Organizational Knowledge and Technology: An Action-Oriented Perspective on Organization and Information Systems (Rodrigo Magalhães, 2004)

Organizational Knowledge and Technology: An Action-Oriented Perspective on Organization and Information Systems

Organizational Knowledge and Technology - capaEste livro debruça-se sobre sistemas de informação e tecnologias de informação (SI/TI) no contexto das organizações e da sua gestão, e baseia-se na pesquisa que Rodrigo Magalhães realizou no decurso do seu doutoramento.

Os sistemas de informação (SI), relacionados com as ciências de gestão e organizacionais, “são os meios pelos quais organizações e pessoas, usando tecnologias de informação, reunem, processam, guardam, usam e disseminam informação” (p 2).

As tecnologias de informação, que se aproximam da engenharia de software e ciências de computação, são apresentadas como a) artefactos materiais, e b) as actividades humanas que desenham e utilizam esses artefactos.

As aplicações de TI são muitas vezes desenvolvidas e implementadas sem que se entendam outros potenciais requisitos e sem um propósito estratégico. Esta é a raíz da grande maioria dos fracassos no desenvolvimento e aplicação das TI. Isto significa que a responsabilidade é da gestão de topo.

Um dos principais argumentos deste livro é que o paradigma orientado para a tecnologia está a dar lugar a uma framework englobante e orientada para a acção que pretende integrar as TI e as estruturas sociais das organizações. Tal significa que os sistemas de informação e as tecnologias de informação devem ser vistos como um só.

O livro também defende que a complexidade deve tingir a estratégia organizacional.

O segundo capítulo concentra-se no processo de integração de artefactos tecnológicos nas estrutura e processos sociais da organização. O capítulo explora ainda os quatro temas que explicam a abordagem organizacional aos SI/TI:

  • conhecimento organizacional;
  • novo alinhamento estratégico dos IS/IT;
  • nova necessidade de integrar a função IS/IT; e,
  • necessidade de uma nova orientação de mudança organizacional.

O terceiro capítulo analisa as principais escolas de pensamento em cognição humana. O capítulo leva-nos do indivíduo social para as redes sociais, onde dominam o caos, a complexidade e a autopoesis (auto-produção).

Se o Iluminismo é aceite como a primeira metamorfose da ciência, a Complexidade é a segunda. De acordo com Young (1991), a complexidade coloca variação, mudança, surpresa e imprevisibilidade no âmago da missão do conhecimento humano. “Os sistemas complexos são não-lineares e holísticos, o que significa que não só é impossível estabelecer relações definitivas de causa-e-efeito entre as variáveis que neles agem e interagem, como também que o nível de análise do sistema deve ser o comportamente combinado do elevado número de elementos que o compõem” (p 44). A Complexidade reflecte melhor sistemas dinâmicos e deve, por isso, ser preferida ao Reducionismo.

O capítulo seguinte explora os velhos e novos paradigmas organizacionais, i.e. processamento de informação versus criação de conhecimento, organizações como culturas vivas, climas e contextos, e emergência, auto-organização e linguagem.

O quinto capítulo é sobre o papel da gestão. Existe um buraco entre as abordagens top-down e bottom-up, um conflicto entre o propósito organizacional e o motivo individual. Contudo, quando combinadas, estas duas abordagens podem beneficiar da produção de acção de gestão e da formação de contextos organizacionais.

O sexto capítulo é sobre implementação SI/TI, descrita como “um processo (sem fim) de mudança intencionalmente gerido que visa a integração de artefactos tecnológicos nas estruturas e processos sociais da organização” (p 155). Esta implementação é analisada segundo perspectivas diferentes mas o holismo organizacional parece a mais adequada. Três tendênciais encaixam-se nesta perspectiva: poder político e organizacional, cultura e aprendizagem organizacionais, e maturidade e inovação organizacionais.

Uma útil tabela mapeia as perspectivas de infusão e difusão de SI/TI e as sub-perspectivas de contexto, conteúdo e processo.

O capítulo 7 revela muito mais das ideias do autor. Magalhães acrescenta ao que já foi dito e justifica a presença dos capítulos anteriores. Explora o alinhamento estratégico de SI/TI, que tem a ver com um melhor entendimento de uma questão complexa relacionada com a formação de contextos organizacionais, em conjunto com uma melhor capacidade de intervenção da gestão.

O autor inicia o capítulo mostrando-se insatisfeito com os modelos existentes de alinhamento estratégico e, como tal, sugere algumas formas de os melhorar.

Magalhães explora o conceito de governance corporativa de SI/TI e os seus participantes, refere que a infra-estrutura de SI/TI se assemelha à super-estrutura cultural, a força que molda uma organização, e sugere uma nova framework para a gestão e controle de SI/TI.

Uma das principais contribuições deste livro é a definição que Magalhães oferece de alinhamento estratégico de SI/TI que se baseia nas dinâmicas organizacionais, no pressuposto de que a infra-estrutura de SI/TI é um corpo endógeno, e que o alinhamento é um processo de mudança.

“O alinhamento estratégico de SI/TI é um processo contínuo de aprendizagem e mudança organizacional grandemente influenciado pelos contextos organizacionais relacionados com SI/TI moldados pelos valores de gestão relacionados com SI/TI e contidos na acção de gestão relacionada com SI/TI e que conduzem à co-evolução da estratégia organizacional e dos processos de infusão e difusão de artefactos de TI na organização.” (p 167)

O capítulo oito explora o desenvolvimento estratégico dos SI/TI e os seus componentes: criação de valor, processo de inovação, questões de competência, criação de conhecimento, e aprendizagem organizacional.

É um livro interessante que analisa a bibliografia disponível. Embora este seja o ponto forte do livro, pode ser também o seu ponto fraco para quem, como eu, vê o seu ritmo e fluxo de leitura interrompido pela enorme quantidade de referências bibliográficas. Para além disso, pessoalmente teria gostado de ter lido mais sobre as opiniões pessoais do autor que, infelizmente, só vêm verdadeiramente à tona nos três últimos capítulos.

É, na realidade, um livro para académicos que se interessam pela base teórica em que se assentam as aplicações práticas. É também ideal para quem precisa de um olhar rápido, extenso e bem-estruturado sobre várias perspectivas, teorias e paradigmas da aprendizagem organizacional, gestão, cultura, SI e TI.

Organizational Knowledge and Technology - capaSobre o livro:
Organizational Knowledge and Technology: An Action-Oriented Perspective on Organization and Information Systems
Rodrigo Magalhães. Edward Elgar, UK, 2004.

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