossos esforços de inovação e mudança.

Sobre Comunidades e Conversas

Victoria Stoyanova (@stoyanova) focou a sua apresentação no tópico de comunidades.

“Creating community includes giving a voice to people who are not seeking to be heard.”

Victoria Stoyanova

“We don’t need to spend more time with likeminded people, but create space for people in opposite sides of the table to sit together and talk”, disse ela.

Adorei quando ela disse que chama “shiny eyes” (olhos brilhantes) às pessoas que criam espaço e que conseguem passar a outros o sentimento de pertença.

Tina Roth Eisenberg (@swissmiss), fundadora do movimento mundial CreativeMornings, disse que “radical generosity is our business strategy”.

O tópico da generosidade também se ouviu da boca de David Creuzot (@dcreuzot) e Lucie Beudet (@lucie_beudet), fundadores da Konbini. Eles falaram da generosidade na partilha e defenderam que o papel dos jornalistas de hoje é “to report and support the community”.

Ciela Hartanov frisou a necessidade urgente de expandir horizontes e iniciar boas conversas: precisamos criar uma sensibilidade generalizada para que consigamos ver com mais dimensionaldiade.

Sobre Design centrado nas pessoas

Sophie Kleber (@BIBILASSI) defendeu que o local de trabalho do futuro deve ser emocionalmente inteligente. Por exemplo, um hospital deve ser desenhado para ser um local de recuperação para doentes e não um local de trabalho para médicos.

Ainda sobre o local de trabalho, Itai Palti (@ipalti) disse que os edifícios também devem ser avaliados com métricas centradas nas pessoas. “If it’s measured, it exists”, pelo que é crítico que os sistemas de avaliação reflitam o que acreditamos ser importante. Se não houver métricas centradas nas pessoas, seremos afastados de um design centrado nas pessoas.

A grande mais valia de participar num evento como The House of Beautiful Business é a oportunidade de ouvir pessoas com experiências pessoais e profissionais muito diferentes, e com pontos de vista muito diversos. Assim, foi maravilhoso ouvir Lisa Choi Owens, Chief Revenue Officer na TED, dizer que o tipo de métricas de que a TED se orgulha mais são os 75% de pessoas que ouvem as TED Talks para obter um ponto de vista diferente, ou os 24% de pessoas que mudam de ideias depois de ouvir uma TED Talk.

Sobre Sociedade e Educação

Leyla Acaroglu (@LeylaAcaroglu) acredita que o atual sistema está criado para “desmobilizar” as pessoas, dando-lhes a ideia de que, independentemente do quanto se esforcem, não conseguirão mudar nada. Para além disso, há uma iliteracia generalizada no que diz respeito à mecânica do mundo em que vivemos. (Porque é que as crianças não aprendem na escola o funcionamento do sistema de impostos?) Isto reduz a probabilidade de os cidadãos questionarem ou tentarem fazer alguma coisa para mudar.

Talvez isto justifique o que Ed Gillespie descreveu como “wilful blindness”, um termo legal que se aplica às pessoas que em face de um desastre / crime / crise (por exemplo, a crise ambiental) escolhem não fazer nada.

Adah Parris pode ser vista como uma rebelde pela forma como se veste, por exemplo. Porém, ela diz que é apenas a sua forma de se exprimir. Disse que a pessoa que somos é muitas vezes calada por normas sociais e culturais. “We have these things educated out of us.

E por falar em educação e crianças… Dipti Mehta (@diptimehta) disse que “fathers should not protect their kids; they should create a world they do not need protection from”.

Kristina Lunz (@kristina_lunz) disse que não há diferentes natas entre o estilo de liderança de homens e mulheres: as diferenças que se notam derivam do ambiente em que se encontram e dos desafios com que se deparam enquanto crescem. As mulheres, por exemplo, tendem a recear o abuso dos homens, enquanto que os homens temem ser ridicularizados por mulheres. E é frequente ver homens que confundem competência com confiança. Provavelmente porque, como disse Itai Palti, “perception trumps everything”.

Uma última palavra vai para a abertura dos residentes da casa (aqueles que participam na House of Beautiful Business) e para as pessoas que, como eu, ali trabalharam como voluntários. Penso que todos nos surpreendemos com a forma como um grupo de estranhos, vindos de diversos pontos do globo, com diferentes culturas, trabalharam juntos e se apoiaram uns nos outros, para contribuir positivamente para um evento em que nunca tinha participado. Como Tina Roth Eisenberg disse na sua apresentação “trust breeds magic”.

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