Este livro é o primeiro da colecção de cadernos CRIE intitulada “A Prática da Gestão do Conhecimento”. Este primeiro volume é dedicado ao sector público focando em duas organizações públicas brasileiras: a Rioluz e a EMAE. Cada organização foi objecto do trabalho final de alunos do MBKM (Pos-graduação lato sensu em Gestão do Conhecimento e Inteligência Empresarial). Este curso é realizado pelo Centro de Referência em Inteligência Empresarial (CRIE) da Coordenação dos Programas de Pos-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – COPPE/UFRJ com o Centro de Tecnologia em Administração e Negócios do SENAC – São Paulo.
O primeiro texto, assinado por Fernando F P Pereira e Siclinda Omelczuk debruça-se sobre a Rioluz, “a empresa pública do município do Rio de Janeiro responsável pela implementação e manutenção do sistema de iluminação pública da cidade”. O projecto realizado pretendeu mapear o conhecimento do processo de reparo de lâmpadas apagadas, dando ênfase ao capital intelectual e de relacionamento.
Os autores começam por oferecer um enquadramento ao projecto, falando da função, história e âmbito de actuação da Rioluz. Falam também sobre o perfil dos trabalhadores e da estrutura organizacional, aproveitando para caracterizar a organização como bastante burocrática e hierárquica.
Depois da análise estratégica da organização e de uma passagem pelos indicadores de qualidade de serviço considerados, Pereira e Omelczuk referem o facto de as técnicas usadas variarem de acordo com a equipa, não havendo partilha de melhores práticas nem fontes de aprendizagem adequadas.
Para mapear o conhecimento, foi feita uma análise do capital intelectual, estrutural e de relacionamento necessários a um processo ou actividade, oferecendo-se uma explicação dos valores e dos níveis de capital, bem como um dicionário dos mesmos.
Este texto termina com a análise dos resultados obtidos e com algumas sugestões para actividades imediatas, de curto e/ou de médio prazo. Tanto a análise como as sugestões são bastante interessantes e são uma óptima conclusão para um texto de fácil leitura, relevante e, acima de tudo, com o detalhe suficiente para poder ajudar os leitores.
O segundo projecto, realizado por José A U C Ferreira e Luiz E A Cunha junto da EMAE – Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. (empresa de economia mista controlada pelo Governo do Estado de São Paulo), constituiu um projecto piloto na área de Gestão do Património Imobiliário.
Também neste texto os autores começam por apresentar a organização, falando da sua missão, visão, objectivos e estrutura.
Este projecto considera também as diferentes actividades do processo em causa (gestão do património imobiliário) mas centra-se, sobretudo, na criação de um repositório de documentos e na extracção de conhecimento estratégico a partir desses documentos.
Embora não ofereça uma visão tão rica e completa da gestão de conhecimento como o projecto da Rioluz, este trabalho é bastante relevante para as organizações que pretendem introduzir um processo de gestão electrónica de documentos (GED). Os autores apresentam os sete passos para a criação de um repositório de documentos, listam os benefícios da GED e apresentam os cinco passos para a sua implantação.
As diferenças entre document management (gestão de documentos) e document imaging são também consideradas neste texto, sendo listadas as vantagens da digitalização de documentos, bem como os passos desse processo e os dispositivos de hardware disponíveis.
Embora com um foco muito diferente do primeiro e com uma abordagem necessariamente distinta, é um texto igualmente interessante mas provavelmente destinado a uma audiência mais técnica.
Fico a aguardar os outros volumes desta colecção de cadernos, esperando que a criatividade dos autores e o foco dos diferentes projectos seja suficiente para continuar a compensar o facto de a metodologia usada ser sempre a mesma (a sugerida no curso MBKM).
Sobre o livro:
A Prática da Gestão do Conhecimento em Empresas Públicas – vol I
Fernando F P Pereira et al. e-papers, Brasil, 2002.