A Metalúrgica

A Metalúrgica

A Metalúrgica é uma empresa que desenha e manufatura formas para pastelaria e panificação, para uso doméstico e industrial. Foi criada em 1896, no Porto, no norte de Portugal, estando agora situada em Campo, no Concelho de Valongo. Atualmente tem 110 funcionários que dão o seu melhor para garantir os cada vez melhores resultados da empresa.

Raquel Santos, administradora d' A Metalúrgica

Raquel Santos, administradora d’ A Metalúrgica

Tal como muitas empresas em Portugal, A Metalúrgica é uma empresa familiar que já soma cinco gerações dedicadas à sua gestão.

A participação ativa das novas gerações familiares é, justamente, uma das formas de garantir que a empresa se mantém aberta à inovação e às dinâmicas exigências do mercado. Mas esta é não é uma aposta fácil. De acordo com Raquel Santos, Administradora d’A Metalúrgica e membro da 5ª geração, “[d]urante 12 anos coexistiram 3 gerações no conselho de administração, e foi desafiante integrar as tradições do passado com as evoluções do futuro”.

Não são só os elementos da família que se mantêm na empresa. A Metalúrgica orgulha-se de ter muitos colaboradores que ali trabalham há muitos anos. Tal não é acidente.

“Vemos os colaboradores como recursos preciosos e não apenas como meios para atingir os fins”, diz Raquel. Para mostrar isso mesmo, a empresa divide os lucros anuais por todos os seus funcionários e, durante muitos anos, empregava pessoas “pela necessidade que estas tinham de ter um emprego”. No Natal, a empresa oferece presentes aos filhos (até aos 12 anos) dos colaboradores. “Eu compro pessoalmente os presentes e especificamente para cada criança”, diz Raquel. “Conhecemos cada um, sabemos o seu nome, se são casados ou solteiros, se têm filhos, com se chamam e que idades têm.” Celebram todas as gravidezes e Raquel, também ela mãe, diz acrescenta que, n’ A Metalúrgica “[n]inguém tem medo de engravidar”.

Para além disso, param a fábrica para homenagear, com um bolo e uma lembrança em prata, os colaboradores que atingem 25 anos de casa. Trata-se de um gesto representativo do quanto a empresa valoriza esta longevidade: não só porque cria um ambiente estável, mas essencialmente porque mantém o conhecimento dentro da empresa.

O conhecimento, aliás, é um bem valioso que A Metalúrgica aposta em preservar. Atualmente está a finalizar a implementação de um sistema para registar aspetos técnicos que, até ao momento, se encontravam maioritariamente na cabeça das pessoas.

“Falamos do conhecimento que foi gerado por anos de experiência, muitas vezes por tentativa e erro, e que hoje contém dados fulcrais para a produção de produtos, nomeadamente algumas ferramentas para a execução.”

O Formasbook d' A Metalúrgica

O Formasbook d’ A Metalúrgica. “Os outros têm o Facebook e nós temos o Formasbook. Informal, divertido, colado na parede e só nosso!”, diz Raquel Santos.

A empresa recolheu esse conhecimento junto dos “mestres” e documentou-o, colocando a informação nas fichas técnicas dos produtos. Esta informação é também inserida automaticamente nas ordens de fabrico quando são emitidas após a entrada da encomenda. Cabe à Direção Técnica e à Direção de Produção trabalhar em conjunto para que a informação se mantenha correta, completa, detalhada e acessível a todos aqueles que dela necessitam.

Essa informação é está disponível numa ferramenta que assenta no software de gestão de produção GPAC (Gestão de Produção Assistida por Computador), um ERP “capaz de conter e processar uma quantidade de dados muito significativa, compilando o nosso conhecimento com sistemas avançados de gestão da produção”.

De acordo com Raquel Santos, os “mestres” gostaram muito de partilhar o seu conhecimento: sentiram-se valorizados e, com o conhecimento mais amplamente disponível, deixaram de gastar tanto tempo a partilhá-lo diretamente, um a um, com outros colegas.

Há muitos funcionários há muito tempo na empresa, mas a empresa tem crescido e isso, obviamente, significa que tem havido novas pessoas a entrar.

Para além dos habituais processos de acolhimento, e até há muito pouco tempo, A Metalúrgica confiava em abordagens menos formais de transferência de conhecimento dos colaboradores mais experientes para os novos colegas. Contudo, a empresa percebeu a necessidade de desenvolver práticas mais organizadas para assegurar esta transferência. “Estamos inclusivamente a fazer uma parceria com a FPCEUP (Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto), que se iniciou no mês passado com o trabalho de mestrado de uma aluna que aborda especificamente as questões relacionadas com a transferência do saber”, diz Raquel Santos.

Em 2016, o volume de faturação d’ A Metalúrgica foi de 5,2 M€ sendo que 95% provêm da exportação para países nos 5 continentes.

O sucesso desta empresa está, em grande parte, associado à vontade que tem de aprender com experiências passadas: retendo e reaplicando o que teve sucesso, e analisando os insucessos para não se repitam. “Comunicamos vitórias, partilhamos desafios, exploramos juntos as (poucas) reclamações dos clientes, no sentido de nos melhorarmos continuamente.”

Mas o sucesso tem também dependido da sua capacidade de inovar, apesar dos desafios que advêm de uma empresa onde as pessoas permanecem durante muitos anos: o conforto do “sempre foi assim”, “o pararem de se questionar e de questionar as hierarquias”.

A Metalúrgica já fez a atualização da sua certificação ISO 9001 para a versão de ISO 9001:2015. “Trabalhámos arduamente durante 1 ano para preparar uma transição suave e completa”. Um dos desafios da nova versão da norma foi, justamente, a documentação do conhecimento que está na cabeça dos gestores com o objetivo de potenciar novas oportunidades e gerir os riscos inerentes ao trabalho.

Apesar do trabalho árduo, esta não terá sido uma transição demasiado difícil para uma empresa que tanto reconhece o valor estratégico do conhecimento dos seus “recursos preciosos”: os colaboradores.

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