Simplicidade é “a arte de tornar claro o que é complexo”, é poder fazer menos do que não interessa, e mais do que interessa. “Simpicidade” é um livro simples sobre coisas simples.
Simplicidade existe quando:
- “o tempo é organizado de forma a fazer coisas e pensar”;
- as pessoas confiam que a empresa as ajuda a trabalhar de forma mais inteligente;
- as empresas permitem às pessoas navegar por escolhas infinitas.
O autor conta a história do estado actual do trabalho e ajuda a perceber o que frustra os nossos esforços.
O autor recorre várias vezes a um estudo levado a cabo pela sua empresa e co-patrocinado pela Northern Illinois University. Este estudo considerou 2500 executivos, gerentes e funcionários e procurava entender como é que as pessoas descobrem o que precisam fazer. Um dos resultados desse estudo é uma lista das principais fontes de complexidade: por causa delas, algumas pessoas estariam dispostas a mudar de emprego sem qualquer vantagem salarial. As quatro primeiras dessa lista são:
- integração da mudança;
- metas e objectivos pouco claros;
- falta de comunicação destinada à tomada de decisões;
- demasiado trabalho para obter o que se necessita.
O processo para eliminar alguma da complexidade passa por empregar melhor o tempo, planear o trabalho, comunicar, ouvir apenas o que interessa, e fazer sentido do conjunto.
O autor sugere cinco blocos de construção para maximizar o uso do tempo:
- conhecer (as coisas verdadeiramente importantes);
- sentir (pensar e planear a experiência);
- usar (pensar nas ferramentas e recursos necessários);
- fazer (criar e gerir expectativas); e,
- obter sucesso (criar uma visão transmissível do que quer alcançar).
Cada um destes blocos é descrito com algum detalhe.
O capítulo 5 prepara-nos para conversas sobre planos e aconselha duas ferramentas com base nos cinco blocos.
O modelo de comunicação comportamental descrito por Jensen considera a resposta a cinco questões:
- qual a relevância disto para o que faço?;
- o que, especificamente, devo fazer?;
- como serei avaliado e quais as consequências?;
- que ferramentas de apoio estão disponíveis?; e,
- o que ganho com isso?
Diz o autor que a pergunta mais comum é a que diz respeito às ferramentas, isto é, ao apoio existente.
Para que se consiga identificar o conteúdo relevante, diz o autor que se pode adoptar uma característica de vítima, pragmática, ou proactiva e que se deve prestar atenção aos seguintes aspectos:
- a ligação com o que faço;
- o que necessito fazer como resultado disto;
- as expectativas;
- a possibilidade de as coisas serem feitas; e,
- quais os benefícios.
As narrativas como ferramenta são apresentadas no oitavo capítulo.
Jensen conta a história de algumas organizações que descobriram como melhorar os resultados, abordando as situações de forma mais inteligente. Apresenta também exemplos de organizações onde a forma como o conteúdo é apresentado faz a diferença. É vital que o conteúdo seja facilmente encontrado. A navegabilidade é chave e deve dar máxima liberdade ao utilizador.
Todo o livro está escrito de forma a provocar o leitor. Perguntas directas, que nos fazem pensar e rever a forma como abordamos o trabalho no dia-a-dia. O autor oferece-nos algumas ferramentas e dicas para que possamos rumar em direcção à simplicidade, eliminando a complexidade do nosso trabalho e do trabalho daqueles com quem interagimos.
Para um livro que professa a simplicidade peca, contudo, por não ter uma ordem constante dos elementos habituais. Quase todos os capítulos têm uma moral e algumas ideias de como começar: seria mais simples encontrar estes elementos se estivessem sempre na mesma posição dentro de cada capítulo. Há, porém, que reconhecer a informação oferecida ao leitor para que seja mais fácil navegar livremente pelos vários capítulos.
É um livro de agradável leitura e que oferece alguns bons conselhos para simplificar o nosso trabalho, o trabalho dos nossos companheiros, e o trabalho das organizações em geral.
Sobre o livro:
Simplicidade
Bill Jensen. Editora Campus, Brasil, 2000.
OOps, acabei achando!
Esta frase: “abordando as situações de forma mais inteligente.”
Isto faz sentido para ser um dos mandamentos de Gestão do Conhecimento.
Ufa!
Finalmente um diamante.