Mário Saladini, coordenador nacional do Programa ECOS

Programa Ecos

O Ecos – Programa de Sustentabilidade foi criado em 2010 numa colaboração entre três instituições públicas privadas brasileiras: CNC, Sesc e Senac. No âmbito da crescente preocupação das organizações com a sustentabilidade do meio ambiente, este projeto, que se destina apenas aos colaboradores internos,

“tem como missão planejar, propor, executar e apoiar ações que induzam à prática intersetorial e colaborativa da sustentabilidade nas atividades desenvolvidas nos âmbitos da CNC, do Sesc e do Senac, com o objetivo de mitigar os impactos socioambientais e otimizar os recursos das instituições.”

Colocámos algumas questões a Mário Saladini (na imagem), coordenador nacional do Programa Ecos.

O que motivou a cooperação das três organizações – CNC, Sesc e Senac – para a concretização do programa Ecos?

As três entidades, sempre que possível e respeitando suas diferentes missões, trabalham de forma colaborativa, alinhadas às premissas que perpassam o fomento ao setor terciário, seja por meio da articulação político-institucional, da promoção da qualidade de vida do comerciário e sociedade em geral ou do aprendizado comercial.

Programa Ecos - logoDesse modo, apesar do Programa Ecos ter surgido no Sesc, entendemos, à época, que uma gestão cada vez mais sustentável não poderia ser exclusividade de uma ou outra entidade, mas sim permear todo o Sistema CNC-Sesc-Senac.

Sabíamos também que, para o programa ganhar robustez, reconhecimento e, por consequência, alcançar um número maior de colaboradores, seria fundamental que as entidades adotassem basicamente os mesmos princípios e práticas em sustentabilidade, o que, sem dúvidas, potencializaria os resultados a serem alcançados pelo Programa Ecos.

Nesse sentido, estabelecemos uma metodologia revestida de pragmatismo, o que facilitou bastante sua replicação, logicamente, respeitando as particularidades de cada uma, bem como aspectos relacionados à cultura organizacional e aos impactos socioambientais inerentes à operação de cada entidade.

Mais que uma simples ferramenta de apoio à gestão, o Programa Ecos sempre se propôs a ser um movimento interno em prol da sustentabilidade corporativa, estabelecendo uma rede nacional de troca de experiências e compartilhamento de boas práticas.

Têm sentido dificuldades por haver três organizações envolvidas?

Não há dificuldades, pelo contrário, apenas oportunidades de integração e fortalecimento dos projetos desenvolvidos pelo Programa Ecos. As principais vantagens estão relacionadas, principalmente, à promoção do intercâmbio de informações, ao alcance de um maior número de colaboradores e, por consequência, à obtenção de resultados mais expressivos, melhorando continuamente o desempenho socioambiental do Sistema CNC-Sesc-Senac.

Que atividades gostaria de destacar destes 4 anos de existência do Ecos?

Destacamos alguns projetos e resultados, considerando os três macro objetivos do Programa Ecos: conscientização do público interno, mitigação dos impactos ambientais, e otimização do uso dos recursos disponíveis.

A conscientização e sensibilização dos colaboradores é feita por meio, principalmente, das campanhas, oficinas e palestras do Programa Ecos. Dentre elas, destacamos as seguintes:

  • Campanha “Cafezinho Consciente” (4.808.315 copos economizados)
  • Campanha “Sacolas Plásticas? Não, Obrigado!” (em 4 anos 144 mil sacolas (100%) deixaram de ser consumidas no condomínio Sesc-Senac)
  • Campanha “É ou não é” (melhora qualitativa na segregação dos resíduos)
  • Campanha “Pensar.Comer. Conservar” (redução de 29% do desperdício de alimentos – restos deixados nos pratos dos servidores – Restaurante Sesc-Senac)
  • Campanha para reciclagem de eletrônicos (440 kg de eletrônicos recolhidos)
  • Campanha de plantio de mudas (mais de 200 mudas nativas da mata atlântica plantadas pelos servidores)
  • Videoteca ambiental (215 empréstimos de vídeos)
  • Oficina de horta caseira (92 servidores atendidos)
  • Curso de aproveitamento integral de alimentos (216 servidores capacitados)
  • Curso de educação ambiental (275 servidores capacitados)
  • Palestra com Mesa Brasil Sesc
  • Palestra com André Trigueiro
  • Palestra com João Roberto Ripper

A redução dos impactos ambientais é uma consequência da redução do consumo de materiais, uma vez que ao deixar de consumir estamos também diminuindo a pressão gerada sobre os recursos naturais, principalmente, na obtenção de matéria prima para produção de novos produtos. Da mesma forma acontece com o uso da água e da energia elétrica. A gestão dos resíduos também é uma forma de reduzir os impactos ambientais, seja pela minimização da geração dos resíduos ou pela sua destinação ambientalmente adequada. A seguir, alguns dados sobre resíduos (junho de 2011 a dezembro de 2013):

  • Quantidade de material reciclável encaminhado à cooperativa: 34.358 quilos
  • Renda obtida pelos cooperativados com a venda dos materiais recicláveis doados pelo Sesc: R$ 8.656,21
  • Lâmpadas fluorescentes descontaminadas: 5.496 unidades
  • Óleo vegetal encaminhado à reciclagem: 1.810 litros
  • Pilhas e baterias encaminhadas à reciclagem: 6.390 unidades

As economias foram obtidas por meio dos esforços dos diversos setores dos Departamentos Nacionais do Sesc e do Senac e, também, pelas intervenções diretas do Programa Ecos.

