Collective Knowledge: Intranets, Productivity and the Promise of the Knowledge Workplace (Robert Marcus e Beverly Watters, 2002)

Collective Knowledge: Intranets, Productivity and the Promise of the Knowledge Workplace

Collective Knowledge - capaEste livro é uma mistura de insights muito interessantes sobre o trabalho do conhecimento e as motivações económicas e tecnológicas para as intranets. O último aspecto ter-se-ia provado bastante útil não tivessem os autores mostrado as intranets de mãos dadas com a descarada propaganda do seu produto, recomendando as soluções da Microsoft como a plataforma-solução para todas as intranets. A minha preocupação é que a solução explorada pelos autores possa ter sido regulada pela decisão de referenciar o seu produto.

O livro está dividido em quatro secções. O primeiro capítulo da primeira secção é redundante. Intitulado “From Cuneiform to Intranets: Getting Here from There”, se estivesse interessada na história da evolução da gestão de informação, até poderia revelar-se interessante. Suspeito, no entanto, que muitos dos leitores que pegam neste livro não estão à procura do percurso que o Homem percorreu para a captura de informação. Pessoalmente não tenho qualquer interesse em imagens de papírus e tubos de raios catódicos.

O capítulo 2 é uma introdução às intranets, que oferece insights sobre a actual importância das intranets e sobre a sua próxima geração. O terceiro capítulo também oferece umas perspectivas interessantes sobre portais e o lugar que têm no mercado para dar resposta a trabalhadores do conhecimento que requerem colaboração, gestão e descoberta de informação através da web.

O capítulo 5 define intranets como um dos blocos fundamentais do local de trabalho do conhecimento. Contudo, o capítulo intitula-se ‘Microsoft Solution for Intranets’. Dado que os autores estão a produzir um livro sobre a alçada da Microsoft, pode argumentar-se que teria de haver um espaço dedicado à ferramenta oferecida por esta empresa. Contudo, este capítulo é apenas um dos que fazem referência à arquitectura proprietária da Microsoft.

Eu recomendaria a segunda secção: ‘The Culture of Knowledge’. Contém observações relevantes sobre actuais tendências do conhecimento e sobre o que é um trabalhador do conhecimento. Por exemplo, o capítulo 6 identifica as características dos trabalhadores do conhecimento e os seus tipos de actividade, por exemplo criar, colaborar, descobrir, reciclar e comunicar conhecimento. Também resiste à tentação de sugerir que a tecnologia é a dinâmica necessária para o trabalho do conhecimento, dizendo que “[s]ão as pessoas que fazem o trabalho do conhecimento” (p92). Os autores exploram depois as sete máximas para o mercado de trabalho do conhecimento e observam que, para manter com sucesso o capital de conhecimento de uma organização, os velhos paradigmas da gestão têm de ser transformados, conduzindo a organização para uma situação onde todos podem beneficiar através da partilha de conhecimento (p101). Esta secção teria beneficiado da inclusão de alguns casos de estudo – há muitos disponíveis.

A terceira secção (‘How Intranets Add Value’) olha para o valor de negócio e para o potencial das intranets enquanto facilitadoras de conhecimento. Olha também para a emergência do trabalhador do conhecimento como o motor dos países em desenvolvimento. Recorrendo a quatro perfis de retorno de investimento, considera diferentes cenários que existem no mercado de trabalho do conhecimento e que descrevem práticas quotidianas de negócio. A secção considera depois de que forma estes cenários podem ser suportados por intranets e usados para identificar benefícios de produtividade, comunicação e colaboração. O nono capítulo utiliza casos de estudo para descrever quatro intranets – todas soluções da Microsoft, claro! Apesar disso, identifica os aspectos possíveis através de uma boa intranet: colaboração, partilha de conhecimento e redução de silos isolados de informação.

A secção 4 (‘Making Intranets Work: Planning and Beyond’) fala sobre como assegurar os benefícios de uma intranet organizacional e como planear estratégias para a posicionar como uma confiável ferramenta de negócio. Oferece algumas boas razões para o fracasso de algumas intranets e cita que a estimativa do tempo perdido em todo o mundo devido a intranets sub-óptimas é de $1 trilião. As intranets podem sofrer o que eles chamam o destino dos enteados, isto é, podem ser ignoradas e mal subsidiadas. Os autores dizem ainda que muitas intranets são conchas obrigatórias com falta de direcção e suporte e que, por isso, têm pouco valor. Dizem ainda que a melhor forma de avaliar a mistura de conteúdo e serviços é falar directamente com os utilizadores. Embora isto não deva ser novidade para aqueles com um mínimo de experiência em intranets, às vezes é bom repetir que qualquer intranet necessita de aprovação e suporte tanto das camadas de baixo como das camadas de topo da organização.

Marcus and Watters concluem que as intranets continuam a evoluir em funcionalidade e que as intranets, extranets e a internet podem deixar de existir em separado à medida que as fronteiras entre as redes públicas e privadas se esbatem. No geral, o livro aproxima de forma coerente a utilidade das intranets com o trabalho do conhecimento na economia do conhecimento. O livro ignora os aspectos mais intangíveis, por exemplo como é que as intranets podem promover comunidades de prática e que retorno de investimento se pode esperar de uma intranet. Recomendo vivamente que, antes de iniciar um capítulo o leitor recorra aos pequenos resumos no final de cada capítulo. Estes úteis sumários permitem assim que seleccione apenas os capítulos que mais lhe possam interessar.

(Tradução de Ana Neves)

Collective Knowledge - capaSobre o livro:
Collective Knowledge: Intranets, Productivity and the Promise of the Knowledge Workplace
Robert Marcus e Beverly Watters. Microsoft Press, EUA, 2002.

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