A inteligência competitiva é uma área de crescente importância para as organizações que querem competir no actual contexto económico. No entanto, as questões éticas criam muita especulação negativa em torno desta prática. Para além disso, muitas organizações não vêem ainda razão para investir. Este livro aborda estas questões, mas é também um guia prático para ajudar, no dia-a-dia, as organizações e profissionais que decidam apostar na inteligência competitiva.
O livro começa com uma reflexão sobre a importância de as organizações prestarem atenção ao mundo que as rodeia. A interacção no ambiente de negócios é um movimento contínuo entre actores e variáveis que afectam o negócio da organização. Essas variáveis, denominadas vigilâncias, podem ser políticas, tecnológicas, económicas, sociais, e legais.
O segundo capítulo define inteligência competitiva como sendo “um processo ético de identificação, coleta, tratamento, análise e disseminação da informação estratégica para a organização, viabilizando seu uso no processo decisório.” (p 28) e distingue-a da inteligência competidora, da business intelligence e da gestão de conhecimento. As autoras frisam entusiasticamente os aspectos éticos e legais que devem reger o sistema de inteligência competitiva e realçam que a ética é muito subjectiva e nem sempre fácil de verificar.
O terceiro capítulo descreve as cinco etapes de um sistemas de inteligência competitiva (identificação das necessidades de informação, colecta de informação, análise de informação, disseminação, e avaliação), oferecendo exemplos e principais dificuldades. Mais à frente, as autoras sugerem também ferramentas de tecnologias de informação que podem ajudar em cada uma dessas etapes.
Um sistema de inteligência competitiva tem o propósito de transformar “os dados em informação e esta em inteligência activa” (p 23) e pode ser usado para:
- aprender e antecipar mudanças no ambiente de negócio
- descobrir concorrentes novos ou potenciais
- antecipar acções dos concorrentes
- auxiliar a abertura e definição de um novo negócio
- suportar exercícios de fusão, aquisição e alianças estratégicas.
O capítulo quatro fala dos profissionais envolvidos no sistema de inteligência competitiva, nomeadamente das suas funções e características pessoais.
De seguida, as autoras reflectem sobre o panorama da inteligência competitiva no Brasil. Embora ainda não seja uma prática muito disseminada, várias empresas começam já a investir. Estas empresas são, muitas vezes, filiais de multinacionais, mas as autoras referem organizações 100% brasileiras que já se aperceberam da importância desta prática.Para terminar, Gomes e Braga apresentam dois casos reais de aplicação (a PET FÁCIL, S.A. e o Banco Regional S/A) e listam três regras fundamentais para o sucesso dos resultados: constância (continuidade), longevidade, e envolvimento.
O livro começa num tom paternalista e professoral. Tendo resistido à tentação de pousar o livro, constactei com alegria que o tom se altera e se transforma num de partilha aberta de experiências e conhecimento entre colegas.
Este livro, já na segunda edição, tem sido um sucesso. Lendo-o, percebe-se porquê. Pequeno, directo, prático e de fácil leitura, Inteligência Competitiva é um achado para quem deseja começar e não sabe como.
Sobre o livro:
Inteligência Competitiva: Como Transformar Informação em um Negócio Lucrativo (2ª ed)
Elisabeth Gomes e Fabiane Braga. Editora Campos, Brasil, 2004.
gostei
Mas estou precisando saber sobre o mercado de trabalho na área da informação ( o que é mercado de informação, profições, interdissiplinaridade, perspectivas, pontos críticos e outros pontos.
obrigado
Tulio, escrevi há poucos dias um post com uns apontadores que penso lhe poderão ser úteis (para um site que fala da carreira profissional da gestão de conhecimento).
Sugiro ainda o livro “The Knowledge Management Fieldbook” (Williams e Bukowitz, 2001) que fala em várias funções relacionadas com a gestão de conhecimento.
Para além disso, pode dar uma olhada na descrição de funções de uma vaga que abriu recentemente na PricewaterhouseCoopers em Portugal.
Espero que estes links sejam um bom ponto de partida.
É um assunto muito interessante.A competitividade sempre irá existir … è bom que conheçamos estratégias para nos protegermos desse leão .
E para poder estar competindo com, não apenas com o que chamaram tigres asiáticos , mas com os donos do também chamado capitalismo selvagem, há que estar dominando o idioma inglês. Ganha a empreitada quem é mais esperto para aprender mais rápido.