Dados obtidos a partir da implantação do programa (2010 a 2013):

  • Copos descartáveis: 4.808.315 unid. / R$ 48.083
  • Sacolas plásticas: 144.000 unid. / R$ 4.320
  • Guardanapos: 3.840.000 unid. / R$ 38.400
  • Papéis-toalha: 45.701 unid. / R$ 457
  • Papéis-ofício: 435.250 unid. / R$ 8.705
  • Água: 22.143.000 litros / R$ 453.489
  • TOTAL economizado: R$ 557.151
  • TOTAL investido em sustentabilidade: R$ 293.368
  • SALDO: R$178.618

De que forma comunicam as atividades e resultados do Ecos pelos colaboradores das organizações?

Exploramos todos os canais de comunicação interna disponíveis nas entidades, como, por exemplo: mala direta digital, jornal mural, cartazes, folhetos, banners, displays de mesa, papel de parede de computador e treinamentos introdutórios.

Nosso principal meio de prestação de contas aos colaboradores e demais públicos interessados é o Relatório Anual Ecos. Para padronizar a formatação desses relatórios, criamos um método de relato, o qual é dividido em: atividades rotineiras, executadas e planejadas. Além disso, o relatório possui uma seção específica com os indicadores de desempenho e outra com o resultado financeiro, contendo todos os gastos vis-à-vis as economias geradas com a implementação de atividades sustentáveis. O relatório é divulgado impresso e digital a todos os colaboradores, por meio dos canais de comunicação interna e, também, em nosso blog.

Qual é o alcance desses canais de comunicação?

Ao explorar a maior parte dos meios de comunicação interna disponíveis, pretendemos alcançar 100% de nossos colaboradores. Todavia, não conseguimos garantir a leitura e assimilação das informações passadas.

Apesar de entendermos que quaisquer mudanças de hábitos ou rotinas enfrentam muita resistência, os resultados estão de acordo com nossas metas e expectativas.

Sentem que este projeto serviu para aproximar os colaboradores das três organizações?

Sim, sem dúvidas. Principalmente os colaboradores diretamente envolvidos na gestão do Programa Ecos.

Se tivessem oportunidade de começar tudo de novo, o que fariam diferente?

Sinceramente, não mudaríamos nada!

Nesses 4 anos de existência, o crescimento foi gradativo, no tempo certo e à medida em que o tema foi ganhando a devida importância nas entidades, considerando, também, o tempo de maturação de um programa inovador. Como envolve mudanças de hábitos, costumes e cultura, o trabalho é de convencimento contínuo. A partir da sensibilização e engajamento de um número cada vez maior de pessoas, o programa crescerá e se desenvolverá naturalmente.

Quais os próximos passos para o Ecos?

O programa começou a ser expandido, à priori, para as unidades operacionais do Sesc, distribuídas por todo território nacional, conforme abaixo:

  • Departamentos Regionais do Sesc com Programa Ecos implantado: 7 (Sergipe, Alagoas, Roraima, Pernambuco, Paraná, Tocantins e Goiás)
  • Em processo de implantação (2014/2015): 10 (Amazonas, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Ceará, Distrito Federal, Santa Catarina, Paraíba, Mato Grosso do Sul, Pará e Rio de Janeiro)
  • Demandas recebidas para implantação (2016/17): 6 (Acre, Amapá, Bahia, Mato Grosso, Rio Grande do Norte e Rondônia)

No final do ano passado o Senac/DN, a exemplo do Sesc/DN, também ofereceu o Programa Ecos aos seus departamentos regionais, com resposta positiva de 22. Dessa forma, até 2016 pretendemos estar presentes em 23 Departamentos Regionais do Sesc e em 22 do Senac.

 

Após esta entrevista, perguntámos a Rita Simone Liberato, coordenadora do Grupo Gestor em Sergipe, de que forma era garantida a comunicação eficaz entre as várias organizações e entre os vários polos de cada uma delas. Rita Simone respondeu:

“O Brasil é um país-continente. As distintas regiões em que o Sesc atua possuem suas particularidades e o Ecos acompanha esse percurso, buscando atender as demandas locais e regionais, quer seja no âmbito da comunicação, gestão, desenvolvimento ou capacitação. O importante para o Programa é a convergência das ações, no sentido de manter os grupos motivados, para que o discurso seja materializado através da prática contínua da sustentabilidade.

O Sesc Sergipe, por exemplo, localizado na região Nordeste do Brasil, construiu alternativas comunicacionais para fazer ecoar, literalmente, as propostas sustentáveis. Por isso, está utilizando como recurso midiático um hotsite hospedado na Intranet da instituição. Outra plataforma que vem se utilizando é um chat corporativo instalado em todos os computadores do Departamento Regional, o Spark, em que mensagens referentes ao assunto do projeto são veiculadas permanentemente. Foi através do Spark que veiculamos, diariamente e em um período de três meses, 150 dicas de sustentabilidade para toda a Rede (composta por 520 funcionários no estado).”

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