Work 2.0 é uma nova versão do contrato de trabalho que assegura que você, enquanto líder, não se esquece do “tempo, atenção, ideias, conhecimento, paixão, energia, e redes sociais” dos seus empregados. De facto, os seus empregados estão a investir todos estes bens em si e na sua organização e exigem resultados a curto prazo. Tal como você!
O novo contracto tem vinte artigos. Os primeiros nove concentram-se nas condições básicas, tais como salários e benefícios, e pedem que os líderes prestem atenção às paixões e às experiências dos seus empregados. Também convidam os líderes a entender que a dedicação e o investimento das pessoas depende dos retornos oferecidos pela empresa.
Algumas das medidas usadas para avaliar o retorno pessoal do investimento são:
- o quão fácil é causar um grande impacto;
- quanto tempo é passado a fazer trabalho importante;
- quanto e quão rápido se pode aprender;
- quão provocador, recompensador, e excitante permanece o trabalho;
- quanto sucesso e balanço pessoal se consegue;
- quão bem, ou mal, o líder usa os bens que os seus empregados lhe oferecem.
As alíneas do novo contracto dão mais poder e liberdade aos empregados mas, ao mesmo tempo, atribuem-lhes muito mais responsabilidades.
Jensen identifica quatro forças que irão criar crescentes responsabilidades para os líderes e para as organizações:
- a revolução dos bens (asset revolution) – os empregados exigem que os líderes tenham capacidades para criar equipas e para ajudar, ferramentas e fluxos de informação fáceis de usar, um ambiente de aprendizagem rápida, e boa comunicação;
- My Work My Way (o meu trabalho à minha maneira) – “Conhece-me. Conhece o meu trabalho. Conhece as minhas necessidades. Conhece como me ajudar.” Isto é a personalização levada aos limites;
- valor da interacção entre colegas (peer-to-peer) – o valor resultante da colaboração entre colegas irá ditar o sucesso das organizações;
- liderança extrema – os líderes confiam a sua vida ao talento dos seus empregados e às ferramentas existentes. Os líderes são outro elemento da equipa e não têm medo de arregaçar as mangas.
Uma das coisas boas deste livro são os passos iniciais que o autor sugere. Por exemplo, e para os empregados, Jensen sugere que eles circulem o contracto, que perguntem novas questões aos seus chefes, que avaliem a eficácia do novo contrato na sua organização, que identifiquem as pessoas que na organização mais facilmente os ajudariam, e que falem sempre a verdade a quem está no poder.
Alguns dos conselhos oferecidos aos líderes são:
- pergunte-se continuamente se está a mudar o suficiente de forma a demonstrar o seu respeito e confiança nos seus empregados;
- preste atenção;
- dê às pessoas assuntos mais interessantes e úteis sobre que falar (dessa forma irão colaborar mais);
- não se esqueça das redes sociais invisíveis (onde se podem incluir três tipos de pessoas: os hubs, os porteiros, e os pulsetakers);
- não evite o diálogo nem tema as questões dos seus empregados;
- enfrente as questões extremas e procure tarefas extremas;
- comece pequeno e depressa;
- acompanhe os resultados das suas acções;
- observe, meça e discuta o que é importante para as pessoas; e,
- assegure-se que os seus empregados podem responder sozinhos a estas questões sobre cada projecto: em que é que isto é relevante para o meu trabalho?, quais são as minhas próximas tarefas?, o que significa o sucesso e a derrota neste projecto?, que ferramentas e suporte está disponível?, e quais são os benefícios para mim?.
Outra coisa boa do livro são as histórias que o autor conta: histórias reais, sobre pessoas reais, a trabalhar em organizações reais, e que usam o novo contracto para produzir trabalho mais interessante e mais eficaz.
E, quando pensa que o livro acabou, já depois do índex, o autor regressa para nos contar os 55 momentos na história do trabalho que nos conduziram até ao novo contracto. Uma boa dose de bom humor mesmo até ao fim.
Não há muitos livros como este: divertido, com um bom design, rico, e provocante. Jensen mantém-nos como um sorriso nos lábios e a mente ocupada no virar de cada página.
Dirigido a líderes dispostos a questionar os seus comportamentos e a crescer enfrentando novos desafios, o livro é também uma boa provocação para qualquer outra pessoa. Contudo, o autor deixa uma mensagem: não leia este livro pensando como seria bom se o seu chefe também o lesse – pense antes que é responsabilidade sua, questionar e mudar o que existe em busca de um ‘existirá’ melhor.
Sobre o livro:
Work 2.0: Rewriting the Contract
Bill Jensen. Perseus Publishing, EUA, 2002.