Já aqui falei no podcast Cautionary Tales de Tim Harford. Como referi na altura, “é um podcast com histórias sobre falhas e erros do passado, e sobre o que podemos aprender com eles.”
Num episódio de agosto de 2022 dedicado à “corrida” dos britânicos e dos noruegueses para chegar ao Polo Sul, Tim Harford diz algo muito interessante:
“We like to think that knowledge, once gained, is gained forever. But unless we know why something works, we risk confusing ourselves back into ignorance.”
Esta ideia de “porquê”, de causa, é extremamente importante na gestão de conhecimento. As célebres lições aprendidas ou as ainda mais célebres boas práticas, ferramentas (ou produtos) de gestão de conhecimento que tantas organizações constróem ou pensam construir, de nada servem se com elas não se guardar informação sobre o contexto e a causa.
Entender o contexto em que uma coisa aconteceu ou do qual se extraiu uma boa prática é fundamental para que alguém possa avaliar a sua aplicabilidade num outro cenário. Uma prática que funciona numa organização tolerante ao erro, por exemplo, pode não funcionar numa organização que não o seja. Uma prática que funciona numa zona quente pode não funcionar numa região polar; ou uma que funciona numa sociedade oriental pode não ter os resultados esperados num país europeu.
O contexto ajuda-nos a perceber o porquê de algo correr bem ou correr mal; ajuda-nos a perceber a causa.
Podemos dizer que uma prática é informação (faz isto); percebermos o porquê dessa prática é conhecimento (faz isto se/quando). Enquanto a prática é fácil de descrever e documentar, o contexto pode ser mais difícil – até porque há nuances que passam despercebidas mas que fazem toda a diferença.
Mais ainda, o conhecimento e a experiência pré-existentes, são fundamentais no momento de perceber o contexto e as causas e de avaliar a importância que um determinado elemento contextual tem nos resultados obtidos. Isto é, o conhecimento e a experiência pré-existentes são fundamentais no momento de converter informação em conhecimento válido.
À boleia deste podcast, partilho então três ideias fortes relacionadas com a aprendizagem e com a criação de conhecimento:
- os erros do passado podem-nos ajudar a alcançar sucessos no futuro (ou, no mínimo, a evitar erros semelhantes no futuro);
- aprender com os erros dos outros é melhor;
- a aprendizagem só é verdadeiramente efetiva se percebermos o porquê.
Nota: Se tiver interesse em saber mais sobre as lições aprendidas na corrida inicial ao Polo Sul, e para além do episódio do podcast acima referido, há também um post detalhado no Art of Manliness.